“O que importa para um homem ativo é fazer a coisa certa; se a coisa certa acontece ou não, isso é algo que não deve incomodá-lo”
Goethe
Você faz as coisas apenas olhando para os sinais externos de validação? Esperando reconhecimento e elogios de outras pessoas? Você faz o que faz para ser reconhecido ou pelo fazer em si, com intuito de servir os outros e gerar valor?
Essas são algumas perguntas que o autor Ryan Holiday nos confronta no seu livro “O ego é o inimigo”, que foi a inspiração para o tema desse post (inclusive inclui algumas passagens do livro aqui).
E é essa pergunta que eu quero que você faça a si mesmo: O que realmente importa para você? A coisa certa (Ação correta) ou somente a recompensa, o resultado, a adoração, o reconhecimento, as vantagens, os elogios, a fama? Viver de acordo com seu padrões ou se corromper (traindo a si mesmo) para obter a fama, popularidade e sucesso?
Se o que importa é você – sua reputação, sua inclusão, sua tranquilidade pessoal, o caminho está claro: diga aos outros o que eles querem ouvir, busque atenção, finja ser algo que não é, manipule, minta, seja um hipócrita.
No livro “O ego é o inimigo”, é contada a história de um dos estrategista mais famosos da guerra moderna que quase ninguém ouviu falar. Seu nome é John Boyd. Suas teorias transformaram a guerra de manobra em quase todos os departamentos das forças armadas, e muitos aviões caça atuais foram seu projetos.
Porém, apesar dessas incríveis contribuições que ele deixou, não existem bases militares em sua homenagem, quase todos se esqueceram dele e apesar de seus 30 anos de serviço impecável, ele nem sequer tinha passado da patente de coronel.
Isso porque ele vivia de acordo com o seguinte princípio: que era muito melhor seguir principios como HONRA, DEVER e NAÇÃO do que querer ser promovido a todo custo, se desviar e se corromper, colocando sua autossatisfação acima de tudo (ser governado pelo ego, ORGULHO, PODER e GANÂNCIA).
Ele criticava muitas das estruturas e sistemas das forças militares – em que soldados se desviavam dos próprios valores de suas instituições para obterem ganhos pessoais, como reconhecimento e fama.
Ele dizia que ser promovido ou ter um posto mais elevado não significa necessariamente estar fazendo um bom trabalho.
Em um de seus discursos ele disse o seguinte:
“Tigre, um dia você chegará a uma bifurcação na estrada, e precisará decidir para que lado quer ir. Se quiser ir para aquele lado, poderá se tornar alguém. Você precisará fazer acordos e virar as costas para seus amigos. Mas será um membro do clube, será promovido, e receberá boas missões.
Ou, você pode ir para aquele lado e fazer alguma coisa – alguma coisa por seu país, por sua Força Aérea e por si mesmo. Se decidir que quer fazer alguma coisa, talvez não seja promovido e talvez não receba boas missões, e com certeza não será um dos favoritos de seus superiores. Mas não vai precisar se comprometer. Será leal a seus amigos e a si mesmo. E seu trabalho faz a diferença. Ser alguém ou fazer alguma coisa. Na vida, muitas vezes nos deparamos com um chamado. É ai que precisamos fazer uma escolha”
John Boyd
Ryan Holiday complementa mais a frente e diz:
Na vida, haverá momentos em que faremos tudo certo, e talvez até com perfeição. Ainda assim, os resultados, por algum motivo, serão negativos: fracasso, desrespeito, inveja ou um retumbante bocejo do mundo.
Temos um mínimo controle sobre as recompensas por nosso trabalho e esforço – aprovação dos outros, reconhecimento, retribuições.
É muito melhor quando fazer um bom trabalho é suficiente. Em outras palavras, quanto menos nos preocuparmos com os resultados melhor. Quando atender aos nosso próprios padrões é o que nos enche de orgulho e respeito próprio. Quando o esforço basta, não importando se seus resultados são bons ou ruins.
Talvez os seus pais nunca se impressionem. Pode ser que a sua namorada não dê a mínima. Talvez o investidor não enxergue os números. É possível que a plateia não aplauda. Mas precisamos prosseguir. Não podemos deixar que isso seja a nossa motivação. Você não receberá o reconhecimento que merece. Suas expectativas não serão atendidas. Você perderá e falhará.
Então, como prosseguir? Como se orgulhar de si mesmo e de seu trabalho? O conselho de John Wooden para os seu jogadores diz tudo: mude a definição de sucesso. “O sucesso é a paz de espírito, que é um resultado direto da satisfação consigo mesmo por saber que você se esforçou para dar o seu melhor em se tornar o melhor que é capaz de ser”.
Não associe o seu bem estar ao que as pessoas dizem ou fazem. Associe a suas próprias ações. Faça o seu trabalho. E o faça bem. Então, relaxe e deixe Deus agir. Isso é tudo o que é preciso.
Reconhecimento e recompensa são bônus. A rejeição é um problema de quem rejeita e não nosso. O fracasso real é abandonar os seus princípios.
Essa é uma característica de como os grandes pensam. Não que eles vejam fracasso no sucesso. Eles simplesmente se atêm a um padrão que vai além do que a sociedade pode considerar como sucesso objetivo. Por isso, não se importam muito com o que os outros pensam, mas sim em atender aos próprios valores.
Isso que é a maturidade: quando você é guiado por princípios universais e atemporais:
Foda-se os pontos, jogue pelo amor ao jogo!
Um outro exemplo de como se importar com coisas como popularidade, aprovação e fama (colocando-as acima de tudo) pode ser algo extremamente prejudicial é a trágica história de John Kennedy Tolle, que também é contada no livro “O ego é o seu inimigo”:
“O grande livro de John Kennedy Toole, Uma confraria de Tolos, foi rejeitado por todos os editores. Isso deixou tão arrasado que ele cometeria suicídio dentro do carro em uma estrada deserta de Bixoli, Mississippi. Após a sua morte, a mãe de Toole descobriu o livro e batalhou para publicá-lo. E quando isso aconteceu, a obra ganhou o prêmio Pulitzer.Pense nisso por um segundo. O que mudou nessas submissões para análise. Nada. O livro era o mesmo. É por isso que não podemos deixar coisas externas determinarem se algo vale a pena ou não. Cabe a nós decidir. “
Por isso, foda-se os pontos! Jogue pelo amor ao jogo.
O jogo aqui significa a sua paixão.
Os pontos são os símbolos, como o dinheiro, elogios, reconhecimento, prêmios etc… e que apesar deles serem prazerosos eles não te sustentam e que podem te prejudicar se você vive sua vida inteira baseada neles.
Se você jogar apenas pelos pontos, vai perder. É muito superficial correr atrás de símbolos. É o próprio jogo que te faz continuar.
De acordo com Sêneca, a palavra grega euthymia (significa tranquilidade) é um termo que deveríamos pensar com frequência: é a noção do nosso próprio caminho e o conhecimento sobre como permanecer nele sem sermos distraídos por todos os outros caminhos que o cruzam.
Em outras palavras, o importante não é derrotar o outro cara. Não é ter mais do que os outros. É dar o seu melhor para corresponder aquilo que você é, sem sucumbir a todas as coisas que o afastam disso. É ir onde você quer ir. É conquistar o máximo no que escolheu, dentro de sua capacidade.
Por isso: Não faça coisas pela validação ou reconhecimento – Faça o que é certo!
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