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O Problema Espiritual do Homem Moderno (Carl Jung)

Tempo de leitura: 7 min

Escrito por Davi Klein
em janeiro 23, 2024

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“Pois esta é a jornada que os homens fazem: encontrar a si mesmos. Se falharem nisso, não importa muito o que encontrem. Dinheiro, posição, fama, muitos amores, vingança são de pouca importância e, quando os ingressos forem recolhidos no final da viagem, serão jogados na lixeira marcada como FALHA.
Mas se acontecer de um homem se encontrar – se ele saber o que lhe foi confiado a fazer, os limites de sua coragem, as posições das quais ele não mais recuará, o grau em que pode entregar sua vida interior a alguma mulher, os reservatórios secretos de sua determinação, a extensão de sua dedicação, a profundidade de seu sentimento pela beleza, sua honestidade e objetivos integros – então ele encontrou uma mansão que pode habitar com dignidade todos os dias de sua vida.”

James Michner

Muitas pessoas nos dias de hoje estão lutando contra sentimentos de inadequação, falta de sentido e insignificância. Carl Jung examinou esse assuntou e concluiu que tais sentimentos eram causados pela que ele chamou de “um problema espiritual“.

Jung acreditava que o surgimento desse problema espiritual coincidiu com o declínio da influência que as religiões tradicionais, principalmente o Cristianismo, tiveram nas sociedades ocidentais nos últimos séculos.

Uma das maiores consequências desse processo de “afastamento” religioso é que as pessoas se viram forçadas a enfrentar certas questões existenciais humanas sem a ajuda dos dogmas religiosos. A vida para o homem medieval, que tinha suas “certezas” religiosas, era muito mais fácil do que a do homem moderno.

Jung sugeriu também que o surgimento da sociedade de massa após a revolução industrial contribuiu muito para o aumento do “problema espiritual” que o homem enfrenta atualmente, produzindo indivíduos inseguros e pouco estáveis.

A insegurança do indivíduo em uma sociedade de massa é, em parte, função da grande quantidade de pessoas que o cercam. Quanto maior a multidão, mais anulado o indivíduo se sente.

Mas essa insegurança também foi instigada, segundo Jung, pelo surgimento de uma mentalidade racional e científica que acompanhou a revolução industrial e, com o tempo, saturava cada vez mais setores da sociedade.

No século XIX e ainda mais no século XX, planejadores sociais, políticos e líderes de várias indústrias, hipnotizados pelos frutos que a investigação científica estava produzindo nos campos da indústria e da medicina, passaram a acreditar que os métodos da ciência poderiam ser usado para remodelar a sociedade.

O resultado desse movimento foi uma massificação da sociedade, ou seja, um aumento da uniformidade e uma drástica diminuição da importância do indivíduo.

Nesse tipo de sociedade, a singularidade/unicidade do indivíduo deve ser negada em favor de médias estatísticas e para o redesenho da sociedade, promulgado por um grupo de elites, ou tecnocratas, que veem os humanos como nada além de abstrações, unidades sociais homogêneas a serem gerenciadas e manipuladas.

A incerteza existencial trazida pelo declínio das religiões e a diminuição da importância do indivíduo na sociedade de massa se combinaram para criar uma situação em que a grande maioria das pessoas se vê como seres insignificantes e impotentes.

Jung propôs que, para compensar essa deficiência, o inconsciente produz uma compensação na forma de uma forte fome de poder (é ai que a pessoa procura por ideologias coletivas e movimentos de massa, pois procuram por esse poder que não conseguem encontrar dentro de si).

O indivíduo é cada vez mais privado da decisão moral de como deve viver sua própria vida e, em vez disso, é governado, alimentado, vestido e educado como uma unidade social… e se diverte de acordo com os padrões que dão prazer e satisfação à massa.

Carl Jung

Embora muitas pessoas percebam os perigos representados pela existência de Estados centralizados, a maioria reage ao crescimento do poder do Estado com sentimentos de desesperança, acreditando que não há nada que eles, como indivíduos, possam fazer a respeito.

A análise de Jung é profunda porque ele sugere que o surgimento da tirania Estatal é um subproduto da proliferação do problema espiritual que aflige o mundo moderno e, portanto, pode ser subjugado se mais pessoas aprenderem a resolver o problema espiritual que afeta suas próprias vidas.

Na visão de Jung, o indivíduo moderno, para quem todos os Deuses estão mortos, deve olhar para as forças internas em busca de respostas para os problemas espirituais que os atormentam.

Ao encontrar tais respostas, Jung pensava que não apenas se curaria a doença espiritual que os aflige pessoalmente, mas também contribuiria para a renovação de um mundo perdido nas trevas da dominação do Estado:

“Pequena e escondida é a porta que leva para dentro, e a entrada é barrada por inúmeros preconceitos, suposições errôneas e medos. Sempre se deseja ouvir sobre grandes esquemas políticos e econômicos, as mesmas coisas que colocaram todas as nações em um pântano. Portanto, soa grotesco quando alguém fala de portas ocultas, sonhos e um mundo interior. O que esse idealismo insípido tem a ver com programas econômicos gigantescos, com os chamados problemas da realidade?

Mas não falo para nações, apenas para alguns poucos indivíduos, para quem é óbvio que os valores culturais não caem como maná do céu, mas são criados pelas mãos dos indivíduos. Se as coisas vão mal no mundo, é porque algo está errado com o indivíduo, porque algo está errado comigo. Portanto, se eu for sensato, devo me corrigir primeiro. Para isso preciso – porque a autoridade externa já não significa nada para mim – um conhecimento dos fundamentos mais íntimos do meu ser, para que eu possa me basear firmemente nos fatos eternos da psique humana”.

Carl Jung, The Meaning of Psychology for Modern Man

Jung diz que aqueles que sofrem de um problema espiritual, devido a seus sentimentos de insignificância, carecem dos níveis adequados de “autoestima” necessários para a saúde psicológica. A psicologia analítica de Jung se fundamenta na ideia de individuação, que significa tornar-se quem se é verdadeiramente. 

Individuação significa tornar-se um ser único, na medida em que por ‘individualidade’ entenderemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si-mesmo.

Carl Jung

A separação da “multidão” é a forma como nos tornamos nós mesmos, em vez de sermos aquilo que a multidão quer que sejamos. A individuação é um processo de integração psicológica. “Em geral, é o processo pelo qual os seres individuais são formados e diferenciados [de outros seres humanos]; em particular, “é o desenvolvimento do indivíduo psicológico como um ser distinto da psicologia geral e coletiva”.

Ser você mesmo em um mundo que está constantemente tentando fazer de você outra coisa é a maior realização.

Ralph Waldo Emerson

A individuação possui algumas fases, sendo que a primeira é a retirada da máscara, ou do que Jung denomina persona.

A individuação obrigava a abandonar a confortável segurança da identificação do quem-eu-sou com o-que-eu-faço, nossos papeis familiares, pessoais e sociais, a que Jung chamava a persona ou máscara social. Por exemplo, a persona de Jung era ser um médico ou psiquiatra. A dissolução dessa persona era necessária para o desenvolvimento porque ela não passa de um segmento da psique coletiva. Tal máscara apenas estimula nossa individualidade, mas não a exprime. Descobrimos, na análise, que o que pensamos ser individual e exclusivo em nós é, na verdade, coletivo, um falso sistema do Self interiorizado.

(STAUDE, J. R. O Desenvolvimento Adulto de C. G. Jung. São Paulo: Cultrix, 1995.)

Para isso, temos que estar dispostos a abandonar a segurança grupal, as crenças coletivas que nos dão uma falsa segurança e buscarmos a verdade por conta própria. Transcender o coletivo e se afirmar como um individuo único é o passo que todos nós temos que realizar para nos tornarmos indivíduos maduros e responsáveis.

É uma sabedoria básica: Onde quer que a multidão vá, corra na outra direção. Eles estão sempre errados. Por séculos estiveram errados e sempre estarão errados.

Charles Bukowski

No post a seguir, eu comento mais sobre como podemos superar o conformismo coletivista e recuperarmos o nosso poder pessoal:

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