Recentemente li um livro que achei muito valioso e libertador chamado “Eckhart Tolle and Idiocracy: The doctrine and impact of a “great spiritual master”, um livro que analisa racionalmente a doutrina/filosofia de vida que Eckhart Tolle ensina e as consequência negativas que ela pode exercer em sua vida.
Falando por experiência própria (e você verá outros relatos parecidos de pessoas que tiveram suas vidas prejudicadas com tais ensinamentos), se você não tomar cuidado na sua interpretação dos ensinamentos que Eckhart Tolle promove, sua vida pode começar a ir ladeira abaixo. Veja o relato a seguir de um ex seguidor de Eckhart Tolle:
“Eu sempre fui um grande fã do “Poder do Agora” antes de ficar consciente dos danos que poderia fazer. Eu realmente tentei aplicar o método de Eckhart Tolle e pensei ter sido bem sucedido. Eu consigo “pausar minha mente” e de certa forma “parar de pensar”. Dessa forma, você de fato encontra uma espécie de alívio. Porém, o meu principal problema com o Eckhart Tolle é que ele propõe algo como um objetivo de vida quando na verdade deveria ser apenas uma ferramenta, apenas uma faceta da enorme complexidade do relacionamento que as pessoas tem consigo mesmas. Hoje, eu considero esse livro tóxico. Ao tentar controlar e reprimir o que Eckhart Tolle chama de “mente”, eu obtive certo alívio, mas eu parei de ser inteligente e perspicaz, virei quase que um esquizofrênico. Eu acredito que o caminho que leva a harmonia com a própria vida e com o mundo é muito mais sútil e complexo do que o caminho que Tolle recomenda.”
Testemunho retirado do livro “Eckhart Tolle and idiocracy”
A catatonia é uma síndrome de esquizofrenia que é caracterizada pela negação do mundo exterior e a inércia psicomotora, e é justamente isso que os ensinamentos do famoso mestre espiritual da nova era Eckhart Tolle” pode fazer a você: transformá-lo num ser passivo, sem identidade, sem atividade, sem ambição e objetivos, sem rumo, sem inteligência e sem a capacidade de usar plenamente sua razão, autocentrado e egoísta.
“Eu próprio costumava pensar que Eckhart Tolle era a resposta para todos os meus problemas e que ele era “Deus encarnado”, mas a minha experiência provaram que não é assim e agora sei que o bolo não tem um sabor tão bom quanto visual. Pratiquei as coisas que ele disse e me dediquei a fazer o máximo de progresso possível, mas em algum momento fiquei alarmado e percebi que minhas faculdades intelectuais não estavam tão aguçadas como antes eram e que meu interesse pela vida começou a desaparecer. Minha identidade e individualidade (quem eu era como pessoa) estavam abaladas. Tornou-se difícil saber mais quem eu era e qual era o meu propósito na vida. Minha empatia desapareceu e eu não conseguia me relacionar com o sofrimento de outras pessoas por causa da minha crença de que o sofrimento humano é criado pela mente e que a única maneira de ajudar a pessoa que está sofrendo é se ela se desidentificar de sua mente. Eu não tinha motivação para ajudar e sentia que era inútil tentar ajudar as pessoas. Tolle encoraja as pessoas a PARAR DE PENSAR como uma solução para o seu sofrimento, em vez de oferecer conselhos reais e dizer-lhes que se o seu pensamento está a criar o seu sofrimento, então o que elas precisam fazer é mudar a sua mentalidade.“
Testemunho de um leitor da Amazon
Seriam os ensinamentos de Eckhart Tolle uma libertação revigorante das doutrina/dogmas religiosas ou algo perigoso? O fato é que ele atende o desejo de uma grande parte das pessoas dando a elas exatamente o que elas querem: uma espécie de religião suprema que pretende se inspirar em todos os tipos de religiões menores, isto é, estabelecidas.
A espiritualidade de Tolle representa o que os estudiosos chamam de philosophia perennis (a filosofia perene), um destilado de verdades elementares que podem ser descobertas na maioria das tradições filosóficas e religiosas do mundo.
Ele seleciona ensinamentos de vários tradições e os reorganiza em tantos pedaços que sua obra acaba se tornando um tipo de espiritualidade bem vaga que pode ser facilmente adaptada às preferências individuais das pessoas.
O mito da iluminação espiritual
O fato de a Iluminação perseguida por milhões de pessoas não prova que ela exista. Deveríamos realmente acreditar naqueles que dizem ter atingido a iluminação espiritual e transcendido a condição humana? Ou é possível que a iluminação seja um ato, uma performance, uma mascara que a pessoa usa para enganar os outros? Você só poderá realmente saber se o mestre é daquele jeito que diz ser ou não convivendo com ele diariamente e observando suas atitudes. A triste verdade é que muitos ditos “mestres” estão simplesmente procurando por dinheiro, poder e fama. Existem muitos relatos de falsos gurus, de pessoas que diziam ser iluminadas mas eram abusivas e exploravam seus seguidores.
E obsessão pelo EU, EU e EU
Eckhart Tolle em seus livros nos encoraja a nos libertar de nosso ego, o falso eu, o eu egoico, a nos libertar de nossa identidade. Ele diz que o “eu” é o grande problema e que devemos abandonar nossa personalidade.
Porém, perder o senso de sua identidade, seus gostos e desgostos, seus princípios e pensar que você é Deus é um caminho rumo a insanidade. Os livros do Eckhart Tolle estão na seção de autodesenvolvimento, mas o que ele ensina é a autoatrofia.
Para ele, nós estamos presos a uma definição que temos de nós mesmos. Em sua visão, o ato de acreditar que você é tal e tal pessoa, com um nome, nascido em tal pais, com determinada família, é algo vaidoso e egocêntrico. Mas isso não é verdade. O fato de você saber quem você é, se é um homem ou mulher, seu nome tem a ver com você ser um homem racional. Quando você não sabe quem você é no mundo, você enlouquece.
Na nossa cultura atualmente, algumas pessoas que estão insatisfeitas com suas vidas anunciam que elas decidiram seguir um caminho espiritual e renunciar seus egos. Essa jornada está condenada a falha. Um ego e um senso saudável e desenvolvido, é precisamente o que eles falharam em obter.
Nathaniel Branden – psicólogo da autoestima
Os iluminados não possuem ego – É algo que diferencia esses seres superiores de mortais ordinários como nós, que ainda não fomos liberados de nossos egos. O ego é a causa suprema de nossa infelicidade, enquanto a ausência de ego entre os iluminados os leva a serenidade absoluta. Essa é a doutrina do ego de muitos gurus espisituais. O Eckhart Tolle ensina a mesma coisa: “o ego lança uma sombra de medo e sofrimento sobre tudo”
De acordo com Tolle, o Ego está em constante conflito com o Ser. Quanto mais alguém se submete ao ego, mais a pessoa se move longe do Ser e quanto mais alguém está liberado do Ego, mais próximo está do Ser. Como o Ser é o oposto do ego, a definição do Ser deveria nos ajudar a entender a definição do Ego:
“Existe uma Vida Única, eterna e sempre presente, além das inúmeras formas de vida sujeitas ao nascimento e à morte. Muitas pessoas empregam a palavra Deus para descrevê-la, outras costumam chamá-la de Ser.
De acordo com a doutrina de Tolle, o Ego representa o oposto de Deus, orgulho e um falso senso de eu. O sábio é aquele que se libertou do ego e é Deus. Nós somos o Ser, somos divinos, somos Deus. Essa é a teoria dos muitos gurus espirituais, de muitos místicos, de todos os iluminados.
Olha como o Eckhart Tolle descreve a ausência do ego:
“Nesse estado, você sente sua própria presença com tanta intensidade e alegria que todos os pensamentos, todas as emoções, seu corpo físico, bem como todo o mundo externo, tornam-se relativamente insignificantes em comparação a ele. E, no entanto, este não é um estado egoísta, mas altruísta.“
Eckhart Tolle
Essa descrição da ausência de ego que o Eckhart tolle faz representa não a ausência de ego mas sim um total egoismo. Tudo começa a girar em torno do EU, EU, EU.
A espiritualidade no geral, especialmente com Eckhart Tolle, é muito obcecada com o ego: tudo gira em torno do eu, eu, eu, do falso eu, do eu egoico, do pequeno eu, do eu oculto
Eckhart Tolle nos explica que temos que nos libertar do ego, destruir o eu ou morrer a nós mesmos, mas no fim das contas, tudosempre gira em torno do eu. Isso é a definição própria de egocentrismo, a tendência de julgar tudo de acordo com seu umbigo, a vida girando em torno de você. Porém, e os outros? De acordo com Eckhart Tole, não existem outros. Tudo que existe é o Ser. Tolle diz que somos o universo e tudo que há nele. Então isso quer dizer que eu sou você? Eu sou uma pedra? Eu sou um pé de pato?
O que Eckhart Tolle apresenta como uma negação do ego, ir além do Ego, é basicamente uma exaltação narcisista do próprio ego.
O processo de imbecilização
Eckhart Tolle também diz que a mente (pensamento) é o principal inimigo a ser combatido. Tolle nos aconselha várias vezes a “parar de pensar”. Isso pode nos induzir ao parar de buscar, ao parar de aprender, ao parar de pensar e contemplar sobre as questões importantes da vida.
É como se fosse proibido pensar sobre o passado e o futuro, nem mesmo sobre presente. Você deve viver passivamente, só com suas percepções sensoriais, como um animal. O poder do agora deveria ser chamado de Não Pense, pois essa é a principal mensagem do livro.
Eckhart Tolle faz mais do que apenas acentuar a importância do presente, ele o santifica as custas do passado e do futuro, que de acordo com ele, não existem. “Tanto o passado como o futuro são ilusões. Só o presente é real, o passado e o futuro não o são”
Então quer dizer que o seu nascimento não é real? Quer dizer que toda a história humana não é real, que o nascimento de Jesus Cristo é uma ilusão… Ao negar o passado e o futuro, o Tolle encoraja a amnésia de seus discípulos e uma falta de visão para o futuro.
Ao contrário do que se baseia a psicoterapia, ele sugere reprimir e suprimir o passado – impedindo o crescimento emocional e a responsabilização pelo passado.
De acordo com Eckhart Tolle, a mente destrói nossas vidas e a paz e a iluminação se encontram além dela. Se parássemos de pensar, nos ficaríamos felizes para o resto de nossas vidas, nosso pensamento é nossa queda, é o que nos faz sofrer.
Ele nos leva a acreditar que toda racionalidade é depressiva, que todo pensamento é ruim e danoso. Ele esquece que existem pensamentos que nos elevam, que existem especulações que acalmam nossas almas e nos ajudam a solucionar nossos problemas. O problema é que, Eckhart Tolle também diz que não existem problemas…
Identificar e resolver problemas são duas operações intelectuais complexas. Negar a existência de problemas é como sugerir que não precisamos de nossa inteligência, que Eckhart Tolle chama de mente. A razão para Tolle é uma inimiga.
Apatia e desmotivação
A doutrina de Eckhart Tolle também nos leva a apatia e a passividade. Esse é um grande outro ponto das consequências negativas que Eckhart Tolle pode nos exercer: a desmotivação. Pouco a pouco, você perderá toda a motivação para realizar seus objetivos e sonhos.
Eckhart Tolle ataca sutilmente nossa força de vontade e ambição e ele faz isso de duas formas: primeiro ele ataca a mente, o pensamento. E qual a consequência disso? Para você atingir qualquer objetivo e meta, é necessário um constante processo de reflexão, de pensamento focado e sustentado. Sem isso, não há ambição que dure. Uma pessoa que tem pensamentos infrequentes e fúteis não poderá atingir nenhuma aspiração.
Em segundo lugar, o Eckhart Tolle promove a ideia de que nenhum objetivo é realmente importante de perseguir. A única coisa que importa é existir no agora se iluminar. De acordo com Tolle, toda a a ambição, todos os planos são crimes contra a divindade que o Agora nos apresenta. Perseguir objetivos nos previne de viver o momento presente. É claro que tem uma parcela de verdade nisso. Quando ficamos muito presos em objetivos, esquecemos de apreciar o caminho.
Porém, o contrário é verdade, perseguir objetivos te desenvolve como pessoa, te faz amadurecer e crescer em direção ao seu potencial. A vida é muito mais significativa e estimulante quando você está indo em direção aos seus objetivos do que ir por ai sem nenhuma direção, deixando a vida te levar, sendo uma folha no vento.
De Acordo com Tolle, nessa terra, não existe nada a ser feito a não ser aceitar o momento presente. Nos livros de Eckhart Tolle, o vocabulario de Deixar ir e desapego tem intenções positivas, enquanto palavras como ação e esforço sempre possuem um tom negativo. Então, para ele, aceitar, deixar ir, desapego são boas coisas, enquanto resistir, agir, fazer esforço, perseverar diante de dificuldades, são coisas ruins. Ele diz que basicamente se sentar e não fazer nada é uma das maiores virtudes e uma das mais importantes conquistas que você poderia fazer.
O que você prefere? Trabalhar duro para atingir seus objetivos ou ficar que nem um bobo aproveitando o momento presente sem fazer nada? Ele diz basicamente diz “Não existe nada mais importante de desejar do que a iluminação. Coloque objetivos a si mesmo, mas entenda que eles não são tão importantes assim”. É claro que isso não é verdade! Os objetivos que colocamos a nós mesmos são muito importantes, pois moldam nossos futuros.
O que precisamos para encontrar paz? Para a maioria dos casos, tanto uma mudança interna e externa são necessárias. É claro que Eckhart Tolle não compartilha dessa visão, ele diz que para encontrarmos serenidade é inútil mudarmos nossas situação de vida – “Você não encontrará paz mudando sua situação de vida”. Porém, mudar sua circunstância de vida é, em muitos casos, algo necessário para que você consiga experienciar paz.
Resumindo
Aprenda a pensar por conta própria, busque a verdade, nunca deixe de buscar conhecimentos para discernir doutrinas e identificar esquemas de pensamentos que destroem sua inteligência e o impedem de ser a sua melhor versão. Peça a Deus por direcionamento, sabedoria e discernimento sempre. Não se deixe enganar por falsos gurus e salvadores (existem muitos por ai).
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