“O verdadeiro buscador, aquele que realmente se emprenhasse em achar algo, jamais poderia submeter-se a nenhuma doutrina (…) Mas não posso amar palavras. Por isso não me servem doutrinas. Talvez seja essa a razão por que não encontrares a paz: o excesso de palavras.“
“Por isso hei de perseguir na minha peregrinação, não para ir a procura de outra doutrina melhor, pois sei muito bem que não há nenhuma; senão para separar-me de quaisquer doutrinas e mestres, a fim de que possa alcançar sozinho meu destino ou então morrer (…) Aprenderei por mim mesmo; serei meu próprio aluno; procurarei conhecer-me e desvendar o segredo que é Sidarta!“
Trechos do livro “SIDARTA” de Herman Hesse
“Se você encontrar o Buda, mate-o.” esta famosa citação é atribuída a Linji Yixuan (também escrito Lin-chi I-hsuan, falecido em 866), um dos mestres mais proeminentes da história Zen.
“Mate o Buda” muitas vezes é considerado um Koan, um daqueles trechos de diálogo ou breves anedotas exclusivos do Zen Budismo. Ao contemplar um Koan, o aluno esvazia e esgota todos os pensamentos discriminatórios e, então, surge um insight mais profundo e intuitivo sobre a natureza da Realidade.
A frase “matar o Buda” é frequentemente usada para significar a rejeição de toda doutrina religiosa. Certamente, Linji estimulou seus alunos a irem além de uma compreensão conceitual dos ensinamentos do Buda que bloqueia a percepção íntima e intuitiva.
Uma vez que a pessoa é capturada pela crença em uma doutrina, ele perde sua liberdade. Quando se torna dogmática, a pessoa acredita que sua doutrina seja a única verdade e que as outras doutrinas sejam heresias. Todas as disputas e conflitos surgem dessas visões estreitas. Elas podem se alongar sem fim, perdendo tempo precioso e às vezes até levando a guerras. Apego a visões é o grande impedimento no caminho espiritual. Quando é limitado por visões estreita , uma pessoa se torna tão confusa que não é mais possível deixar a porta da verdade aberta.”
Buda (Do livro “Old Path White Clouds” sobre a vida do Buda)
Transformar o Buda em um fetiche religioso é perder a essência do que ele ensinou. O objetivo desse Koan é trazer os estudantes para a pura clareza do momento presente.
No Zen, é geralmente entendido que “Quando você encontrar o Buda, mate-o” refere-se a “matar” um Buda que você percebe como separado de si mesmo – porque tal Buda é uma ilusão.
Meus ensinamentos não são uma filosofia. É o resultado da experiência direta. Você pode confirmá-los pela sua própria experiência. Eu ensino que todas as coisas são impermanentes e sem um eu separado. Isto eu aprendi da minha experiência direta. Você pode também. Eu ensino que todas as coisas dependem de todas as outras para surgir, desenvolver e passar. Nada é criado de uma fonte original e única. Eu experimentei diretamente esta verdade e você também pode. “
Eu devo declarar claramente que meus ensinamentos são como um dedo apontando para a Lua e não a própria Lua. Uma pessoa inteligente faz uso do dedo para ver a Lua. Uma pessoa que apenas olha o dedo e a toma pela Lua, nunca verá a Lua real. Meus ensinamentos são um meio de prática, não algo para se agarrar e adorar. Meus ensinamentos são como uma balsa usada para atravessar o rio. Apenas um tolo carregaria a balsa ao andar pela outra margem depois de tê-la alcançado, de ter alcançado a margem da liberação.
Buda (Do livro “Old Path White Clouds” sobre a vida do Buda)
“Meu objetivo não é explicar o universo, mas ajudar a guiar outros a ter uma experiência direta da realidade. Palavras não podem descrever a realidade. Apenas a experiência direta nos habilita a ver a verdadeira face da realidade.”
“O mestre zen dirá: ‘Mate o Buda!’ Mate o Buda se o Buda existir em outro lugar. Mate o Buda, porque você deve retomar sua própria natureza de Buda.”
Você tem que ser o seu próprio mestre e seu próprio discípulo, e lá fora não existe nenhum instrutor, nenhum salvador, nenhum mestre; você mesmo tem que mudar, e por isso tem que aprender a observar para se conhecer
Krishnamurti
Se você estiver familiarizado com o Budismo Mahayana, reconhecerá que o Linji está falando sobre a Natureza de Buda, que é a natureza fundamental de todos os seres.
Você tem que por conta própria verificar, em sua experiência direta, o que esses ensinamentos querem dizer. Não é um entendimento intelectual mas sim experiencial (senão serão apenas palavras vazias).
Memorizar as escrituras significa que você está cometendo um roubo. Você está roubando o conhecimento escondido nas escrituras; você não conseguiu por seu próprio esforço ou trabalho duro. É tudo emprestado e obsoleto, você está apenas segurando o conhecimento da outra pessoa. Não construa seu prédio sobre ele.
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