Quem é o sujeito da experiência?
Obs: Trecho do livro “Um novo mundo: O despertar de uma nova consciência” de Eckhart Tolle
“O que vemos, escutamos, provamos pelo paladar, tocamos e cheiramos são, evidentemente, objetos dos sentidos. Eles são aquilo que experimentamos. Mas quem é o sujeito, aquele que vivencia a experiência? Se dissermos, por exemplo, “É claro que eu, João da Silva, contador, de 45 anos de idade, divorciado, pai de dois filhos, brasileiro, sou o sujeito, aquele que vivencia a experiencia”, estamos enganados.
João da Silva e todos os elementos identificados com o conceito mental dessa pessoa são todos objetos da experiência, e não o sujeito que a está vivenciando.
Toda experiência possui três ingredientes possíveis: percepção dos sentidos, pensamentos ou imagens mentais e emoções. João da Silva, contador, 45 anos de idade, divorciado, pai de dois filhos, brasileiro, esses são todos pensamentos e, portanto, fazem parte do que nós sentimos no momento que os temos. Eles e qualquer outra coisa que possamos dizer e pensar sobre nós são objetos, não o sujeito.
São a experiência, e não aquele que vivencia a experiência. Podemos acrescentar mais umas mil definições (pensamentos) sobre quem nós somos e, ao fazermos isso, certamente aumentaremos a complexidade da experiência de nós mesmos. No entanto, dessa maneira, não chegaremos ao sujeito, que é anterior a toda experiência, mas sem o qual elas não existiriam.
Então, quem é aquele que vivencia a experiência? Somos nós. E quem somos nós? Consciência. E o que é consciência. Essa pergunta não pode ser respondida. No momento em que a respondermos, vamos falsificá-la, transformá-la em outro objeto.
A consciência, termo tradicional para aquilo que é espírito, não pode ser conhecida no sentido comum dessa palavra e tentar perseguí-la é bobagem. Todo conhecimento se encontra no âmbito da dualidade – sujeito e objeto, o conhecedor e o conhecido. O sujeito, o eu, o conhecedor sem o qual nada seria comhecido, percebido, pensado ou sentido, deve permanecer para sempre incognoscível. Isso porque o eu não tem forma. Apenas as formas podem ser conhecidas. E, ainda assim, sem a dimensão sem forma, o mundo das formas não poderia existir. Esse é o espaço iluminado no qual o mundo surge e desaparece. Ele é a vida que Eu Sou. É eterno. Eu Sou eterno, perpétuo. O que acontece nesse espaço é relativo e temporário: prazer e dor, ganho e perda, nascimento e morte.
O maior impedimento a descoberto do espaço interior, a principal barreira a descoberta daquele que tem a experiência, é nos tornarmos tão subjugados pela experiência que acabemos perdido nela. Isso significa que a consciência está desorientada em seu próprio sonho. Somos arrebatados por todo pensamento, por toda emoção e toda sensação a tal ponto que, na verdade, nos encontramos num estado de sonambulismo. Essa tem sido a situação normal da humanidade por milhares de anos.
Embora não possamos conhecer a consciência, somos capazes de nos tornar conscientes dela como nós mesmos. Temos como senti-la diretamente em qualquer situação, não importa onde estejamos.”
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