Quando passamos por situações de sofrimento e dor é comum surgir a pergunta: Por que aconteceu comigo? Por que tenho que passar por isso? E, por vezes, podemos demonstrar dificuldade em lidar com a situação: podemos rejeitá-la, evitar o contato, sentir raiva por estar vivenciando tais momentos difíceis, etc.
Contudo, quanto maior a resistência e não aceitação das circunstâncias que precisamos lidar, mais nos afastamos de um enfrentamento adequado perante a realidade que se apresenta.
E mediante as vivências que nos trazem sofrimento qual seria a função do Ego? O Ego tem a função de mobilizar nossos recursos internos, disponibilizar nossa capacidade de resiliência para que tenhamos condições de enfrentar a situação traumática da melhor forma possível .
Resiliência é um conceito utilizado na Física e refere-se à capacidade elástica que certos corpos têm em voltarem ao estado anterior, após sofrerem uma deformação. A Saúde Mental toma emprestado esse termo e o refere ao potencial de resiliência no sujeito, no que diz respeito à capacidade de enfrentamento do mundo real quando ocorre um acontecimento traumático, como por exemplo : luto, acidentes, doenças, internações, separações, vivências de violência , etc.
Podemos dizer que a capacidade de resiliência diz respeito a uma adaptação pessoal bem-sucedida às situações adversas. Resiliência é um aspecto importante para se observar no atendimento clínico porque revela o grau de vulnerabilidade e risco psicológico que a pessoa apresenta nos processos de sofrimento: como ela está lidando com o trauma vivenciado, com a situação adversa? Como está repercutindo o sofrimento e quais os efeitos psíquicos?
Ressaltamos que o Ego necessita dispor de defesas maduras e adaptativas para manter o equilíbrio intrapsíquico. Assim sendo, quando se encontra fragilizado, pode apresentar distorções cognitivas, dificuldades de elaboração, dificuldade em lidar com as frustrações, dificuldade em aceitar a realidade tal como se apresenta e, com essas dificuldades a pessoa pode demonstrar enfrentamentos inadequados perante situações de sofrimento.
Temos que o atendimento psicoterápico funciona como um promotor da resiliência levando em consideração que a vivência traumática pode não ser mudada, mas o impacto do choque, a interpretação dos acontecimentos podem ser reelaborados. E, sim, as intervenções psicoterapêuticas podem potencializar os recursos internos, promover as funções adaptativas do ego e capacidade de resiliência, tornando possível insights de novas formas de enfrentamento da situação.
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