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Lições Importantes do Livro “O Ego é Seu Inimigo” (Ryan Holiday)

Tempo de leitura: 12 min

Escrito por Davi Klein
em dezembro 16, 2021

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Nesse post, irei comentar sobre as principais lições de vida e insights que peguei lendo o livro “O ego é o seu inimigo” do Ryan Holiday.

A primeira coisa importante de falar aqui é que o termo “ego” que ele utiliza não é o ego no sentido freudiano. Ego aqui se refere a alguém que tem um estimação de si mesmo totalmente fora de realidade, quando achamos que somos melhores do que realmente somos, que somos melhores que os outros, de que as nossas vontades devem se sobressair as do universo.

É a necessidade de ser melhor do que, mais do que, reconhecido por, muito além de qualquer utilidade plausível. É a crença de que o que você faz ou o que você tem diz algo sobre você como pessoa (por exemplo: você ganha muito dinheiro e por conta disso começa a se achar melhor do que tudo e todos).

Esse livro é dividido em 3 partes – aspiração, sucesso e fracasso – que é um ciclo continuo que todos nós passamos em nossas vidas.

Basicamente, aspiramos até alcançarmos o sucesso, temos sucesso até fracassarmos ou até aspirarmos a mais, e depois que fracassamos podemos começar a aspirar a ou alcançar o sucesso outra vez.

O objetivo dessa estrutura é simples: ajuda a sufocar o ego antes que os maus hábitos se consolidem; substituir por humildade e disciplina as tentações do ego que surgirem quando experimentamos o sucesso e cultivar a força e coragem, de modo que, quando o destino se voltar contra você, você não seja arruinado pela fracasso.

Esse estrutura pode nos ajudar a:

  • Humildes em nossas aspirações
  • Generosos em nossos sucessos
  • Resilientes em nossos fracassos

Quando estudamos os indivíduos mais bem sucedidos e que contribuiram imensamente a humanidade, uma coisa que vemos em comum é que eles têm os pés no chão, são circunspectos, e reais.

Não que eles estivessem completamente livre do ego, mas sabiam restringi-lo, canalizá-lo e incorporá-lo quando era importante. Eles eram, ao mesmo tempo, grandes e humildes.

Ninguém é realmente bem sucedido quando é um lunático, obcecado pelos próprios interesses e desconexo do restante. Quando eliminamos o ego, o que nos resta é a realidade. O que substitui o ego é a humildade e confiança sólidas.

Então, vamos falar mais detalhadamente sobre cada um desses estágios de aspiração, sucesso e fracasso:

Aspiração

“Nesse estágio, estamos dispostos a fazer uma coisa. Temos um objetivo, um chamado, um novo começo. Cada grande jornada começa aqui – no entanto, muitos de nós nunca chegarão ao destino pretendido. O ego, na maioria das vezes, é o culpado. Nós nos fortalecemos com histórias fantásticas, fingimos ter entendido tudo, deixamos nossa estrela brilhar só para então se apagar, e não fazemos ideia porque isso aconteceu. Esse são os sintomas do ego. Sua cura são a humildade e realidade”

Ryan Holiday

Menos fala, mais ação

Muito empreendimentos valiosos que iniciamos são difíceis, seja escrever um livro, iniciar um novo projeto, dominar uma profissão. Mas ficar de blá-blá-blá é sempre fácil.

Muitas das vezes, o FALAR e SONHAR substituem a AÇÃO – falar sobre seus objetivos sem necessariamente tomar ação para torná-los realidades. Porém, FALAR e SONHAR são coisas diferentes de realmente AGIR e tomar AÇÃO.

As vezes ficamos presos a nosso próprios pensamentos em vez de perticiparmos do mundo a nossa volta. Ficamos fantasiando sobre o nosso momento de glória, sobre a “platéia imaginária”. Isso é o ego.

O que as pessoas bem sucedidas fazem de diferente é refrear essas fantasias. Elas ignoram as tentações que podem fazê-las se sentirem importantes ou turvar sua visão.

Costumamos falar muito sobre nossos sonhos, sobre como iremos realizá-los, sobre as coisas que consideramos importantes para nós… porém será que nossas ações estão refletindo tais coisas? E se a nossa fala descontrolada e imaginação excessiva sobre “o dia em que conquistar tais coisas” estejam mais atrapalhando do que ajudando?

Depois de passarmos muito tempo pensando, explicando e falando sobre uma tarefa, somos levados a pensar que estamos mais perto da solução, como se tivessemos feito algum progresso. Porém, toda essa tagarelice não passa de uma mera distração e gratificação egoica, pois na verdade você não fez nenhum avanço real em direção ao seus sonhos.

Na verdade o silêncio é força, sobretudo no início de uma jornada, e que, para nos tornarmos o que almejamos, muitas vezes precisamos de longos períodos de anonimato, sentando e lutando com algum tópico ou paradoxo.

Como alerta o próprio filósofo Kierkegaard: “A mera tagarelice antecipa a fala real, e expressar o que ainda está no pensamento enfraquece a ação por antecipá-la.”

Qualquer um pode falar de si. Agora, quer saber o que é escasso e raro? Silêncio. O silêncio é o descanso dos fortes e dos que têm confiança em si. A fala nos exaure. Falar e fazer brigam pelos mesmos recursos. Priorize a ação e o silêncio e deixe a fala de lado. Deixe suas ações mostrarem seus resultados.

São necessárias muitas horas para chegar onde queremos. Não se trata de brilhantismo, mas sim de empregar um trabalho contínuo. Ainda que essa não seja uma perspectiva muito atraente, ela deve ser encorajadora, pois significa que tudo está ao alcance para qualquer um de nós, contanto que tenhamos o condicionamento e humildade necessária para sermos pacientes, e a força moral para trabalhar.

Como já disse Mihaly Csikszentmihalyi: “O germe de uma ideia não produz uma escultura que se sustente de pé. Ele fica apenas ali, inerte. Portanto, o próximo passo, obviamente, é o trabalho árduo.”

Pare de buscar aprovação dos outros, faça o que é certo

Pare de buscar reconhecimento antes de agir, pare de confundir reconhecimento com trabalho real. Você faz o que faz para ser reconhecido ou pelo fazer em si (para servir e gerar valor)?

E é essa pergunta que eu quero que você faça a si mesmo: O que realmente importa para você? A coisa certa (Ação correta) ou somente a recompensa, o resultado, a adoração, o reconhecimento, as vantagens, os elogios, a fama? Viver de acordo com seu padrões ou se corromper (traindo a si mesmo) para obter a fama, popularidade e sucesso?

O ego precisa de honras para ser validado. A confiança, por outro lado, consegue esperar e se concentrar na tarefa que se cumpre naquele momento, independente de reconhecimento externo.

Então, é muito importante refletirmos sobre os princípios que governam suas escolhas e sobre o que você quer conquistar na vida. Você está sendo somente egoísta ou altruísta?

Se você está fazendo o seu trabalho e se dedicando, não precisa trapacear nem buscar mais compensações do que merece.

Sucesso

“Aqui estamos no topo de uma montanha que demos duro para escalar – ou, pelo menos, já podemos enxergar o topo dela. Agora, enfrentamos novas tentações e problemas. Respiramos o ar rarefeito de um ambiente implacável. Por que o sucesso é tão efêmero? É o ego que o abrevia. Seja o colapso dramático ou uma lenta erosão, ele é sempre possível e geralmente desnecessário. Paramos de aprender, paramos de ouvir e nos esquecemos do que importa. Tornamo-nos vítimas de nós mesmos e da competição. A sobriedade, uma mente aberta, organização e um propósito: eis ótimos estabilizadores. Eles equilibram o ego e o orgulho que nasce com a conquista e o reconhecimento.”

Ryan Holiday

Quando estamos no topo, começamos a nos deparar com muitos desafios e tentações, que se não tomarmos cuidado, pode nos levar a ruina.

O grande perigo mora quando começamos a pensar que estamos consolidados e seguros, quando, na realidade, a compreensão e a maestria são um processo fluido e contínuo.

A humildade gera o aprendizado porque repele a arrogância que coloca vendas em seus olhos. Ela deixa você aberto par que as verdades se revelem sozinhas.

Os humildes se aperfeiçoam. Eles não presumem “Já sei o caminho”.

Seja sempre um aprendiz

“O primeiro produto do autoconhecimento é a humildade”

Flannery O’Connor

Não importa o que você tenha feito até agora, é melhor continuar sendo um aprendiz. Esteja sempre aprendendo. Se você não estiver mais aprendendo, você está morrendo.

Geralmente não gostamos de pensar que ainda temos muito a aprender. Queremos pensar que já chegamos ao fim de nosso aprendizado.

Não basta ser um aprendiz apenas no início. Essa é uma posição que precisamos assumir por toda a vida. Aprenda com todo mundo e com tudo. Tanto com as pessoas que você supera quanto com as que o superam; tanto com as pessoas de quem não gosta quanto com seus supostos inimigos.

É importante aceitar que outras pessoas sabem mais do que nós e de que você pode se beneficiar do conhecimento delas.

Basicamente, você não pode aprender se acha que já sabe. Não encontrará respostas de for orgulhoso ou presunçoso demais para fazer perguntas. Não poderá melhorar se estiver convencido que já é o melhor.

A arte de receber feedbacks e principalmente, criticas duras, é uma habilidade crucial na vida. Nós não apenas precisamos aceitar críticas, mas solicitá-las, esforçando-nos para buscar o negativo principalmente quando nossos amigos, nossos familiares e nosso cérebro nos dizem que estamos nos saindo muito bem. O ego, no entanto, evita esse tipo de avaliação a todo custo. Ele não gosta da realidade e prefere sua própria análise.

É a humildade que nos mantém nessa posição de continuo aprendizado, preocupado com o que não sabemos e com curiosidade em aprender e se desenvolver.

O ego bloqueia nosso aperfeiçoamento dizendo que não precisamos nos aperfeiçoar. Então, nós nos perguntamos por que não alcançamos os resultados que queremos…

Se comprometa em ser a sua melhor versão. Esteja nisso até o fim! É a jornada da maestria!

“É impossível aprender aquilo que já consideramos saber”

Epiteto

Sempre seja um estudante, não finja e presuma que você já sabe de tudo, que você nunca comete erros e que sempre está certo.

Aprenda a ser humilde. A maestria é um processo contínuo e fluido. Podemos aprender com tudo e com todos.

Cuidado com as histórias que você conta a si mesmo

Não se intoxique com o sucesso e comece a contar histórias sobre como você “é foda e incrível”.

Muitos de nós começamos a contar certar histórias a nós mesmos, depois de atingir um pouco de sucesso, sobre como somos incríveis, maravilhosos e talentosos – como se as rápidas conquistas que obtivemos dissessem algo sobre quem nós somos.

O problema, é que essa fascinação por si mesmo faz com que, lentamente, a pessoa comece a reduzir os seus esforços e padrões iniciais que a levaram ao sucesso, pois elas agora acreditam que “são acima das regras e de todos”.

Nesses momentos, a sua capacidade de ouvir, receber feedback, melhorar e crescer são mais importantes como nunca!

Que o seu foco seja o trabalho e os princípios por trás dele, e não uma visão gloriosa que se encaixe em uma boa manchete.

Não se deixe enganar pelo reconhecimento que recebeu ou pelo saldo de sua conta bancária!

Não se esqueça de quem você é

Parece que nunca estamos felizes com o que temos, queremos sempre o que os outros têm também. No começo, sabemos o que é importante para nós, mas depois que alcançamos essa meta, esquecemos nossas prioridades. O ego nos arrasta e pode nos arruinar.

A maioria de nós começa com uma ideia clara do que quer na vida. Sabemos o que é importante para nós. O sucesso que alcançamos, especialmente quando vem cedo ou em abundância, colocá-nos em um lugar incomum. Então, de repente, estamos em um lugar novo e temos dificuldades para controlar nossa postura.

Cada um de nós tem um potencial e propósito únicos; isso significa que só nós podemos avaliar e estabelecer os termos para nossas vidas.

Chegou a hora de se sentar e e pensar no que é realmente importante de verdade para você, e então adotar medidas para renunciar tudo aquilo que não é.

De acordo com Sêneca, a palavra grega euthymia (significa tranquilidade) é um termo que deveríamos pensar com frequência: é a noção do nosso próprio caminho e o conhecimento sobre como permanecer nele sem sermos distraídos por todos os outros caminhos que o cruzam.

Em outras palavras, o importante não é derrotar o outro cara. Não é ter mais do que os outros. É dar o seu melhor para corresponder aquilo que você é, sem sucumbir a todas as coisas que o afastam disso. É ir onde você quer ir. É conquistar o máximo no que escolheu, dentro de sua capacidade.

Então, por que você faz o que faz? Esta é a pergunta que você precisa responder. Olhe para ela até conseguir. Só aí você entenderá o que importa e o que não importa. Só então poderá dizer não, poderá abrir mão de corridas idiotas que não têm importância, ou sequer existem.

Descubra as razões por trás dos objetivos que você tenta alcançar. Ignore aqueles que criticam o seu ritmo. Deixe que invejem o que você têm, e não o contrário.

Fracasso

“Aqui estamos nós, vivenciando as agonias inerentes a qualquer jornada. Talvez tenhamos fracassado, talvez tenha sido mais difícil do que havíamos previsto alcançar nosso objetivo. Ninguém é permanentemente bem sucedido e nem todos encontram o sucesso na primeira tentativa. Nós todos lidamos com reveses ao longo do caminho. O ego não apenas impede que nos preparemos para essas circunstâncias, como muitas vezes contribui para sua ocorrência. A saída, o caminho para retomar o progresso, requer uma reorientação e mais autoconhecimento. Não precisamos de piedade, nem de nós mesmos nem de mais ninguém. Precisamos de propósito, equilíbrio e paciência”

Ryan Holiday

A qualquer momento no ciclo da vida podemos estar aspirando ao sucesso, prosperando ou falhando – ainda que neste exato momento estejamos passando pelo fracasso. Com sabedoria, entendemos que essas posições são transitórias, e não vereditos sobre nosso valor como seres humanos.

Quando o sucesso começa a escorrer por entre seus dedos, seja qual for a razão para que isso aconteça, sua reação não deve ser se agarra com tanta força a ele a ponto de quebrá-lo em mil pedaços.

Você deve entender que precisa trabalhar para voltar a fase da espiração. Você precisa retornar aos princípios essenciais e as melhores práticas. O único fracasso real é abandonar seus princípios.

Como disse Harold Geneen: “As pessoas aprendem com os fracassos. Elas raramente aprendem alguma coisa com o sucesso”. É por isso que o velho ditado celta afirma: “Veja muito, estude muito, sofra muito, eis o caminho da sabedoria”.

A aspiração leva ao sucesso (e a adversidade). O sucesso criar suas próprias adversidades (e esperamos, novas ambições). E a adversidade leva a aspiração e a mais sucesso. É um loop infinito.

Todos nós nos encontramos nesse contínuo. Ocupamos lugares diferentes nele em vários momentos de nossa vida.

O que quer que venha a seguir para nós, podemos estar certos de uma coisa que vamos querer evitar: o ego. Ele dificulta todas as etapas.

Portanto: Esse monitoramento do ego é algo que temos que fazer todos os dias, a nossa vida inteira!

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