O corpo de dor é uma entidade energética de emoções antigas, é toda a acumulação de dor emocional proveniente de experiências dolorosas que vivenciamos na vida.
Toda emoção forte e negativa que não é enfrentada, aceitada e deixada ir, todas elas se juntam e formam um campo energético que vive em todas as células do seu corpo. Isso, é claro, inclui a dor que você sofreu quando criança, causada pela inconsciência do mundo em que nasceu.
Todo esse sofrimento que não foi enfrentado, que não foi observado e purificado pela luz de nossa consciência, não desaparece magicamente. Ele VIVE dentro de nós e é operante!
Eckhart Tolle diz explica sobre o Corpo de Dor no seu livro “Um novo mundo”
“Além da agitação do pensamento, embora não inteiramente separada dele, existe outra dimensão do ego: a emoção. Isso não quer dizer que todo o pensamento e toda emoção pertençam ao ego. Esses elementos se convertem no ego apenas quando nos identificamos com eles ou quando eles assumem o controle sobre nós, isto é, quando se tornam o eu.
Eckhart Tolle
Por isso que dissolver o corpo de dor é uma das tarefas mais importantes no seu processo do despertar espiritual! Podemos dizer que o Corpo de Dor é o aspecto emocional de consciência egoica – é o passado emocional vivendo em nós.
Quanto maior o corpo de dor de uma pessoa, mais a pessoa observará o presente através dos olhos do passado emocional que existe dentro dela. Quando uma pessoa é miserável o que ela vê? Somente miséria.
Por isso é essencial essa disposição de PARAR de fugir de nosso sofrimento! A menos e até que sejamos capazes de enfrentar nosso sofrimento, ele continuará lá presente, pois tudo o que você evita permanece, o que você resiste persiste.
As seguintes frases de Rumi ilustram bem esse processo de transformação do sofrimento:
A única forma de transformarmos o nosso sofrimento é acolhendo-o, dando nossa total atenção a ele, realmente se importar com ele! Só assim podemos realmente transformá-lo! E como fazemos isso? Ficando presente com ele! Dando nossa total atenção a ele!
Como Thich Nhat Hahn expressa no seu livro “Sem lama não há lótus”:
Há muitos sentimentos nos chamando. Cada sentimento é como um filho nosso. O sofrimento é uma criança ferida berrando por nós. Mas nós ignoramos a voz da criança interna.
Thich Nhat Hanh
É isso que nós costumamos fazer! Constantemente fugimos, escapamos e negamos nosso sofrimento. Essa é a abordagem errada. Temos que ter essa disposição de enfrentá-lo e senti-lo para que ele se transmute.
Basicamente, essa dor acumulada é um campo de energia negativa que ocupa seu corpo e sua mente. Ele é como uma entidade viva de dor emocional dentro de nós.
É importante de saber que o corpo de dor apresente um estado adormecido e ativo. Um corpo de dor pode estar dormente 90 por cento do tempo; em uma pessoa profundamente infeliz, porém, pode ser ativo até 100 por cento do tempo.
Algumas pessoas vivem quase inteiramente através de seu corpo de dor, enquanto outras podem experimentá-lo apenas em certas situações. Quando ele está pronto para despertar de seu estágio dormente, até mesmo um pensamento ou uma observação inocente feita por alguém próximo a você pode ativá-lo.
Alguns corpos de dor são desagradáveis, mas relativamente inofensivos, por exemplo, como uma criança que não para de choramingar. Outros são monstros cruéis e destrutivos, verdadeiros demônios.
Alguns são fisicamente violentos; muitos mais são emocionalmente violentos. Alguns irão atacar as pessoas ao seu redor ou perto de você, enquanto outros podem atacar você, seu hospedeiro. Os pensamentos e sentimentos que você tem sobre sua vida tornam-se profundamente negativos e autodestrutivos. Muitas vezes, doenças e acidentes são criados dessa maneira. Alguns corpos de dor levam seus hospedeiros ao suicídio.
Se você não estiver inteiramente presente quando o corpo de dor surgir, ele assumirá o controle de seu diálogo interno, ele “possuirá” você. Quando o corpo de dor está no comando, ele começa a falar com você (através de seu diálogo mental) de uma forma intensamente negativa e distorcida – toda interpretação, tudo o que ele falar, todo julgamento sobre a vida, outras pessoas, sobre a situação em que você se encontra, será distorcida pela sua dor emocional.
Esse é um dos principais alimentos do Corpo de dor – ele extrai sua energia por meio dos pensamentos negativos.
O Corpo de dor adora se alimentar da negatividade e gosta de se alimentar provocando reações em outras pessoas, principalmente no parceiro e família (as pessoas que são mais próximas a você). Ele irá provocar a outra pessoas até conseguir uma reação emocional negativa dela. O corpo de dor amam conflitos, brigas, dor, drama – ele se alimenta e cresce por meio disso.
Por isso mesmo, é muito importante reconhecer os primeiros sinais de negatividade e sofrimento em você! Reconheça e imediatamente fique alerta, fique presente.
Reconheça quando o seu corpo de dor mudar de seu estado dormente para ativo, percebe e fique atento toda vez que algo, alguém, alguma situação disparar alguma reação emocional negativa em você!
Toda vez que você tiver uma reação desproporcional a realidade, é porque o seu corpo de dor se ativou. Por exemplo, alguém te diz um comentário simples e aparentemente inofensivo como “Você esqueceu de colocar o lixo para fora”. Algo simples como isso pode desencadear uma reação totalmente desproporcional a realidade – a pessoa fica com uma raiva intensa, um desejo de ferir e machucar os outros! São nesses momentos que temos que “exercitar” a nossa PRESENÇA!
Comece a identificar as situações que mais disparam suas emoções! Quais são as vezes que você atua de forma inconsciente? Que você perde o controle sobre si mesmo? Que parece que uma entidade te possuiu? Que você tem uma reação totalmente desproporcional a realidade?
Toda vez que você tem uma reação exagerada a algo, que é desproporcional a realidade, isso é um ALERTA de que existe algo dentro de você que não foi exposto, que não trazido a tona, algo que está reprimido.
O que você tem que fazer quando uma situação desse tipo ocorrer é simplesmente observar sua reação emocional. Respire fundo, foque sua atenção na sua respiração e tome consciência da emoção que você está sentindo, sem querer mudá-la.
Simplesmente observe, sem julgar ou rotular mentalmente sua experiência. Não digue isso é “bom”, “ruim” ou “Eu não deveria estar me sentindo assim” etc. Você poderia se permitir sentir sua necessidade de reagir, poderia dar espaço a ela?
Essas reações são um sinal para você trazer mais consciência, pois é somente a partir dela que conseguimos desfazer esses padrões reacionais automáticos.
Essa frase do Adyashanti fala exatamente sobre o poder da consciência na transformação desses padrões inconscientes:
Libertando-se do corpo de dor
Eckhart Tolle explica no seu livro “Um novo mundo” sobre como nos libertarmos do corpo de dor:
“O começo da nossa libertação do corpo de dor está primeiramente na compreensão de que o temos. Depois, e mais importante, na nossa capacidade de permanecer presentes o bastante, isto é, atentos o suficiente, para percebê-lo como um pesado influxo de emoções negativas quando entra em atividade.
No instante em que é reconhecido, ele não consegue mais se passar por nós e viver e se renovar por nosso intermédio. É nossa presença consciente que rompe a identificação com o corpo de dor.
Quando não nos identificamos mais com ele, o corpo de dor torna-se incapaz de controlar nossos pensamentos e, assim, não consegue se renovar, pois deixa de se alimentar deles.
Na maioria dos casos, ele não se dissipa imediatamente. No entanto, assim que desfazemos sua ligação com nosso pensamento, ele começa a perder energia. O pensamento para de ser embotado pela emoção enquanto nossas percepções do momento não são mais distorcidas pelo passado.
Sempre que o corpo de dor estiver em atividade, temos que estar cientes de que o que estamos sentindo é o corpo de dor em nós. Esse conhecimento é tudo de que precisamos para interromper a identificação com ele. E quando a identificação cessa, a transmutação tem início.
Não projetarmos as antigas emoções nas situações significa que devemos encará-las diretamente dentro de nós. Pode não ser agradável, nas isso não chega a nos matar. Nossa presença é mais do que capaz de contê-las. As emoções não são quem nós somos.
Portanto, quando sentir o corpo de dor em você, não cometa o equívoco de pensar que existe algo de errado com você. O ego adora quando você faz de si mesmo um problema. O conhecimento precisa ser seguido de aceitação. Aceitação significa que você se permite sentir qualquer coisa naquele momento. Isso é parte da essência do Agora. Você não pode discutir com o que é. Bem, você pode. No entanto, se fizer isso, sofrerá.“
Eckhart Tolle
Isso é algo muito importante de entender! Só conseguimos superar o corpo de dor se primeiramente assumirmos a responsabilidade pelo nosso estado interior no momento, sem culpar outras pessoas. Culpar pessoas pelo que você está sentindo faz com que você não consiga transformar suas emoções. Quer ficar preso a um mesmo padrão emocional para sempre? Então é só você culpar os outros!
No seu livro “Deixar ir: O caminho do desapego” o Dr David R. Hawkins diz o seguinte sobre esse mecanismo de projeção:
Dos mecanismos usados pela mente para manter o sentimento reprimido, negação e projeção são talvez os métodos mais conhecidos, visto que tendem a acontecer juntos e reforçar um ao outro.
Em vez de senti-lo, o projetamos no mundo e nas pessoas ao nosso redor. Vivenciamos o sentimento como se pertencesse a eles. Portanto eles se tornam o inimigo ; a mente procura e encontra justificativas para reforçar a projeção.
A culpa é colocada em pessoas, lugares, comida, instituições, grupos rivais e outras coisas fora de nós mesmos.
David R. Hawkins
Então, assuma responsabilidade total pelo seu estado interior! Nada está lá fora, tudo está dentro de você!
Para se libertar do corpo de dor, a chave é a consciência. Ego envolve inconsciência. A consciência e o ego não podem coexistir, quando ele é reconhecido o, ele não pode mais fingir ser você.
Se você estiver presente, o corpo de dor não ira se alimentar mais de seus pensamentos. Simplesmente observe-o, seja a testemunha, dê espaço ao sofrimento, permita que ele esteja alí, mas não se identifique. Apenas SINTA-O, OBSERVE-O. Gradualmente a energia por trás dele se dissipará.
Assim como não se pode lutar contra a escuridão, não se pode lutar contra o sofrimento. Tentar fazer isso poderia gerar um conflito interior e um sofrimento adicional. Observar o sofrimento já é o bastante. Observá-lo implica aceitá-lo como parte do que existe naquele momento .
Portanto, fique atento a qualquer sinal de infelicidade em você mesmo, em qualquer forma – pode ser o corpo de dor que está despertando. Isso pode assumir a forma de irritação, impaciência, humor sombrio, desejo de magoar, raiva, depressão, necessidade de ter algum drama em seu relacionamento e assim por diante.
Pegue-o no momento em que ele despertar de seu estado dormente. Fique atento e presente com ele. Com essa disposição de permanecer presente com ele, naturalmente essa energia emocional negativa vai se dissipar.
Como o Dr. David Hawkins nos aconselha no seu livro “Deixar ir”:
“Nós rendemos um sentimento por permitir que ele esteja presente, sem condenação, julgamento ou resistência. Simplesmente olhamos para ele, o observamos e permitimos que seja sentido sem tentar modificá-lo. Com a disposição para render um sentimento, ele vai se esgotar no tempo devido”
David R. Hawkins
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