Nesse artigo selecionei alguns dos principais trechos do livro “Emoções: Liberte-se da Raiva, do Ciúme, da Inveja e do Medo” do OSHO. É um que explica sobre como podemos transformar essas emoções “negativas” e experienciar, por meio dessa transformação, estados mais elevados de consciência.
O legal desse livro é que ele passa várias práticas para transformarmos nossas emoções (eu coloquei essas práticas no final desse post).
Bom, vamos começas entendendo sobre o que são as emoções e quais são as características do medo, da raiva, inveja e ciúmes:
A natureza das emoções
Por causa do tumulto de nossa mente, tanto dos nossos pensamentos quanto emoções, não conseguimos perceber nossa verdadeira natureza.
As emoções não podem durar para sempre. É por isso que elas se chamam emoções. A palavra vem de “moção” que significa movimento. Elas se movem; daí serem emoções. Você vive passando de emoção em emoção.
O senso comum diz que o coração é a fonte das emoções e sentimentos. Mas o coração é só um sistema do bombeamento. Tudo o que você pensa, imagina ou sente está contido na mente. As emoções são tão mentais quanto pensamentos.
A mente é um grande fenômeno; ela abrange o pensamento conceitual, os padrões emocionais e os sentimentos. Nenhuma dessas coisas que existem na sua mente é sua; você está além delas. Você se identificou com elas. Mas o ato de testemunhar está separado de ambos. Você não é a mente nem o corpo.
Existe uma testemunha em algum lugar dentro de você que pode ficar observando a mente, as emoções, as reações psicológicas. Essa testemunha é você. A sua mente sente dor, sente sofrimento, sente todos os tipos de emoção, apego, desejo e anseio, mas tudo isso é projeção da mente. Por trás da sua mente está o seu eu verdadeiro.
As diferenças entre emoções positivas e negativas
Se você está com raiva então fique com raiva e não julgue, dizendo que isso é bom ou mal. E esta é a diferença entre as emoções positivas e as negativas: se você tomar consciência de uma certa emoção e ela se dissipar quando você tomar consciência dela, é porque ela é negativa.
Se, ao tomar consciência da emoção, você se tornar essa emoção, se esta emoção então se espalhar e se tornar o seu ser, ela é positiva. A consciência trabalha de forma diferente em cada um desses casos.
Se for uma emoção venenosa, você se livra dela por meio da consciência. Se ela for benéfica, alegre, extasiante, você e ela se tornam uma só. Então esse é o critério: Se algo se aprofunda com a sua consciência isso é bom. Se algo se dissipa com a sua consciência, isso é ruim. Tudo o que não pode ficar na consciência é pecado e tudo o que cresce na consciência é virtude
Não reprima suas emoções, Expresse-as!
A expressão é a vida, a repressão é o suicídio. Repressão faz com que a mente fique dividida. A parte que você aceita se torna o consciente, a parte que você nega se torna o inconsciente. Essa divisão não é natural. A divisão acontece por causa da repressão. E no inconsciente você continua jogando todo o lixo que a sociedade rejeita.
Por que o homem se reprime tanto e fica doente?
Porque a sociedade ensina que o homem tem de se controlar, em vez de se transformar, e o caminho da transformação é totalmente diferente.
Ao controlar, você reprime. Na transformação, você expressa. Mas não há necessidade de descarregar suas emoções sobre alguém, pois esse “alguém” é totalmente irrelevante. Da próxima vez que sentir raiva, dê sete voltas correndo em torno da sua casa e depois sente-se numa árvore e observe para onde sua raiva foi.
Você não a reprimiu, não a controlou , não a descarregou em cima de alguém, pois se a descarregasse, você estaria criando um ciclo vicioso, porque a outra pessoa é tão tola quanto você e tão inconsciente quanto você. Isso criaria um ciclo vicioso: ela descarregando a raiva sobre você e você descarregando a raiva sobre ela, e vocês virariam inimigos.
Não despeje a raiva sob ninguém. Faça o que você faz quando tem vontade de vomitar. Você não sai por ai vomitando sobre as pessoas. A raiva precisa de vomito. Você vai ao banheiro e vomita. Isso limpa o corpo todo! Se você reprime o vomito será perigoso.
A raiva é só um vomito mental. Havia alguma coisa errada com algo que havia dentro de você e todo o seu ser psíquico despejou isso para fora, mas não há porque despejar tudo sobre alguém.
Você tem de entender essas palavras, a distinção entre reação e resposta. A reação é dominada pela outra pessoa. Ela insulta você, você fica com raiva e então age levado por essa raiva. Isso é uma reação. Você não é uma pessoa independente; as pessoas podem fazer o que querem de você.
Você é facilmente afetado. Já a resposta nasce da liberdade, ela não depende de outra pessoa. A outra pessoa pode insultar você, mas você não fica com raiva, pelo contrário, você medita sobre o fato – por que ela está te insultando? Talvez ela esteja certa, talvez ela esteja errada.
A Raiva
Se você quer saber realmente o que é a raiva, sinta-a, Medite sobre ela. Sinta o gosto que ela tem de muitas formas diferentes, deixa que ela se aflore dentro de você, sinta toda a agonia, dor e aflição que ela causa, e o veneno, e como ela deprime você, cria um vale escuro em seu ser.
Sinta com ela o leva para o inferno, como um fluxo descendente. Sinta, conheça a raiva. E esse entendimento começara a provocar uma transformação em você. Quando conhece a verdade, você é transformado.
A verdade liberta, mas é preciso que seja a sua verdade. O que é a raiva?
A psicologia da raiva consiste no fato de que você queria algo e alguém impediu você de conseguir aquilo. Alguém se tornou um bloqueio, um obstáculo. Toda a sua energia estava fluindo para conseguir algo e alguém bloqueou essa energia. Você não conseguiu o que queria. Agora essa energia frustrada vira a raiva – raiva da pessoa que acabou com a possibilidade de você realizar o seu desejo.
A sua raiva é verdadeira, pois ela pertence a você – tudo o que pertence a você é verdadeiro. Então, encontre a fonte dessa raiva, saiba de onde ela vem. Feche os olhos e volte-se para dentro, antes que a raiva se perca – volte-se para a fonte – você chegará no vazio.
Mergulhe mais fundo ainda, vá mais para dentro, aprofunde-se até chegar a um ponto em que não exista raiva. Lá dentro, no centro, não existe raiva. De onde vem a raiva? Ela nunca vem do centro, ela vem do ego – e o ego é uma entidade falsa. Se mergulhar mais fundo, você descobrirá que ela vem da periferia, não do centro. Ela não pode vir do centro, o centro é vazio, absolutamente vazio.
A raiva vem apenas do ego. E o ego é uma entidade falsa criada pela sociedade. De repente você leva um tapa, isso fere o seu ego e você fica com raiva.
Você é a raiva em pessoa, porque reprimiu tanto a raiva que não existem mais momentos em que não esteja com raiva.; no máximo há momentos em que fica com menos raiva e momentos em que fica com mais raiva. Todo o seu ser foi envenenado pela repressão.
Até a raiva é bela se todo o seu ser puder senti-la, se cada fibra do seu corpo vibrar com ela. Na realidade, a raiva não é um fenômeno duradouro. Por sua própria natureza, ela á uma coisa momentânea. Se a raiva é de verdade, ela só dura alguns instantes, e, enquanto dura, se for autêntica, ela é bela. Uma coisa espontânea e verdadeira não pode machucar ninguém. Só o falso machuca.
Num homem que pode expressar a raiva com espontaneidade, a maré muda depois de alguns segundos e ele fica absolutamente relaxado no extremo. Ele se torna infinitamente amoroso. Do contrário, ele fica alimentando a raiva, revigorando-a.
A primeira coisa que eu sugiro é: Não se divida em dois. Eu sugeriria que você ficasse atento, mas essa hora ainda não chegou e nem pode chegar. Antes que você fique absolutamente atento, você tem de atravessar o inferno de todas as emoções negativas; do contrário elas ficarão reprimidas e irromperão a qualquer hora, num momento de fraqueza.
Viva cada emoção que sentir; ela é você. Ódio, vileza e desmerecimento, seja o que for, sinta isso de verdade. Primeiro de a emoção a chance de aflorar totalmente no consciente. Porém, você está reprimindo as suas emoções. Você acaba se ocupando de atividades no seu dia a dia e as obriga a ficar no seu inconsciente. Não é esse o jeito de se livrar delas.
Deixe que elas venham a tona – viva essas emoções, sofra com elas. Será difícil e aborrecível mas imensamente gratificante. Depois que tiver vivido essas emoções, sofrido com elas, aceite-as. Aceite-as que elas são você, que não foi você que se fez assim, então não precisa se condenar por isso, que é assim que você se encontra agora – depois que as viveu de modo consciente, sem nenhuma repressão, você ficará surpreso ao perceber que elas desapareceram por conta própria.
As forças que elas exercem sobre você ficou menor, elas já não o sufocam tanto.
Mas não entenda mal. Expresse suas emoções negativas, mas não publicamente! É assim que se distorcem as coisas. Se você está com raiva, vá para o seu quarto, feche a porta, bata no travesseiro, fique diante do espelho e grite para a sua própria imagem, diga coisas que você nunca diria a ninguém, mas sempre quis dizer.
Portanto, no momento em que sentir qualquer emoção negativa com relação a alguém, saiba que a outra pessoa não é o X da questão.
Não há necessidade nenhuma em descarregar sua raiva em alguém. Você pode ir ao banheiro, pode fazer uma longa caminhada – isso significa que há algo dentro de você que requer uma atividade rápida para que você se sinta aliviado. Basta fazer uma corrida cadenciada para se sentir aliviado. Com uma catarse de cinco minutos, todo o peso sairá de suas costas e, depois que souber disso, nunca mais descarregará sua raiva em cima de alguém, porque isso é pura bobagem.
A raiva e a tristeza são a mesma coisa
A tristeza é uma raiva passiva e a raiva é uma tristeza ativa. Se você conseguir deixar a pessoa triste com raiva, a tristeza desaparecera no mesmo instante. A pessoa com raiva acha muito difícil estar triste. Se você conseguir deixa-la triste, a raiva desaparecerá no mesmo instante.
Em todas as nossas emoções, a polaridade básica continua existindo – a do homem e mulher, a do ying e do yang, a do masculino e feminino. A raiva é masculina, a tristeza é feminina.
Seja qual for o caso, essa é a realidade. Aceite-a e deixe que ela se apresente – deixe que ela fique diante de você. Na verdade, não basta você dizer para não reprimi-la. Se me permite, eu gostaria de dizer que você a trate como uma amiga. Você está triste? Trate a tristeza como uma amiga.
Tenha compaixão por ela. A tristeza também é um ser. Consinta que ela exista, abrace-a, sente-se com ela, dê-lhe as mãos, trate-a como uma amiga. Tenha amor por ela. A tristeza é bela! Não há nada de errado com ela. Quem disse que você não pode ficar triste? Na verdade, só a tristeza dá a você profundidade.
A risada é superficial, a felicidade é superficial. A tristeza vai até os ossos, até a medula. Não existe nada tão profundo quanto a tristeza. Então não se preocupe, fique com ela e a tristeza o levará para o seu âmago mais profundo.
A escuridão também é boa e também é divina. Não só o dia pertence a Deus, a noite também.
Quando você vir raiva nas outras pessoas, mergulhe dentro de si mesmo e você descobrirá raiva alí; se você vir um ego muito grande nos outros, basta que se volte para o seu mundo interior para que encontre o ego instalado. O interior funciona como um projetor, os outros passam a ser telas e você começa a ver nos outros o que na verdade você mesmo é.
O único problema com a tristeza, com o desespero, com a raiva, com a falta de esperança, com a ansiedade, com a angústia, com a infelicidade, é que você quer se livrar dessas emoções. Essa é a única barreira.
Você terá de conviver com elas. Não pode fugir simplesmente. Elas são situações nas quais a vida tem de se integrar e crescer. São desafios da vida. Aceite-as. Elas são benção disfarçadas. Se quiser fugir delas, se quiser se livrar delas de algum jeito, você criará problema, pois quando quer fugir delas, você não olha para elas diretamente.
A raiva é energia – energia pura, uma bela energia. Quando ela irromper – preste atenção e vera um milagre acontecer, você terá uma surpresa – a maior da sua vida: descobrirá que se prestar atenção nela, ela desaparece. A raiva é transformada. Ela vira energia pura, vira compaixão, vira perdão, vira amor.
O que eu estou dizendo é que não é preciso que ninguém sofra. Basta que você preste atenção e fique consciente. A raiva surgirá e será consumida pela consciência. A pessoa não pode ter raiva se está consciente, não pode ter ganancia se está consciente e não pode ter inveja se está consciente. A consciência é a chave de ouro.
Procure entender por que a emoção aflorou, de onde ela está vindo, quais são as suas raízes, como ela acontece, como ela funciona, como ela domina você, como você enlouquece quando tem raiva. A raiva já aconteceu antes e esta acontecendo agora, mas acrescente um elemento novo a essa raiva, a compreensão, e ela mudará de figura.
Então, pouco a pouco, você perceberá que, a medida que esse compreensão aumenta, a raiva fica menos frequente. E quando você entendê-la completamente, ela desaparecerá.
Ninguém dirá nada a você, eles simplesmente continuarão rotulando as coisas: isto é bom e aquilo é ruim. Esses rótulos criam o sofrimento e o inferno. Portanto, é preciso lembrar de uma coisa: todo o buscador, todo o buscador da verdade, tem de entender uma coisa básica: fique com os fatos, procure conhecê-los. Não deixe que nenhuma sociedade force nenhuma ideologia sobre você.
Não olhe para si mesmo através dos olhos dos outros. Você tem olhos; você não é cego. E você tem os fatos de sua vida interior. Use os seus olhos! É isso que significa reflexão.
Volte-se para si mesmo sem nenhum preconceito, sem nenhuma suposição e olhe sua raiva. Deixe que a sua raiva lhe revele o que ela é. Não imponha sobre ela as suas suposições. E se, todos os dias, você descobrir a raiva na sua completa nudez, no que ela tem de hediondo, de ardência, de virulência, você acabará percebendo que conseguiu sair dela. A raiva de desvaneceu.
Qualquer tendência pode ser tratada desse modo, não importa qual. O processo é o mesmo, pois a doença é a mesma, só os nomes são diferentes.
Por que as pessoas ficam com raiva de você?
Elas não ficam com raiva de você, na verdade elas tem medo de você. E para esconder esse medo, elas projetam a raiva. A raiva é sempre uma tentativa de esconder o medo. Na raiva, o medo permanece oculto.
A raiva encobre o medo. Ao ficar com raiva, ela está querendo deixar você com medo: antes que você forme qualquer ideia sobre o medo dela, ela está tentando deixar você com medo. O único jeito é deixar você com medo, ai ela fica a vontade, Você fica com medo, e ela não – pois não há por que ficar com medo de um homem que está com medo.
A raiva das pessoas é uma tentativa de enganarem a si próprias. Não tem nada a ver com você.
Mas a raiva mostra simplesmente o medo, lembre-se sempre: a raiva é o medo de ponta cabeça. É sempre o medo que está escondido atrás da raiva, o medo é o outro lado da raiva. Sempre que você fica com medo, o único jeito de escondê-lo é ficar com raiva, pois o medo deixará você exposto. A raiva criara uma cortina a sua volta, atrás da qual você pode se esconder.
A Inveja e o Ciúme
A inveja é a comparação. E nós somos ensinados a comparar, fomos condicionados a comparar, a sempre comparar. Outra pessoa tem uma casa melhor, tem um corpo mais bonito, tem mais dinheiro, tem uma personalidade mais carismática. Compare, continue se comparando com todo mundo e vai haver inveja; a inveja é uma consequência do condicionamento para que você se compare.
Se você parar de fazer comparações, a inveja desaparece. Então você simplesmente saberá que você é você mesmo e mais ninguém e que não é preciso comparar. Você só se compara com seres humanos, porque foi condicionado a só se comparar com seres humanos; você não se compara com pavões ou papagaios. Do contrário, sua inveja ficaria maior ainda.
A comparação é uma atitude extremamente tola, porque cada pessoa é única e incomparável. Depois que você entende isso, a inveja desaparece. Você é só você mesmo: nunca houve ninguém como você antes, e nunca haverá. E você também não precisa ser igual a ninguém. Deus só criou originais. Ele não acredita em cópias.
Desde a mais tenra infância, toda a sociedade, toda cultura, toda religião, ensina o homem a se comparar. O que significa a inveja? Significa viver se comparando.
Quando eu digo para que você medite a respeito, quero dizer “observe”. Seja um cientista no seu mundo interior. Deixe que sua mente seja o seu laboratório, e observe – sem condenações. Lembre-se, não diga: “A inveja é ruim”. Quem pode saber? Não diga “A raiva é ruim”. Quem pode saber?
Sim você ouviu dizer, já lhe falaram isso, mas isso é só o que os outros dizem, não é a sua experiência – a menos que a sua experiência prove que isso é verdade, você não deve dizer “sim” ou “não” para alguma coisa. Você não pode fazer nenhum tipo de julgamento. O que acontece quando você observa sem nenhum julgamento? Você começa a ver a emoção de ponta a ponta. A inveja fica transparente. Você começa a ver a estupidez que é ter inveja, começa a ver a tolice disso.
Não é que você já tenha concluído de antemão que ela é uma estupidez; se fizer isso você não vai captar o espírito da coisa. Não estou dizendo para que você decida que isso é uma estupidez, uma tolice. Se você decidir, perdera a coisa toda. Basta que você observe, sem tomar nenhuma decisão. Só observe o que ela é. Que inveja é essa?
Que energia é essa que chama de inveja? E observe-a como se observasse um botão de rosa – simplesmente olhe para ela. Observe, contemple a inveja e ela ficará transparente e você saberá que ela é uma estupidez. Quando você souber disso, ela deixará naturalmente de existir. Você não precisa se livrar dela.
Inveja significa que outra pessoa tem mais do que você. Mas é impossível ser o primeiro em tudo.
Quem disse para você ter inveja de alguém que é mais inteligente do que você? De alguém que é mais forte do que você? De alguém que tem mais dinheiro do que você? Por que escolheu ser invejoso? A sua inveja acabará com sua energia desnecessariamente.
O Ciúme
Você não suporta ver, nem por um minuto, a outra pessoa feliz com outro alguém. Você logo pensa: “eu morreria para estar com ela”. As pessoas acham que sabem o que é o amor, mas elas não sabem. E esses mal entendidos sobre o amor causam o ciúmes.
Por “amor”, as pessoas entendem um certo tipo de monopólio, de possessividade – sem compreender um simples fato da vida: no momento em que você possui um ser vivo, você o mata.
A vida não pode ser possuída. Você não pode agarrá-la com as mãos. Se quiser tê-la, terá de ficar com as mãos abertas.
O ciúme, em si, não é a raíz. Você ama uma mulher, ama um homem. Você quer possuir esse homem ou essa mulher, só porque tem medo de que, amanhã, ele talvez troque você por outra pessoa. O medo do amanhã destrói o seu presente.
Se todos os seus dias são destruídos por causa do medo do amanhã, cedo ou tarde esse homem vai se interessar por outra mulher, pois você vai ser um aborrecimento. E quando ele começar a se interessar por outra mulher ou começar a sair com ela, você vai achar que estava certa por ter ciúmes. Na verdade, foi o seu ciúmes que causou tudo isso.
Então, a primeira coisa a se lembrar é: não se preocupe com o amanhã; basta hoje. Alguém ama você…faça com que esse seja um dia de alegria, um dia de celebração. Fique totalmente no amor hoje e essa totalidade e esse amor serão suficientes para que esse homem não se afaste de você. O seu ciúmes o afastará; só o seu amor pode mantê-lo com você; o seu ciúmes o afasta; o seu amor pode mantê-lo com você. Não pensa no amanhã.
No momento em que você pensa no amanhã, o seu vibrante dia de hoje fica sem graça. Viva simplesmente o hoje e deixa o amanhã de lado. Ele seguirá o seu próprio curso. E lembre-se de uma coisa: se o dia de hoje for uma experiência bela, como uma benção, o amanhã é fruto do hoje, então para que se preocupar?
Se algum dia o homem que você ama, a mulher que você ama encontrar outra pessoa – ser feliz é simplesmente humano, mas a sua mulher está feliz com outro homem – não faz diferença se ela é feliz com você ou com outra pessoa, o fato é que ela é feliz. E se você a ama tanto, então, por que destruir a felicidade dela?
A pessoa que ama de verdade sempre fica feliz se o ser amado é feliz com a outra pessoa. O seu ciúmes destrói tudo. A sua possessividade destroi tudo.
O ciúmes surge porque ainda não existe o amor; o ciúmes simplesmente mostra que o amor ainda não brotou, ele mostra a ausência do amor. Depois que o amor começa a fluir, o ciúmes e a possessividade e todo o resto deixam de existir. Você se surpreende ao perceber que eles se foram, você não consegue mais encontrá-los.
Minha abordagem é: não se preocupe com o ciúmes, do contrário você cairá numa armadilha da qual nunca conseguirá sair. Esqueça-o. Ele é sintomático; é simplesmente uma indicação. É bom que ele indique algo; ele é um sinal de que o amor ainda não aconteceu. Ele é bom!
Aprenda alguma coisa com ele, repare nele e comece a se voltar para o amor. Ame cada vez mais e o ciúmes será cada vez menor. Delicie-se com o amor e haverá cada vez menos ciúmes. A pessoa que ama de verdade não sabe o que é ciúmes. Portanto, agradeça ao ciúmes, pois ele simplesmente mostra que algo que tinha de acontecer ainda não aconteceu. Coloque mais energia no amor.
Em vez de gastar energia analisando o ciúmes e brigando com ele, coloque mais energia no amor. Do contrário, você perderá o rumo; começara a seguir o ciúmes e o ciúmes é um deserto – você nunca achará o seu fim.
Faça do amor uma grande celebração. Coloque toda sua energia no amor, sem pensar no futuro. Se estiver amando alguém, não se contenha.
Quando você ama uma pessoa, você confia que ela não sairá com mais ninguém. Se ela sair, é sinal de que não existe amor e não há nada a fazer. O ciúmes não faz parte do amor, o ciúmes faz parte da possessividade. A possessividade não tem nada a ver com amor, você quer possuir.
O Medo
Só existe um medo básico: todos os outros medos são consequências do medo principal que todo o ser humano carrega dentro de si. O medo é de se perder. Ele pode acontecer na morte, no amor, mas o medo é o mesmo. Você tem medo de se perder.
Descarte o medo da vida, porque ou você tem medo, ou você vive; só depende de você. E ter medo do que? Você não tem nada a perder, só tem a ganhar.
Se o medo tem um objeto, ele é um medo comum. A pessoa tem medo da morte – esse é um medo comum e instintivo, não há nada de mais nesse medo, ele não tem nada de especial. Se a pessoa tem medo de envelhecer ou ficar doente, ela tem medos comuns…banais.
O medo especial é aquele que não tem um objeto definido, que não tem razão para existir. O medo é natural, a culpa foi inventada pelos padres. A culpa foi inventada pelo homem. O medo é algo inerente, extremamente essencial. Sem medo, você não conseguiria sobreviver. O medo é normal.
Sua vida é preciosa e você tem de protegê-la; o medo simplesmente ajuda você. O medo é inteligente. Só os idiotas não tem medo.
Porém, o medo pode ficar anormal e patológico. Nesse caso, você fica com medo de coisas de que não precisa temer. Qualquer pessoa que vive com medo não vive de verdade, ela já está morta. O medo faz parte da morte, não faz parte da vida. Risco, aventura, explorar o desconhecido – é disso que se trata a vida.
Tudo tem energia: o medo, a raiva, o ciúmes, a inveja e o ódio. Você não se dá conta de que essas coisas estão consumindo a sua vida.
Então, tente entender os seus medos. E lembre-se de uma coisa: não apoie esses medos, eles são seus inimigos.
O medo da solidão
Ninguém quer ficar sozinho. Todo mundo quer pertencer a multidão – não apenas a multidão, mas a muitas multidões. Ela tem vários grupinhos a qual pertence.
A pessoa quer apoio vinte e quatro horas por dia, porque o falso não se sustenta sem apoio. No momento em que a pessoa fica sozinha, ela começa a sentir uma estranha loucura. Não se trata apenas do seu medo, trata-se do medo de todo mundo. No momento em que você está sozinho, o falso começa a se despedaçar e o verdadeiro reprimido começa a se expressar. Por isso o medo de ficar sozinho.
Você acredita que é alguém, e de repente, num momento de solidão, você começa a perceber que não é o que pensava. Isso dá medo. Então quem é você? Vai levar algum tempo até o verdadeiro se expressar. O intervalo entre os dois é chamado pelos místicos de “noite escura da alma” – uma expressão bem apropriada. Você não é mais o falso e ainda não é o verdadeiro. Você está no limbo. Ainda não sabe quem você é.
O Ocidente não sabe nada a respeito da meditação, e a meditação é só um nome para “ficar sozinho, em silêncio, esperando que o verdadeiro se firme”. Ela não é uma ação; ela é um relaxamento silencioso – porque qualquer coisa que você faça vira da sua personalidade falsa – anos de uma personalidade falsa imposta pelas pessoas que você amou, que você respeitou – e elas não tinha intenção de lhe fazer nenhum mal.
As intenções delas eram boas, elas só não tinha nenhuma consciência. Não era pessoas conscientes. E até mesmo boas intenções vindas de uma pessoa consciente podem ser um veneno.
Portanto, sempre que você está sozinho, surge um medo profundo, porque de repente o falso começa a se desmoronar, a desaparecer, e o verdadeiro vai demorar um tempo. Faz anos que você o perdeu. Você terá de levar em conta que essa lacuna tem de ser transposta.
A multidão é essencial para que o falso eu exista. No momento em que está sozinho, você começa a entrar em pane. É então que você precisa entender um pouquinho de meditação. Todas as técnicas de meditação ajudam você a acabar com o falso. Elas não dão a você o verdadeiro – ninguém pode dar isso a você. Nada do que possam lhe dar pode ser verdadeiro. O verdadeiro você já tem, basta jogar fora o falso.
A meditação é só a coragem de ficar em silêncio e sozinho. Bem devagarzinho, você começa a sentir uma nova qualidade em si mesmo, uma nova vivacidade, uma nova beleza, uma nova inteligência – que não é emprestada de ninguém, ela brota de dentro de você. Ela tem raízes na sua existência. E, se você não for covarde, isso fruirá, florescerá.
O medo é como a escuridão. O que você pode fazer com a escuridão, diretamente? Você não pode jogá-la fora, não pode atirá-la no lixo, não pode criá-la. Não existe nenhum jeito de você se relacionar com a escuridão sem acender a luz. O caminho da escuridão passa pela luz; se você quiser escuridão, apague a luz. Se não quiser, acenda a luz. Mas você terá de fazer algo com a luz, não com a escuridão.
Todos os medos podem ser reduzidos a um só: o medo da morte, o medo de que “Algum dia eu possa desaparecer, algum dia eu posso morrer; Eu existo e chegará um dia eu que eu não existirei mais” – isso apavora e esse é o medo.
Portanto, por causa do medo da morte, nós lutamos para ter segurança, para ter saldo bancário, para ter seguro de vida, para ter um casamento, para ter uma vida estável, filiamo-nos a um partido político, frequentamos uma igreja – somos hindus, católicos e muçulmanos. Todas essas são maneiras de encontrar segurança. São todas maneiras de se encontrar um lugar o qual pertencer.
Do que é feito o medo? O medo é feito da ignorância do próprio eu. Só existe um medo. Ele se manifesta de inúmeras maneiras – mas basicamente o medo é um só: o medo de que lá no fundo, você possa não existir. Coragem significa explorar o desconhecido, apesar de todos os medos. Coragem não significa destemor.
O destemor acontece a medida que você fica cada vez mais corajoso. Essa é a experiência absoluta da coragem – o destemor. Essa é a fragrância que surge a medida que a coragem tornou-se absoluta.
Mas no início. não há muita diferença entre o covarde e o corajoso. A única diferença é que o covarde dá ouvido aos seus medos e os segue e o corajoso deixa os medos de lado e segue adiante. A pessoa corajosa explora o desconhecido apesar de todos os medos. Ela sabe o que é ter medo, ele existe.
Simplesmente olhe para eles; basta esse olhar para que eles comecem a diminuir. Você nunca olhou para os seus medos, você fica fugindo deles. Você vive criando proteções contra eles, em vez de olhar diretamente nos olhos do medo. Mas não existe nada a temer; tudo o que é preciso é um pouco de consciência.
Portanto, sempre que existir um medo, pegue-o nas mãos e olhe para ele por um minuto, assim como um cientista olha para o seu objeto de estudo. Você vai ficar surpreso ao ver que ele começa a derreter como um floco de neve. Quando estiver olhando o medo em sua totalidade ele começa a desaparecer.
O medo aceito vira liberdade; o medo negado, rejeitado, condenado vira culpa.
A compreensão é o segredo da transformação
Procure ter uma compreensão um pouquinho maior de todos os seus sentimentos e emoções – eles tem um certo lugar na harmonia total do seu ser. Mas estamos quase cegos para as nossas potencialidades e dimensões. A atenção consciente é necessária, não é uma condenação – por meio dela a transformação acontece espontaneamente. Se você tomar consciência da sua raiva, a transformação acontece.
Basta que você observe, sem nenhum julgamento, sem dizer que aquilo é bom ou ruim. Feche os olhos e medite a respeito. Não lute, só olhe o que está acontecendo. A compreensão é o segredo da transformação. Se você conseguir compreender a raiva, na mesma hora se encherá de compaixão. Compreensão é a palavra chave para você se lembrar.
Só existe um jeito – nunca haverá outro. Só existe um jeito para entender que ficar com raiva é ser idiota; observe a raiva em todas as suas faces, fique alerta para que ela não o pegue desprevinido, continue atento, observando cada fase da raiva.
E você ficará surpreso ao ver que, a medida que a consciência com relação a raiva aumenta, mais a raiva começa a evaporar. E, quando a raiva desaparece, existe a paz. A paz não é algo que você conquista diretamente. Quando o ódio desaparece, surge o amor.
O amor também não é algo que você consiga atingir diretamente. Quando a inveja desaparece, surge uma profunda amizade por todos. Procure entender.
Mas todas as religiões corrompem a mente das pessoas, porque elas não ensinam como observar, como compreender – em vez disso, elas oferecem uma conclusão – “a raiva é ruim”. E, no momento em que você condena alguma coisa, você já se colocou numa posição de juiz. Você já julgou. Não pode mais ficar consciente.
A consciência requer que a pessoa fique em um estado de não julgamento. E todas as religiões ensinam o homem a fazer julgamentos: isto é bom, aquilo é ruim, isto é pecado, aquilo é virtude.
As outras pessoas só criam situações em que as coisas que estão escondidas dentro de você se expressam. Eles não são a causa; eles não estão causando algo em você. Seja o que for que esteja acontecendo, está acontecendo a você. Sempre existiu em você. Das fontes ocultas, aquilo se tornou aparente, manifesto. Sempre que isso acontecer, continue concentrado no sentimento; assim você terá uma atitude diferente em relação a tudo.
Não tente mudar o cenário, faça a gentileza de mudar você mesmo. Mudar de cenário nunca ajudou ninguém, nunca ajudou.
Métodos para ajudar você
Qual é o seu tema?
O meu método é muito simples. Simplesmente anote num diário, todos os dias, durante uma semana, o que ocupa a maior parte do seu tempo, com o que você fantasia a maior parte do tempo e para o que a sua energia se volta mais rapidamente. Simplesmente observando isso durante sete dias, anotando tudo em seu caderno, você descobrirá qual é a sua característica básica.
Essa descoberta já é metade do caminho.
Ela dá a você uma grande força, que é conhecer o inimigo.
1° Exercício: A transformação da raiva – Meditação no travesseiro
Duração: 20 minutos/ Horário: toda manhã.
A primeira providência para conseguir a transformação é expressar a raiva, sem despejá-la sobre ninguém, pois se fizer isso, você não poderá expressá-la plenamente. Tudo isso pode ser feito num travesseiro.
O travesseiro não vai reagir, nem vai processar você. O travesseiro não vai ficar com ódio de você. Não vai fazer nada.
A segunda providência é ficar consciente. A sociedade ensina você a se fechar, a mergulhar em si mesmo, a não deixar sequer uma fresta por onde algo escape. Mas lembre-se: se nada saí, nada também pode entrar
A busca pelas raízes
Se você está triste ou com raiva, você pode fazer uma meditação. Não lute contra isso, não tente distrair a mente pensando em outra coisa. Não vá ver um filme porque está se sentindo muito triste. Não tente reprimir o que está sentindo. Essa é uma grande oportunidade para meditar.
Só observe de onde vem a raiva. Só vá até as raizes. Procure as próprias raízes da tristeza – você vai ficar surpreso ao ver que ela não tem nenhuma raiz Enquanto você procura pelas raízes, as suas emoções vão desaparecendo ao ver que, “Este homem é estranho – ele está procurando as raízes”. Mas essas aflições, emoções, sentimentos – nada disso tem raiz. Elas são simplesmente nuvens, sem raízes, envolvendo sua mente.
Portanto, se você começar a procurar as raízes, as suas emoções começam a dispersar. Em vez de ficar triste, em vez de ficar com raiva, em vez de se sentir um infeliz – busque as raízes. Todo o sentimento, toda emoção, tudo vai desaparecer se você buscar as raízes. Se a sua consciência mergulhar nessa busca, as emoções se dissiparão e o céu do seu ser interior ficará absolutamente límpido e claro.
A corrida
Para quem não consegue expressar plenamente a raiva, o amor, o medo etc.
Horário: Pela manhã
É difícil trabalhar diretamente com a raiva, porque isso pode ser profundamente repressor. Por isso, trabalhe indiretamente. A corrida ajuda a raiva e o medo a evaporar. Se você correr por bastante tempo e respirar profundamente, a mente para de funcionar e o corpo assume o controle.
Primeiro passo: Faça uma corrida pela manhã, na rua. Comece correndo um quilômetro, depois dois, até chegar a cinco quilômetros. Use todo o seu corpo. Não corra como se estivesse em uma camisa de força, corra como uma criança, usando o corpo todo, as mãos e os pés, e respire bem fundo, com a barriga.
Segundo passo: Depois, sente-se sob uma árvore, descanse, transpire, sinta a brisa refrescante; sinta-se em paz.
Comentário: A musculatura tem de ficar relaxada. Se você gosta de nadar, vá nadar também. Isso ajuda. Mas a natação também deve ser praticada do modo mais completo possível. Qualquer coisa em que você possa se concentrar totalmente vai ajudar.
Não é uma questão de ter ou não ter raiva ou qualquer emoção; a questão é se deixar envolver completamente pela atividade, seja ela qual for. Então, você conseguirá fazer o mesmo com a raiva e com o amor.
A pessoa que sabe se deixar envolver totalmente por alguma coisa, faz qualquer coisa de corpo inteiro.
Ferva de raiva
Horário: todos os dias, sempre que se sentir bem/ Duração: 15 minutos/ Coloque o despertador.
Primeiro passo: Feche a porta do seu quarto e, durante quinze minutos, fique com raiva, ferva de raiva, como se você estivesse a cem graus, mas não extravase essa raiva, não a expresse – nem sequer bata num travesseiro. Reprima toda a raiva de todas as maneira possíveis – que é justamente o oposto da catarse.
Se você sentir a tensão se acumulando no seu estômago, como se ele fosse explodir, contraia o seu estômago, deixando-o mais tenso ainda. Deixe que o corpo inteiro fique o mais tenso possível, como se fosse um vulcão – fervilhando por dentro e sem extravasar a tensão. É isso que se precisa lembrar: sem extravasar. Não grite, do contrário, o estômago vai relaxar; não bata senão os ombros vão relaxar.
Segundo passo: Quando o despertador tocar, sente-se silenciosamente, feche os olhos e somente observe o que está acontecendo. Relaxa o corpo.
Comentário: “O aquecimento do organismo vai derreter os padrões”
Meditação dinâmica
Primeiro passo: Dez minutos.
Respire rapidamente pelo nariz. Force a expiração e deixe que a inspiração aconteça naturalmente. Faça com que a respiração seja intensa e caótica. Os pulmões precisam se encher de ar. Respire o mais depressa possível, mas sem deixar de respirar fundo. Faça isso de modo mais total possível, sem tencionar o corpo, mantendo o pescoço e o ombro relaxados.
Continue respirando de maneira caótica (de modo regular e imprevisível) até que você literalmente se transforme na respiração.
Depois que a sua energia tiver circulando, ela começara a mover o seu corpo. Deixe que o seu corpo se mexa e aproveite seus movimentos para aumentar ainda mais a quantidade de energia. O movimento natural dos braços e das pernas ajudará a aumentar a energia. Sinta a energia aumentando; não deixe que ela diminua nesse primeiro estágio e não diminua o ritmo
Segundo passo: Dez minutos.
Obedeça ao seu corpo. De a ele total liberdade para se expressar do jeito que quiser. Exploda! Deixe que o corpo assuma o controle. Deixe que ela faça o que for preciso para se soltar. Enlouqueça… Cante, grite, ria, berre, chore, salte, dance, chute ou jogue-se no chão. Não segure nada, mantenha o corpo todo em movimento. Um pouco de encenação sempre ajuda no começo.
Não deixe que sua mente interfira. Lembre-se de dar total liberdade ao corpo.
Terceiro passo: Dez minutos.
Deixando o pescoço e os ombros relaxados, levante os dois braços o mais alto possível, sem travar os cotovelos. Com os braços para cima, salte para cima e para baixo, gritando o mais profundamente possível o mantra Hoo! Hoo! Hoo! O som deve sair do fundo de sua barriga. Dê tudo de si, até ficar completamente exausto.
Quarto passo: Quinze minutos.
Pare! Congele na posição em que está. Não mexa o corpo, tentando ajustar a posição. Seja uma testemunha de tudo o que está acontecendo em você.
Quinto passo: Quinze minutos.
Celebre! Dance ao ritmo da música, expresse tudo o que quiser. Conserve essa vivacidade pelo resto do dia.
Ciúmes (para casais)
Horário: a noite/ Duração: 60 minutos.
Para desbloquear as suas energias, caso o seu relacionamento amoroso pareça não fluir
Primeiro passo: Sentem-se frente a frente, de mãos dadas.
Segundo passo: Durante dez minutos, olhem-se nos olhos. Se o corpo começar a se mexer e balançar, deixem. Vocês podem piscar, só não podem desviar os olhos. Fiquem sempre de mãos dadas.
Terceiro passo: Depois de dez minutos, fechem os olhos e mantenham o balanço do corpo por mais dez minutos.
Quarto passo: Agora, fiquem em pé e balancem o corpo junto, de mãos dadas, durante dez minutos. Isso fará com que a energia de vocês se misturem profundamente.
Amor para estimular o fluxo de energia
Qualquer coisa que você faça com amor ajuda a energia fluir – não importa qual seja o seu objeto de amor.
Primeiro passo: pegue na mão uma pedra, sentindo por ela um profundo amor e cuidado.
Feche os olhos e sinta uma amor imenso pela pedra – gratidão por ela existir, gratidão por ela aceitar o seu amor. Logo você sentira um pulsar e a energia fluindo.
Segundo passo: com o passar do tempo, o objeto deixa de ser necessário. Bastará a ideia de amar alguém para que a energia comece a fluir. O amor é um fluxo, se nos sentirmos congelados é porque não amamos.
Enfrente o ciúme
O que eu disser só se tornará uma experiência se for colocado em prática. E de que modo colocar isso em prática? Ficando frente a frente com o ciúme. Agora, ela não está na sua frente; está escondido atrás de você.
Não reprima o ciúmes, expresse-o. Sente-se no seu quarto, feche a porta e concentre-se no ciúmes. Observe-o, deixe que ele se torne tão forte quanto uma labareda. Deixe que ele se torne uma enorme labareda e queime nesse fogo, vendo o que ele é.
Não comece dizendo que o ciúmes é feito, porque essa ideia vai reprimi-lo, não deixará que ele se expresse plenamente. Nada de opiniões. Tente simplesmente ver o efeito do ciúmes em sua vida, olhe para o fato existencial. Sem interpretações, sem ideologias!
Deixe que o ciúmes aflore. Olhe para ele, olhe bem para dentro dele e faça o mesmo com a raiva, com a tristeza, com o ódio, com a possessividade. Pouco a pouco você verá que só o fato de olhar para essas coisas suscitará um sentimento transcendental de que você é apenas uma testemunha, você deixa de se identificar.
Mergulhe no medo
Horário: em algum momento do dia, quando seu estômago estiver vazio, ou de duas a três horas depois de uma refeição, do contrário você pode vomitar.
Primeiro passo: Feche a porta do seu quarto, fique nu se possível ou use roupas folgadas. Sente-se de pernas cruzadas.
Segundo passo: Coloque as mãos cinco centímetros abaixo do umbigo e pressione o local. Depois diminua a pressão. A pressão serve como um gatilho. Você pode parar de pressionar depois que as coisas começarem a acontecer. Isso demora cerca de dois minutos.
Basta que você pressione o hara para que um grande medo venha a tona e sua respiração comece a ficar irregular. Dê vazão a esse medo e mergulhe nele. Talvez você comece a sentir o seu corpo tremer; coopere com isso. Você pode sentir vontade de rolar pelo chão; se sentir, role. Se a respiração ficar ofegante, deixe. Se as mãos começarem a mexer, deixe também. Aconteça o que acontecer – se quiser dançar, dance -, não tente controlar. Fique possuido.
Isso poderá durar cerca de vinte e cinco a quarenta e cinco minutos, e será extremamente benéfico. Pode até levar cerca de dois meses para concluir, mas será uma experiência primal, uma limpeza no inconsciente e abrirá um espaço profundo dentro de você.
Terceiro passo: Antes de dormir, deite-se na cama de olhos fechados e imagine um quadro negro – o mais negro possível. Visualize no quadro o número 3, três vezes. Primeiro olhe para o número, depois apague-o; em seguida olhe outra vez e depois apague-o novamente. Faça isso três vezes.
Depois, visualize o número 2 três vezes e então apague-o. Depois o número 1 três vezes e apague-o. Depois o 0. Quando chegar ao zero, você sentirá um grande silêncio, como nunca sentiu antes, e esse silêncio aumentará a medida que o seu mergulho dentro de si também se aprofundar. Vá devagar, com delicadeza. Ele pode levar de dois a três minutos.
Também existem essas três camadas dentro de você, por isso, quando chegar a 0, isso significa que você chegou a camada 0 dentro de você. No dia em que a jornada estiver completada, você cairá em absoluto silêncio, como se toda a existência tivesse de repente desaparecido, sem restar nada.
Enfrente o medo 2
Horário: toda a noite/ duração: quarenta minutos.
Primeiro passo: Sente-se no seu quarto com as luzes apagadas e comece a ficar com medo. Pense em todos os tipos de coisas horríveis – fantasmas, demônios, qualquer coisa que você possa imaginar. Imagine que eles estão dançando a sua volta e você esta sendo possuído por forças demoníacas.
Deixe que a sua imaginação faça com que você fique verdadeiramente aterrorizado: eles estão matando você, tentando estuprar você, sufocar você. Sinta o medo mais profundo que puder e, seja o que for que aconteça, não recue.
Segundo passo: Durante o dia ou em qualquer outra ocasião, sempre que sentir medo, aceite-o. Não o rejeite, não pense que ele é algo errado que você tem que superar. O medo é natural. Se aceitar o medo e deixar que ele se expresse a noite, as coisas começarão a mudar.
Do medo para o amor
Esse exercício faz você passar do medo para o amor.
Duração: de quarenta a sessenta minutos.
Primeiro passo: sente-se confortavelmente, com a mão direita sobre a esquerda e com os polegares unidos. Isso define uma certa postura e estabelece um certo relacionamento entre as energias. A mão direita está ligada ao cérebro direito e vice versa. O lado esquerdo é a sede da razão, é o covarde. O homem não pode ser intelectual e corajoso ao mesmo tempo. O cérebro direito é intuitivo.
Segundo passo: relaxa, feche os olhos, descontraia o maxilar inferior, passando a respirar pela boca.
Quando você respira pela boca, e não pelo nariz, você estabelece um novo padrão respiratório e consegue deixar de lado o antigo. A respiração pelo nariz também estimula constantemente o cérebro. O nariz é dual, a boca é não dual. Quando respira pela boca, você não estimula o cérebro – o ar vai direto para o peito.
Esse exercício provocará um grande silêncio, não dual, um novo estado de relaxamento, e as energias começarão a fluir de outro modo.
Libere a criança dentro de você
Parte 1:
Primeiro passo: sente-se na sua cama com as luzes apagadas. Vire uma criancinha, tão pequena quanto você possa imaginar ou consiga se lembrar – uma criança de três anos talvez. Você está sozinho.
Segundo passo: comece a chorar, a balbuciar, a produzir sons sem sentido. Solte-se e deixe que as coisas aconteçam; muitos sons começarão a sair de sua boca. Se tiver vontade de gritar, grite, por pura brincadeira, durante um período de dez a quinze minutos.
Terceiro passo: Agora vá dormir com a simplicidade e inocência de uma criança.
Parte 2:
Horário: durante o dia, sempre que tiver uma oportunidade.
Na praia, seja como uma criança catando conchas, correndo na areia, catando pedrinhas, construindo castelos de areia. Sempre que encontrar crianças, brinque com elas, esqueça que você é um adulto. Sempre que possível, fique nu e deite-se na terra, como se fosse uma criança. Faça caretas no espelho, espalhe a agua na banheira como uma crinaça, deixe por ali alguns patinhos de plástico para brincar.
Comentário: Tudo o que é preciso é que você se ligue com sua infância outra vez e a coisa vai desaparecer, porque ela começou na infância e você vai ter de voltar a época em que ela começou. Você tem de ir a raiz, porque as coisas só podem ser mudadas se você voltar a raiz. O fundamental é começar a liberar a criança interior. Isso fará com que a raiva se vá, o ciúme se vá e, quando se for, você sentirá que está realmente florescendo”
Ligue-se terra
Um dos maiores problemas do homem moderno ´´e o desraizamento; toda a humanidade está sofrendo disso. Quando você se der conta disso, sentirá um fraquejar nas pernas, uma incerteza, porque as pernas são, na verdade, as raízes do homem. O homem se enraíza na terra pelas pernas.
Primeiro passo: antes de começar a correr, fique de pé, com os pés um pouco afastados, e feche os olhos. Depois apoie todo o peso do corpo sobre o é direito, como se você tivesse uma perna só. Sinta o pé esquerdo, que está livre, e depois apoie o peso do corpo sobre ele.
Agora todo o peso do seu corpo está sobre o pé esquerdo e o direito está livre, como se não tivesse nada para fazer. Ele está apoiado no chão, mas não sente nenhum peso sobre ele. Faça isso de quatro a cinco vezes – sentindo a mudança de energia – e veja como se sente. Depois tente ficar no meio, sem apoiar o peso nem no lado esquerdo, nem no direito, nem nos dois. Fique no meio, equilibrado. Essa sensação de equilíbrio fará com que fique mais enraizado na terra.
Segundo passo: Se você está perto do mar, vá a praia toda manhã e corra na areia. Se não está, corra em qualquer lugar de pés descalços – sem sapatos, na terra nua, para que seus pés possam tocar a terra. Depois de algumas semanas você começara a sentir grande energia e força nas pernas.
Comece também a respirar mais fundo. O ar tem de ir até a própria raiz do seu ser e essa raiz é o seu centro sexual. Se a sua respiração é superficial, ela nunca atinge o centro.
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