Lembre-se, a menos que você se torne como uma criança (desfazendo-se de muitas crenças, preconceitos, ressentimentos, ambições e impulsos inúteis do ego), você não entrará no Reino dos Céus.
Para tornar-se uma “criança”, você deve fazer um esforço para despojar-se de todo o condicionamento mental do passado.
Nesse processo de purificação da mente, pouco a pouco você retornará a sua condição de “criança” que vê o mundo com um olhar feliz e curioso.
Este é o “estado do ser” que Jesus quis expressar quando disse que “a menos que volte a ser como uma criança, você não poderá entrar no Reino dos Céus” – a pureza da mente e inocência.
Entenda que o adulto é aquele que tem preconceitos, julgamentos, sério, que já tirou todas as conclusões sobre o mundo, sobre quem eles são etc. Ele está preso em sua própria mente , cheia de rótulos e conceitos, preconceitos, suposições:
Primeiro, eu vi um bebê recém nascido como “luz”, uma forma de vida do “Poder Criativo”. Enquanto este bebê crescia, tornando-se uma criança e depois um adulto, vi a pura “luz” do “Poder Criativo” enfraquecer nele gradualmente, e, em seguida, ser completamente obscurecida por um denso invólucro de correntes e ataduras.
Cada atadura representa os pensamentos habituais de uma pessoa, suas respostas as demais pessoas e aos eventos, seus preconceitos, ódios, inimizades, ansiedades, preocupações e tristezas, os quais lhe amarram e extinguem a LUZ de sua visão interior que provem do “Poder Criativo”. Assim, ela entra na escuridão, mas não sabe disso. Ela se fecha para DEUS.
Cartas de Cristo
Externamente, até parece que a pessoa está amadurecendo – conquistando dinheiro, fama, mais títulos e cargos. Mas, interiormente, a pessoa não amadurece. Vai ficando sem vida, séria, apática, pois está presa em seu mundo mental e se separa do Todo.
O que significa “humildes de espírito”? Nenhuma bagagem interior, nenhuma identificação. Nenhuma relação com coisas e com conceitos mentais que possuam uma percepção do eu.
O ego não é mais do que isso: a identificação com a forma, o que basicamente corresponde a formas de pensamentos, formas físicas e emocionais.
O ego é um conglomerado de formas de pensamentos recorrentes e de padrões emocionais e mentais condicionados que estão investidos de uma percepção do eu. Ele se estabelece quando o sentido de Existir, do “eu sou”, que é uma consciência sem forma, mistura-se com a forma. Esse é o significado da identificação. Esse é o esquecimento do Ser, o erro fundamental.
Quando a consciencia liberta-se de sua identificação com as formas físicas e mentais, ela se torna o que podemos chamar de consciência pura, iluminada ou presença.
“A mente é a consciência que se colocou limitações. Você é originalmente ilimitado e perfeito. Mais tarde você assume as limitações e se torna a mente”
Ramana Maharshi
A verdade suprema de quem nós somos não é “eu sou isso ou eu sou aquilo” e sim “eu sou”. É a consciência anterior a identificação com as formas – a nossa verdadeira identidade é a consciência propriamente dita em vez de algo com o qual a consciência se vinculará (formas mentais, físicas e emocionais)
E o que é o “Reino dos Céus”. A simples, porém, profunda Alegria do Ser que está presente quando abandonamos as identificações e nos tornamos “humildes de espírito”.
Enquanto a sua mente absorver toda a sua atenção, você não conseguira se conectar com o ser. A mente absorve toda a sua consciência e a transforma em matéria mental. Para se tornar consciente do Ser, você precisa ter de volta a consciência aprisionada pela mente. Essa é uma das tarefas mais essenciais da sua jornada espiritual.
A compreensão da espiritualidade é ver com clareza que o que percebemos, vivenciamos, pensamos ou sentimos não é, em última análise, quem somos.
Que não podemos nos encontrar em todas essas coisas, que são transitórias e se acabam continuamente. É provável que Buda tenha sido o primeiro ser humano a entender isso, e dessa maneira anata (a noção do não eu) se tornou um dos pontos centrais dos seus ensinamentos. E quando Jesus disse “Negue-se a si mesmo” sua intenção era afirmar: negue (e assim desfaça) a ilusão do eu.
É possível abandonarmos a crença de que devemos ou precisamos saber quem somos? Em outras palavras, podemos parar de considerar definições conceituais que nos deem uma percepção do eu? Usar o pensamento para nos definir é algo que nos limita.
É muito fácil termos essas suposições e certezas sobre nós mesmos, pois existe um certo conforto nisso. É algo familiar, seguro. Temos medo de explorar o desconhecido. Quem somos nós quando retiramos todas essas identificações?
O que permanece é a luz da consciência, sob a qual percepções, sensações, pensamentos e sentimentos vêm e vão. Isso é o Ser, o mais profundo e verdadeiro eu.
“Morte significa um despojar-se de tudo o que não é você. O segredo da vida é “morrer antes que você morra” – e descobrir que não existe morte”
Eckhart Tolle
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