O sofrimento e a felicidade são orgânicos por natureza, e isso significa que ambos são transitórios, estão sempre mudando. A flor quando murcha se transforma em adubo. O adubo pode ajudar mais uma vez na germinação da flor. A felicidade também é orgânica e impermanente por natureza. Ela pode se transformar em sofrimento e o sofrimento pode se transformar em felicidade novamente.
A arte de transformar o sofrimento
Ser capaz de desfrutar a felicidade não requer que tenhamos zero sofrimento. De fato, a arte da felicidade também é a arte do sofrimento. Quando aprendemos a admitir, acolher e compreender o nosso sofrimento, sofremos muito menos. Além disso, nós também somos capazes de ir além e transformar o nosso sofrimento em compreensão, compaixão e alegria em benefício nosso e dos outros.
Uma das coisas mais difíceis de nós aceitarmos é que não existe um reino onde só há felicidade e o sofrimento seja inexistente. Isso não significa que devemos nos desesperar. O sofrimento pode ser transformado. Onde há sofrimento, há felicidade.
Se focarmos exclusivamente na busca da felicidade, podemos considerar o sofrimento como algo a ser ignorado ou resistido. Pensamos nele como algo que obstrui o caminho da felicidade. Mas a arte da felicidade também é, ao mesmo tempo, a arte de saber sofrer de forma adequada. Se soubermos usar o nosso sofrimento, podemos transformá-lo e sofrer muito menos. Saber sofrer adequadamente é fundamental a realização da verdadeira felicidade.
O sofrimento e a felicidade não estão separados
Pensar que devemos ser capazes de ter uma vida sem qualquer tipo de sofrimento é tão delusório quanto pensar que devemos ser capazes de ter um lado direito sem um lado esquerdo. Se não houver lado direito, então não haverá lado esquerdo. Onde não há sofrimento, também não pode haver felicidade, e vice-versa.
A felicidade é possível hoje, agora mesmo, mas a felicidade não pode existir sem sofrimento. Algumas pessoas acreditam que para serem felizes devem evitar todos sofrimento, e por isso, elas estão constantemente vigilantes, constantemente preocupadas. Se você for capaz de reconhecer e aceitar sua dor, sem fugir dela, descobrirá que embora a dor esteja ali, a alegria também pode estar ali ao mesmo tempo.
A maneira de sofrer adequadamente e de ser feliz é permanecendo em contato com o que está realmente acontecendo.
Sem lama não há lótus
Todo mundo sabe que precisamos ter lama para os lótus germinarem. A lama não cheira muito bem, mas as flores de lótus são muito perfumadas. Se você não tiver a lama, o lótus não se manifestará.
Nós devemos nos lembrar que o sofrimento é um tipo de lama que precisamos para gerar alegria e felicidade. Sem sofrimento não há felicidade. Não devemos, portanto, discriminar a lama. Temo que aprender a abraçar e ninar o nosso próprio sofrimento e o sofrimento do mundo, com muita ternura.
Se você souber fazer um bom uso da lama, você poderá cultivar lindas flores de lótus. Se souber fazer um bom uso do sofrimento, você poderá produzir felicidade. Nós precisamos sim de algum sofrimento para que a felicidade seja possível. E a maioria de nós tem sofrimento o suficiente, dentro e a nossa volta, para ser capaz de fazer isso. Não temos mais que criar sofrimento.
Até mesmo o Buda sofria
Thich Nhat Hahn diz que até Buda sofri, porque ele tinha um corpo, sentimentos e percepções, como todos nós temos. É bem provavel que as vezes ele tivesse uma dor de cabeça, podia ter problemas intestinas se comesse algo ruim. Ele sofreu fisicamente e emocionalmente também. Quando um de seus queridos alunos morreu, Buda sofreu. Buda não era uma pedra. Era um ser humano. Mas como ele tinha muita compreensão, sabedoria e compaixão, ele sabia como sofrer, e por isso sofria muito menos.
As 4 Nobres Verdades
O primeiro ensinamento que Buda proferiu após a sua iluminação foi sobre o sofrimento. Esse ensinamento é designado de “As 4 nobres verdades”, que são: o sofrimento existe; há um curso de ação que gera sofrimento; o sofrimento cessa (isto é, a felicidade existe); e há um curso de ação que conduz a cessação do sofrimento (o surgimento da felicidade).
Buda estava dizendo que se pudermos reconhecer o sofrimento e abraçá-lo, examinando profundamente suas raízes, desse modo, vamos ser capazes de abandonar os hábitos que o alimentam e, ao mesmo tempo, encontrar um caminho de felicidade.
Do que é feito o sofrimento?
Existe o sofrimento do corpo, incluindo sensações de dor, doença, fome e ferimentos físicos. Parte desse sofrimento é inevitável. Também existe o sofrimento mental, como a ansiedade, o ciúme, o desespero, o medo e a raiva.
Quando você corta o dedo, você apenas lava-o e o seu corpo sabe como curá-lo. Quando um animal não humano, habitante da floresta, é ferido, ele sabe o que fazer. Ele para de sair em busca do prazer ou de procurar uma companheira. Ele sabe, através de gerações de conhecimento ancestral, que não é bom fazer isso. Então, ele encontra um lugar tranquilo e simplesmente se deita, sem fazer mais nada.
Animais não humanos sabem instintivamente que parar é a melhor maneira de ser curado. Eles não precisam de um médico, de uma farmácia, ou de um farmacêutico,
Nós, seres humanos, costumavamos ter este tipo de sabedoria. Mas perdemos o contato com ela. Não sabemos mais como descansar. Não deixamos o corpo descansar para soltar a tensão, e curar-se. Confiamos quase que inteiramente em medicação para lidar coma doença e a dor. No entanto, as formas mais eficazes de aliviar e transformar nosso sofrimento já estão disponíveis para nós sem qualquer prescrição e sem nenhum custo financeiro.
O remédio que cura
“A principal aflição da nossa civilização moderna é que não sabemos lidar com o sofrimento dentro de nós, e tentamos encobri-lo com todos os tipos de consumo.”
Não adianta tentar encobrir o sofrimento. A menos e até que sejamos capazes de enfrentar nosso sofrimento, não podemos estar presentes e disponíveis para a vida, e a felicidade continuará a nos escapar.
Há muitas pessoas que têm um sofrimento enorme, e não sabem lidar com ele. Para muita gente, isso já começa desde a mais tenra idade. Então por que as escolas não ensinam aos nossos jovens o método de lidar com o sofrimento? Se um aluno é muito infeliz, ele não consegue se concentrar e não consegue aprender. O sofrimento de cada um de nós afeta os outros. Quanto mais aprendermos a arte de sofrer bem, tanto menos sofrimento haverá no mundo.
Consciência plena é a melhor maneira de estar com o nosso sofrimento sem ser oprimido por ele. Consciência plena é a capacidade de permanecer no momento presente, para saber o que está acontecendo no aqui e agora.
Estar consciente significa estar cônscio. Consciência plena é a energia de saber o que está acontecendo no momento presente. Quando inspiramos e sabemos que estamos inspirando, isso é consciência plena. Quando damos um passo e sabemos que os passos estão acontecendo, estamos conscientes dos passos.
Consciência plena é sempre consciência plena de alguma coisa. É a energia que nos ajuda a estar conscientes do que está acontecendo no exato momento e lugar; em nosso corpo, em nossos sentimentos, em nossas percepções e a nossa volta.
Com consciência plena, você pode reconhecer a presença do sofrimento em você e no mundo. E é com essa mesma energia que você acolhe o sofrimento com ternura. Ao estar ciente de sua inspiração e expiração, você gera a energia da consciência plena, para poder continuar acalentando o sofrimento.
Gerando consciência plena
A maneira de começarmos a produzir o remédio da consciência plena é parando e respirando conscientemente, totalmente atentos a nossa inspiração e a nossa expiração. Quando paramos e respiramos desta forma, unimos o corpo com a mente e voltamos para o nosso lar interno. Ao reconhecer a tensão, a dor, o estresse em nosso corpo, podemos banhá-lo em nosso consciência atenta, e este é o início da cura.
Se cuidarmos do sofrimento dentro de nós, teremos mais clareza, energia e força para ajudar a resolver o sofrimento da violência, da pobreza e da desigualdade de nossos entes queridos, bem como o sofrimento em nossa comunidade e no mundo. Se, no entanto, estivermos preocupados com o medo e desespero em nós, não poderemos ajudar a extirpar o sofrimento dos outros.
Existe uma arte para se sofrer de maneira adequada. Se soubermos cuidar do nosso sofrimento, não só sofremos muito, muito menos, como também criamos mais felicidade a nossa volta e no mundo.
Admitindo e acolhendo o sofrimento
O primeiro passo na arte de transformar o sofrimento é retornarmos ao nosso lar interno e admitir que há sofrimento. Quase não paramos sequer para tomar um folego, nem mesmo para perceber que estamos sofrendo – até que, de repente, aparentemente vindo do nada, o sofrimento nos domina. Nosso pensamento, percepção e preocupação roubam todo o nosso espaço interno e nos impedem de estar em contato com o que está acontecendo em cada momento.
Buda disse que nada pode sobreviver sem alimento. Isso é verdade, tanto em relação a existência física dos seres vivos como também aos estados mentais. O amor precisa ser cultivado e alimentado para sobreviver; e nosso sofrimento também sobrevive porque nós o permitimos e o alimentamos.
Nós ruminamos o sofrimento, o arrependimento e a tristeza. Nós os mastigamos, os engolimos, trazemo-los de volta e os comemos muitas e muitas vezes. Se estivermos alimentando o nosso sofrimento enquanto caminhamos, trabalhamos, comemos ou conversamos, estaremos nos tornando vítimas dos fantasmas do passado, do futuro ou das nossas preocupações no presente. Não estaremos vivendo a vida.
Se tentarmos usar o consumo para ignorar ou nos distrair do nosso sofrimento, faremos com que o sofrimento piore. Ligaremos a televisão, falaremos ou passaremos torpedos, fofocaremos ao telefone, entraremos na internet. Nós nos pegaremos diante da geladeira várias e várias vezes.
Quando nos desligamos da nossa dor mental, estamos também abandonando os nossos corpos onde o sofrimento está sendo armazenado. Quando sentimos solidão e desespero, buscamos encobri-los e fazer de conta que eles não estão ali. Não nos sentimos muito bem internamente, então para esquecer, vamos procurar algo para comer, mesmo que estejamos totalmente sem fome.
Comemos na tentativa de nos sentir melhor, porém ficamos viciados em comida, porque estamos tentando encobrir o sofrimento interno, e o verdadeiro problema é deixado de lado. Ou podemos nos tornar viciados em jogos de computador, ou outros tipos de diversão audiovisual, que em vez de nos fazer sentir melhor, elas nos entorpecem somente por algum tempo, e depois nos fazem sentir pior. Consumir a fim de encobrir nosso sofrimento não funciona. Precisamos de uma prática espiritual para ter a força e habilidade para contemplar profundamente o nosso sofrimento, para compreendê-lo com clareza e provocar um avanço.
Parando e reconhecendo o sofrimento
“Inspirando, eu sei que há sofrimento. Expirando, eu digo olá para o meu sofrimento.”
Respirar conscientemente exige a presença de nossa mente, do nosso corpo e da nossa intenção. Com nossa respiração consciente, reunificamos o nosso corpo e mente, e chegamos ao momento presente. A cada respiração geramos energia de consciência plena, unindo a mente e o corpo no momento presente para receber esse carinhoso reconhecimento do nosso sofrimento.
Em apenas duas ou três respirações em plena atenção, você pode perceber que o arrependimento e a tristeza concernente ao passado deram uma pausa, bem como a incerteza, o medo e as preocupações acerca do futuro.
Corpo e mente juntos
Cada um de nós tem um corpo, mas nem sempre estamos em contato com ele. Talvez o nosso corpo precise de nós, ou esteja nos chamando, mas não o ouvimos.
Se pudermos entrar em contato com o nosso corpo, então poderemos também entrar em contato com nossos sentimentos. Há muitos sentimentos nos chamando. Cada sentimento é como um filho nosso. O sofrimento é uma criança ferida berrando por nós. Mas nós ignoramos a voz da criança interna.
O processo de cura começa quando nós inspiramos conscientemente. Na vida diária, muitas vezes o nosso corpo está aqui, mas nossa mente está desligada no passado, no futuro ou em nossos projetos. A mente não está com o corpo. Quando inspiramos e focamos a atenção em nossa inspiração, nós reunimos corpo e mente, nos tornamos conscientes do que está acontecendo no momento presente, em nosso corpo, em nossas percepções, e em torno de nós.
Quando trazemos nossa mente de volta ao lar do nosso corpo, algo maravilhoso acontece: nosso discurso mental interrompe sua tagarelice. Pensar pode ser produtivo, mas a verdade é que a maioria do nosso pensamento é improdutivo.
A atração das distrações
Quando paramos a agitação mental e retornamos para nós mesmos, a enormidade e crueza do nosso sofrimento pode parecer muito intensa, pois estamos muito acostumados a ignorá-lo e a nos distrair. Quanto sentimos o sofrimento, temos o ímpeto de fugir dele, e nos encher com comida de má qualidade, entretenimento de má qualidade, qualquer coisa que mantenha nossa mente desligada da dor que está dentro de nós. Isso não funciona. Nós podemos ter sucesso em atenuar nossa dor por pouco tempo, mas o sofrimento interior quer nossa atenção e está implorando por ela!
Fugimos de nós mesmos porque não queremos estar conosco. Nossa dor é um tipo de energia desagradável. Tememos que se largarmos nossas diversões e nos voltarmos para nós mesmos, vamos ser esmagados pelo sofrimento, desespero, raiva, e solidão interna. Por isso continuamos a fugir. Mas se não tivermos o tempo e a vontade de cuidar de nós mesmos, como poderemos oferecer algum cuidado genuíno as pessoas que amamos?
Por isso, a primeira prática é parar de correr, ir para a casa do nosso corpo e admitir o nosso sofrimento. Quando notamos que a raiva ou a ansiedade estão vindo a tona, podemos reconhecer essas sensações de sofrimento. O sofrimento é uma energia. A consciência plena é outra energia que podemos invocar para vir abraçar o sofrimento.
Com a respiração consciente, você pode reconhecer a presença de um sentimento doloroso, da forma como um irmão mais velho cumprimenta um irmão mais novo. Você pode dizer: “Olá, meu sofrimento. Eu sei que você está ai”. Podemos dizer “Bom dia minha dor, minha tristeza, meu medo. Estou vendo vocês. Estou aqui, não se preocupem.
Acolhendo o sofrimento
Se deixarmos o sofrimento se manifestar e simplesmente se apossar de nossa mente, podemos ser rapidamente dominado por ele. Então, nós temos que convidar outra energia, a energia da consciência, para vir a tona, ao mesmo tempo. A função da consciência plena é, primeiro, reconhecer o sofrimento e depois cuidar dele. O trabalho da consciência é primeiro reconhecer o sofrimento e depois acolhê-lo.
A mãe cuida do de um bebê que chora vai naturalmente pegar a criança nos braços sem suprimir, julgar, ou ignorar o choro. A consciência plena é como esta mãe, reconhecendo e acolhendo o sofrimento sem julgamentos.
A prática, portanto, é não lutar ou reprimir o sentimento, mas sim acalentá-lo com muita ternura.
Acolher nosso sofrimento parece ser o oposto do que queremos fazer, especialmente se o nosso sofrimento for muito grande, como é o caso da depressão. A depressão é uma das formas mais comuns de sofrimento em nosso tempo. Ela pode roubar a nossa paz, a nossa alegria, a nossa estabilidade, e até mesmo a nossa capacidade de comer, de nos movimentar, ou de fazer tarefas simples. A depressão pode parecer instransponível e podemos pensar que a única coisa que podemos fazer é ou fugir dela ou sucumbir a ela.
Mas admitir e acolher acriticamente este grande sofrimento não é, de forma alguma, a mesma coisa que sucumbir a ele. Uma vez que você tenha oferecido o seu reconhecimento e cuidado ao sofrimento, ele vai naturalmente se tornar menos impenetrável e mais trabalhável; então, você tem a oportunidade de examiná-lo profundamente, com amabilidade (mas sempre com a base sólida da respiração consciente lhe apoiando), e descobrir por que ele se formou em você. Ele está tentando chamar sua atenção para dizer alguma coisa, e agora você pode aproveitar a oportunidade para ouví-lo.
Você pode descobrir, através da contemplação profunda, como transformar este “lixo” orgânica em adubo, que por sua vez, pode se transformar em muitas flores belas de compreensão, compaixão e alegria.
Contemplando profundamente
Tendo acolhido o seu filho por alguns minutos, uma mãe ou um pai carinhoso e atencioso geralmente descobre a causa do sofrimento do bebê. Talvez o bebê estivesse com fome ou com um pouco de febre. O mesmo acontece com nosso sofrimento.
Depois de termos acolhido e ninado o nosso sofrimento por algum tempo, podemos contemplá-lo profundamente e começar a entender sua causa e o que veio alimentando-o. Compreendendo a natureza da situação, fica muito mais fácil de transformá-la.
A importante prática de cultivar a compreensão com plena consciência significa acima de tudo compreender o sofrimento: o sofrimento dentro de nós e o sofrimento dos outros. Um ser humano sem compreensão é um ser humano, sem compaixão, completamente só, desligado e isolado. Para nos conectar com os outros, entrentanto, temos que primeiro estar dispostos a nos examinar profundamente.
A dor de nossos ancestrais
Uma parte do nosso mal estar vem de mágoas e dores concernentes a nossa própria vida; mas outra parte nos foi transmitida por nossos ancestrais. Você é uma continuação de seus pais. O seu corpo e mente contêm os sofrimentos e as esperanças deles, e também os seus próprios.
Então, se há sofrimento dentro de você que você não sabe de onde vem, ao contemplar profundamente pode ser que você compreenda que este é um sofrimento dos seus ancestrais, transmitido de uma geração a outra, porque ninguém sabia como reconhecê-lo, acolhê-lo e curá-lo. Não é culpa sua, nem é culpa deles.
Muita gente tem raiva dos pais por causa do sofrimento que sentiu quando criança. Elas dizem: “Esse homem, eu não quero ter nada a ver com ele”. Você pode acreditar que o seu pai está fora de você, mas o seu pai também está dentro de você. Seu pai está presente em cada célula do seu corpo. Você não pode retirar o seu pai de você, é impossível. Ao ficar zangado com seu pai, você está ficando com raiva de si mesmo. O sofrimento dos pais é o sofrimento do filho.
Então, parte da contemplação profunda do nosso sofrimento é saber que ele não é só nosso. Quando somos capazes de acolher o nosso sofrimento, estamos também acolhendo os nossos ancestrais, e a cura retrocede a atravessa as gerações. Quando praticamos a respiração consciente para saber como admitir, acolher e transformar nossa dor, nós fazemos isso por eles e também por nós. Em seguida, podemos curar não só o nosso próprio sofrimento e o de nossos ancestrais, mas também podemos evitar que esse sofrimento seja transmitido para os nossos entes queridos, para os nossos filhos e os filhos deles.
Sua verdadeira aspiração
Quando estamos com muito medo, geralmente estamos totalmente focados em impedir o evento que tememos e nos esquecemos de que a alegria também é possível, mesmo em um mundo imprevisível.
Muito de nós labutam até o fim da vida sem consciência da sua atenção ou intenção. Estabelecemos uma trajetória para nós e seguimos em frente, sem parar para questionar se esse caminho está satisfazendo os nossos objetivos mais importantes. Em parte, isso acontece porque muito de nós acreditamos que a felicidade não é possível no aqui e agora.
Pensamos que precisamos lutar agora para poder ser feliz no futuro. Por isso, adiamos a felicidade e tentamos correr em direção ao futuro e alcançar as condições de felicidade que agora não temos.
Se você inspira e traz sua mente para a casa do seu corpo, poderá reconhecer imediatamente as inúmeras condições de felicidade que você já tem. Muitos de nós acreditamos que só podemos ser felizes se tivermos muito poder, fama, riqueza e prazeres sensuais. Mas quando olhamos a nossa volta, vemos que há pessoas que têm essas coisas em abundância mas não estão felizes. Esses objetos de desejo não são condições reais de felicidade.
Se não tivermos nos permitido parar, voltar para a nossa casa interior e contemplar profundamente, pode ser que não saibamos o que nos traz nossa felicidade mais profunda. Talvez estejamos trabalhando muito para ter sucesso numa área, mas a nossa aspiração mais profunda seja trabalhar em outra área ou ajudar pessoas de alguma forma. Precisamos parar e nos questionar: “Será que posso realizar minha aspiração mais profunda se eu prosseguir nesse caminho?” “O que realmente está me impedindo de tomar o caminho que desejo mais profundamente?”
Desenvolvendo compreensão e compaixão
Assim como o adubo bem preparado torna-se um jardim em flor, quando cuidamos da nossa tristeza e a examinamos profundamente, ela se transforma em compreensão e compaixão.
O caminho da compreensão é iniciado ouvindo a si mesmo, pois as raízes do nosso sofrimento estão profundamente conectadas com as raízes do sofrimento dos outros. Geralmente pensamos que as outras pessoas, como os nossos pais, ou colegas de trabalho devem ser culpados pela nossa dor. Mas se examinarmos mais profundamente, podemos compreender as verdadeiras origens do nosso sofrimento, e também podemos entender que a pessoa que achamos que está ali para nos agredir é vítima do seu próprio sofrimento. A compreensão da nossa própria dor nos permite ver e compreender o sofrimento dos outros. Examinar sem julgar, possibilita-nos compreender, e assim nasce a compaixão. A transformação é possível.
Quando você está chateado com alguém, pode parecer a primeira vista que a outra pessoa não tenha motivos para sofrer. A vida dele pode aparentar ser alegre e despreocupada, e ele pode ter todas as coisas da vida que você acha que quer. Mas quando você é capaz de examinar profundamente, você verá o sofrimento dentro dele.
Ao sentar e andar conscientemente, direcione sua atenção para as causas subjacentes ao comportamento da outra pessoa. Compreenda claramente que ele tem muita dor dentro de si e não sabe lidar com isso. Por isso ele sofre tanto e faz com que outras pessoas ao seu redor sofram. O que ele precisa é de ajuda, não de punição. Se você mantiver essa prática, o sofrimento da raiva ou ciúmes em você se dissipará, e a flor da compaixão nascerá.
Sem compaixão e compreensão, você estará completamente só e desconectado. Você não consegue se relacionar com nenhum outro ser humano.
Com a prática da consciência plena, começando com a nossa respiração consciente, nós admitiremos que há sofrimento dentro de nós, e que o sofrimento também está presente na outra pessoa. Nós mesmo precisamos de ajuda. A outra pessoa também precisa de ajuda. Ninguém precisa receber punição. Então quando você estiver com raiva e sofrer, não tente dizer ou fazer algo para punir a outra pessoa, pois já existe muito sofrimento dentro dela, e puni-la não melhorará a situação de forma alguma.
A maneira mais efetiva de demonstrar compaixão pelo outro é ouvindo, em vez de falando. Se conseguir ouvir a outra pessoa com compaixão, a sua escuta é um bálsamo para a ferida dela. Na prática da escuta compassiva, você ouve com apenas um objetivo: dar a outra pessoa a oportunidade de falar a vontade e sofrer menos.
Esta prática requer uma concentração estável e que você respire conscientemente para não interromper ou tentar corrigir o que ouve. Enquanto a outra pessoa fala, você pode ouvir muita amargura, percepção errada e acusação no discurso dela. Se permitir que estas coisas desencadeiem sua raiva, perderá a capacidade de escutar profundamente.
Em vez disso, mantenha o verdadeiro propósito e lembre-se: “O meu único objetivo, ouvindo dessa maneira, é ajudar a outra pessoa a sofrer menos. Ela pode estar cheia de percepções erradas, mas não vou interrompê-la. Se eu intervir com a minha opinião sobre as coisas ou corrigi-la, vai se tornar um debate, não a prática da escuta profunda. Em outro momento, pode ser que surja uma oportunidade de eu oferecer a ela um pouco de informação que possibilitará a ela corrigir suas percepções erradas, mas não agora.”
Aliviando o sofrimento
Se soubermos administrar os pequenos sofrimentos, não teremos de sofrer diariamente. Podemos praticar eixando para lá o que os franceses chamam de les petites miseres, as pequenas infelicidades, e poupar nossa energia para acolher e aliviar as dores reais da doença e perda que são inevitáveis.
Arremessando a flecha
Há um ensinamento budista que se encontra no Sutra Sallatha, conhecido como “A flecha”. O sutra diz que se uma flecha lhe acertar, você sentirá dor naquela parte do corpo atingida pela flecha; e depois, se uma segunda flecha vier e acertar exatamente aquele mesmo lugar, a dor não será dobrada, ela será pelo menos dez vezes mais intensa.
As coisas indesejáveis que ás vezes acontecem na vida – ser rejeitado, perder um objeto de valor, fracassar num teste, ser ferido num acidente – são análogos a primeira flecha. Elas podem causar alguma dor. A segunda flecha, arremessada por nós mesmos, são nossas reações, nossas interpretações e ansiedades. Todas essas coisas ampliam o sofrimento. Muitas vezes, o maior desastre que estamos ruminando sequer aconteceu.
Podemos rapidamente evocar mentalmente um reino infernal de negatividades, que multiplica o estresse do evento real por dez vezes ou mais. Parte da arte de sofrer apropriadamente é o aprendizado de não ampliar a dor, ou de deixar ser arrastado pelo medo, raiva e desespero.
Você não precisa piorar o sofrimento tecendo histórias na sua cabeça que são muito piores do que a realidade.
Em vez de jogar fora a energia boa, condenando a si mesmo ou ficando obcecado sobre qual catástrofe poderia estar prestes a acontecer, você pode ficar simplesmente presente com o sofrimento real diante de você, com o que está acontecendo agora mesmo. Consciência plena é reconhecer o que existe no momento presente. Há sofrimento sim; mas o que também está acontecendo é que você ainda está vivo: “Inspirando, eu sei que estou vivo“. Sempre há condições de felicidade disponíveis, aqui e agora!
A maioria das segundas flechas que atiramos em nós mesmos vem de nossas crenças. Um problema fundamental que nos traz sofrimento é a ideia de sermos um eu separado. Isso faz surgir o complexo de inferioridade, superioridade e igualdade. Enquanto tivermos a ideia de um eu, tentaremos proteger esse eu fugindo de todos os tipos de ameaças e desconfortos.
Toda vida tem suas provações e atribulações. Podemos navegá-las com mais habilidade quando não perdemos tempo e energia atirando uma segunda flecha em nós mesmos
5 Práticas para nutrir a felicidade
Nós não temos que esperar pelo fim de todo o sofrimento para podermos ser felizes. A felicidade está disponível para nós aqui e agora mesmo. Mas talvez precisamos mudar nossa ideia de felicidade. Pode ser que a nossa própria ideia de verdadeira felicidade seja o principal obstáculo que nos afasta dela.
Há ostras vivendo nas profundezas do mar que não têm olhos; elas nunca viram o céu azul ou as estrelas. Nós temos olhos, podemos ver o lindo céu acima de nós, mas frequentemente não apreciamos o que temos. Na maior parte do tempo, simplesmente ignoramos o que temos. Há mais condições de felicidade disponíveis do que você e eu podemos contar, muito mais do que é preciso para nos fazer felizes aqui e agora. Se você é capaz de ler um livro, ler e compreender estas palavras você já é mais sortudo do que muita gente
A diferença entre alegria e felicidade
Nós podemos ter experiências de alegria e felicidade, e os ensinamentos budistas fazem sim uma distinção entre as duas. Na alegria, ainda existe algum elemento de excitação.
O método aqui é simples. Você inspira, você traz sua mente para o lar do seu corpo. você se estabelece no aqui e agora e reconhece o que está ao seu redor. Então a alegria e a felicidade nascem facilmente, a partir do reconhecimento de todos os elementos positivos disponíveis agora mesmo.
Por que Buda continuou meditando?
A felicidade é impermanente, como tudo o mais é. Para a felicidade crescer e se renovar, você tem que aprender a alimentar sua felicidade. Nada pode sobreviver sem alimento, inclusive a felicidade, sua felicidade pode morrer se você não souber nutrí-la. Se você cortar uma flor, mas não a colocar em uma porção de água, a flor vai murchar em poucas horas. Mesmo se a felicidade já estiver se manifestando, temos de continuar a nutrí-la.
A primeira prática: deixar para lá
O primeiro método para se criar alegria e felicidade é largar aquilo que não nos serve mais, esquecer. Existe um tipo de alegria que vem de deixar para lá. Muitos de nós estamos atados a muitas coisas.
Acreditamos que essas coisas são necessárias á nossa sobrevivência, a nossa segurança, e a nossa felicidade. Mas muitas delas – ou precisamente, nossas crenças de elas serem absolutamente necessárias – são realmente obstáculos a nossa alegria ou felicidade.
As vezes você pensa que ter uma determinada carreira, diploma, salário, casa ou parceiro é crucial para sua felicidade. Você acha que não pode continuar sem isso. Mesmo quando já alcançou tal situação, ou está com aquela pessoa, você continua a sofrer. Ao mesmo tempo, você ainda teme que se abrir mão do prêmio que conquistou, será ainda pior; você ficará ainda mais infeliz sem o objeto no qual está se agarrando. Você não consegue viver com ele, e não consegue viver sem ele.
Se você examinar profundamente o seu apego medroso, você compreenderá que, na verdade, ele é o próprio obstáculo a sua alegria e felicidade. Você tem a capacidade de largá-lo. Deixar para lá requer muita coragem as vezes. Mas quando você abre mão, a felicidade vem muito rapidamente. Você não tem que sair por aí procurando por ela.
Pegue um pedaço de papel e anote o nome de seus apegos, as coisas que você acha que sejam cruciais para o seu bem estar. Talvez essa semana, você pode começar soltando um deles. Talvez dois. Talvez você demore 1 ano para soltar, talvez mais. Quanto mais você conseguir soltar, mais feliz você será.
A segunda prática: Convidando sementes positivas
Cada um de nós tem muitos tipos de sementes adormecidas nas profundezes de nossa consciência. As sementes que aguamos são as que brotam, ou seja, elas sobem a nossa consciência e se manifestam exteriormente. Desse modo, em nossa consciência existe inferno e também existe o paraíso.
Somos capazes de ser compassivos, compreensivos e alegres. Se prestarmos atenção somente nas coisas negativas em nós, especialmente o sofrimento de mágoas passadas, estamos nos afundando em nossas dores e não recebendo alimentos positivos.
Podemos praticar a atenção apropriada, regando qualidades saudáveis em nós, ao entrarmos em contato com as coisas positivas, que estão sempre disponíveis, dentro e em torno de nós.
Uma maneira de cuidar do nosso sofrimento é convidando uma semente de natureza oposta para vir a tona. Como nada existe sem o seu oposto, se você tiver a semente da arrogância, você também terá a semente da compaixão.
Se você praticar a consciência plena da compaixão, dia após dia, sua semente da compaixão vai se tornar mais forte. Naturalmente, quando a compaixão surge a arrogância desaparece. Você não tem que lutar contra ela.
Podemos regar seletivamente as boas sementes e nos abster de regar as sementes negativas. Isso não significa ignorar o nosso sofrimento, significa apenas permitir que as sementes positivas recebam atenção e sejam nutridas.
A terceira prática: Alegria baseada na consciência plena
A consciência plena tanto nos ajuda a entrar em contato com o sofrimento, para que assim possamos abraçá-lo e transformá-lo, como também entrar em contato com as maravilhas da vida, inclusive o nosso próprio corpo. Desse modo, inspirar torna-se um deleite, e expirar pode também sê-lo.
Quando praticamos os exercícios de respirar ou caminhar conscientemente, nós trazemos nossa mente para a casa de nosso corpo e ficamos estabelecidos no aqui e no agora. Nós nos sentimos muito afortunados por termos tantas condições de felicidade que já estão disponíveis aqui e agora. Então estar plenamente consciente é uma fonte de alegria. Estar plenamente consciente é uma fonte de felicidade.
A consciência plena é uma energia que você pode gerar o dia inteiro através de sua prática. Você pode lavar a sua louça em estado de atenção plena. Você pode cozinhar o seu jantar completamente consciente. Você pode esfregar o chão em um estado de atenção plena.
Você pode criar felicidade o momento que quiser, por meio da consciência plena.
Gostando de estar sentado
Sentar em meditação também é uma oportunidade de nos curar e criar momentos de alegria. Esse não é um momento em que você se obriga a ficar sentado ali, esperando que o sino anuncie o fim da sessão. Isso seria um desperdício.
Esses momentos de vida são muito raros, são muito preciosos e nunca mais voltarão. Muitas pessoas nesse mundo não tem tempo de sentar para fazer nada. , dessa forma, elas acham isso antieconômico ou um luxo, ou dizem “tempo é dinheiro”.
Mas sabemos que sentar em meditação pode ser muito saudável, muito rentável a sua própria maneira. Então, temos que aprender a desfrutar cada momento de meditação sentada, como respirar, sentar, de modo que cada momento de nossa meditação possa nos nutrir e curar.
Apreciando os nossos passos
Muitos de nós estamos numa pressa perpétua, e não apreciamos os passos que damos. Toda vez que paramos e trazemos a mente de volta a nossa respiração e ao nosso passo, podemos produzir um sentimento de paz e alegria, e entrar em contato com as maravilhas da vida.
Estamos sempre a procura de alguma coisa, de alguma felicidade talvez. Então, não percebemos a vida que nos cerca; caminhamos como zumbis, olhando para nossos celulares ou perdidos em pensamentos. Não apreciamos nossos passos.
A consciência plena pode mudar tudo, ajudando você a realmente estar presente e apreciar qualquer coisa que esteja fazendo.
Muitos de nós passamos a vida correndo atrás de confortos materiais e de confortos afetivos. Podemos achar que fomos bem sucedidos – temos dinheiro o suficiente e temos alguém que nos ama e nos compreende; entretanto não estamos felizes. Talvez seja porque não estamos praticando a atenção plena que nos ajudaria a reconhecer as inúmeras condições de felicidade já existentes.
Verso matinal em prol da felicidade
Quando você acordar de manhã, a primeira coisa a fazer é respirar e tornar-se consciente de que você tem 24h novinhas em folha para viver. Este é um presente da vida. Você pode recitar o seguinte poema enquanto pratica a respiração consciente:
“Acordando hoje de manhã eu sorrio
Tenho 24h para viver
Comprometo-me a vivê-las profundamente
e aprender a olhar os seres a minha volta
com olhos compassivos“
Há 4 versos neste poema. O primeiro é para a sua inspiração. O segundo para sua expiração. O terceiro para sua inspiração novamente O quarto para sua expiração. Enquanto você respira, use o verso para focar sua atenção no significado das palavras. Você quer viver as 24h que lhe são dadas de uma maneira que seja possível ter paz, alegria e felicidade. Você está determinado a não gastar suas 24h, porque você sabe que essas 24h são um presente da vida e você recebe esse presente todas as manhãs.
Criando felicidade
Nós sabemos como nutrir a felicidade com a consciência plena. Nós entramos em contato com os elementos maravilhosos em nós e a nossa volta. Não precisamos ficar dando voltas, não temos que sair buscando no futuro. As condições já existem.
Com a consciência plena podemos descobrir que as condições de felicidade, que já dispomos, são suficientes, realmente muito mais do que suficientes, e é possível ser feliz agora mesmo. Quando você anda, pode ser uma celebração, quando você respira com consciência, isso pode ser celebrado. Quando sentamos desse modo, estamos celebrando a vida.
Dispomos de uma infinidade de pequenos momentos felizes que podemos saborear e ampliar. Esteja você bebendo uma xícara de chá, ou dando um passeio, ou simplesmente sentado e olhando, você pode criar felicidade nesse tempo. As pessoas reclamam que não têm felicidade alguma na vida. Nós precisamos encontrar as inúmeras alegriazinhas que a vida tem para oferecer e ajudá-las a cresce.
Eu sugiro que você pegue um pedaço de papel e anote todas as condições para a felicidade disponíveis para você agora mesmo. Uma página pode não ser o suficiente Três ou quatro páginas podem não ser suficientes; Quando reconhecemos todos estes elementos, é tão fácil gerar felicidade.
A quarta prática: concentração
A concentração nasce da consciência plena. A concentração tem o poder de ir além, de destruir as aflições que fazem você sofrer e de permitir que a alegria e a felicidade entrem.
Permanecer no momento presente requer concentração. Preocupações e ansiedades acerca do futuro estão sempre alí, pronto para nos levar para longe. Podemos vê-las, reconhecê-las e usar nossa concentração para retornar ao momento presente.
A quinta prática: discernimento
Discernir significa compreender o que existe. É a clareza que pode nos libertar das aflições, como o ciúmes ou a raiva, e permitir que a verdadeira felicidade venha.
Podemos saber, por exemplo, que algo (como o desejo ou o rancor) é um obstáculo a nossa felicidade e que isso nos traz ansiedade e medo. Sabemos que aquilo não vale a pena o sono que estamos perdendo por sua causa. Mesmo assim, continuamos usando nosso medo e energia ficando obcecados por aquilo.
Nós ficamos, muitas vezes, aprisionados e apegados a situações que não são dignas de nossas preocupações. Se a atenção plena e a concentração estiverem presentes, então o discernimento estará presente.
No passado, provavelmente, nós sofremos de uma coisa ou de outra. Pode até mesmo ter se parecido com um tipo de inferno. Se nos lembrarmos daquele sofrimento, sem nos deixar ser levados por ele, podemos usá-lo para nos lembrar “Como estou sendo afortunado neste momento” – eu não estou naquela situação, eu posso ser feliz. Isto significa ter discernimento.
A felicidade não é uma questão individual
O sofrimento de cada um de nós afeta os outros. Quanto mais pudermos ensinar uns aos outros sobre a arte de sofrer de forma adequada, menos sofrimento haverá em todas as partes do mundo e maior será a felicidade.
Se nossos entes queridos estiverem sofrendo, uma das melhores coisas que podemos fazer é nos oferecer para sentar ou caminhar com eles, e oferecer-lhes a nossa energia de plena consciência e de paz.
Quando você ama alguém, você quer oferecer aquela pessoa algo que possa fazê-la feliz. De acordo com esta prática, a coisa mais preciosa que você pode oferecer ao seu amado é a sua presença.
Como você poderia amar sem estar presente? Para amar, você tem que estar presente. Estar presente é uma prática. Pode ser que o seu corpo esteja presente, mas sua mente esteja em outro lugar. Você está perdido em pensamentos, tristeza medo, você não está ali para o outro. A sua presença é a coisa mais preciosa que você pode oferecer a pessoa que ama.
Encontrando refúgio num ambiente tóxico
Sem uma comunidade é mais difícil para uma pessoa mudar qualquer coisa. Um bom ambiente permite que as melhores coisas se manifestem em nós. Um ambiente tóxico pode fazer com que nossas piores qualidades sejam extravasadas.
Todo mundo precisa do apoio de uma comunidade consciente. Podemos nos unir para criar um ambiente de cura em qualquer lugar que estejamos. Quando nos reunimos e gostamos de praticar respirando juntos em consciência plena, produzimos uma energia coletiva consciente e compassiva que é saudável e muito poderosa.
Em nossas vidas cotidianas, muitos de nós vivemos em ambientes tóxicos de reforçar mutualmente a desconfiança, a competição, a ganância e a inveja. Nós consumimos o nosso ambiente como uma espécie de comida e seus elementos benéficos ou maléficos se infiltram em nós.
Pode ser que você se encontre em um ambiente negativo e não esteja conseguindo sair dele devido as reais necessidades da família ou restrições financeiras. Nesse caso, você pode ser uma força para a mudança positiva. Comece criando o seu próprio porto seguro, mesmo que seja apenas um canto de um quarto ou uma escrivaninha. Não perca a esperança.
A melhor maneira de ajudar os outros a diminuir o medo, ânsia e a violência é mostrando-lhes que há outra maneira.
Qualquer coisa que você possa fazer para diminuir o sofrimento em sua comunidade e no mundo é conhecido como Ação Correta.
O mundo inteiro é território nosso
Podemos pensar que só somos responsáveis pelo nosso próprio sofrimento e felicidade, mas a nossa felicidade aumenta a felicidade do mundo, e o nosso sofrimento é o sofrimento do mundo.
A essência da nossa prática pode ser descrita como a arte de transformar o sofrimento em felicidade. Essa prática não é complicada, mas exige que cultivemos a atenção, a concentração e o discernimento. Ela requer, acima de tudo, que voltemos para o nosso lar interior, façamos as pazes com o nosso sofrimento, tratando-o com ternura, e examinando profundamente as raízes da nossa dor. Nossa prática pede que deixemos para lá os sofrimentos inúteis, desnecessários, que deixemos de atirar a segunda flecha, e dê uma olhada minuciosa na nossa ideia de felicidade.
Finalmente, ela demanda que a gente nutra a felicidade diariamente, com o reconhecimento, a compreensão e a compaixão por nós mesmos e por todos os que nos rodeiam. Nós oferecemos essas práticas a nós mesmos, aos nossos entes queridos, e a comunidade maior. Essa é a arte do sofrimento e a arte da felicidade. A cada respiração, aliviamos o sofrimento e geramos alegria. A cada passo, a flor do discernimento viceja.
Pratica para ser feliz
Os 16 exercícios de respiração
Estes exercícios foram retirados do Sutra Anapanasati sobre a respiração consciente. Os quatro primeiros cuidam do nosso corpo. O segundo grupo de quatro exercícios trata dos nossos sentimentos. O terceiro grupo de quatro exercícios está centrado na mente, e o quarto conjunto, focalizado nos objetos da mente.
Embora o primeiro grupo de exercícios seja principalmente para cuidar do corpo e curá-lo, ao praticá-los você também produz simulataneamente prazer, liberdade e alegria mentais, pois o corpo está sempre se manifestando junto com os sentimentos e com a mente.
A mente pode ser descrita como sendo composta de partículas – como gotas d’agua de um rio chamado de formações mentais. Cada gota d’agua do rio da mente é uma formação mental. Consciência plena, concentração, benignidade e discernimento todos são formações mentais.
O quarto grupo centra-se nos objetos da mente porque as formações mentais sempre têm seus objetos. Estar com raiva é sempre estar com raiva de alguma coisa. Amar significa amar alguém ou algo.
Eis alguns dos exercícios que Thich Nhat Hahn recomenda no seu livro “Sem lama não há lótus: A arte de transformar o sofrimento”:
GRUPO 1: Exercícios de respiração para o corpo
O primeiro exercício é consciência plena da nossa respiração. “Inspirando, estou ciente da minha inspiração. Expirando, estou ciente da minha expiração“. Trazendo nossa consciência para a nossa respiração, paramos todo o pensamento e focamos somente em nossa inspiração e expiração.
O segundo exercício é “Inspirando, eu sigo minha inspiração do início ao fim. Expirando, eu sigo minha expiração do início ao fim.” Este exercício focaliza e concentra a mente. Nós seguimos nossa inspiração e expiração do início ao fim sem interrupção.
O terceiro exercício é “Inspirando, estou ciente do meu corpo como um todo. Expirando, estou ciente do meu corpo como um todo“. Com este exercício lembramos que temos um corpo e trazemos nossa consciência para o nosso corpo, reunindo corpo e mente. Enquanto inspira e expira, tornando-se consciente do seu corpo, você pode notar tensão e dor nele. Você permitiu que a tensão e o estresse se acumulassem no seu corpo, e esse pode ser o ponto de partida para inúmeras doenças. Por isso, você está motivado a soltar essas tensões.
isso é aplicado mais adiante no quarto exercício de respiração consciente: “Inspirando, eu libero a tensão do meu corpo. Expirando, eu libero a tensão no meu corpo”
GRUPO 2: Exercícios de respiração para os sentimentos
Com o quinto exercício você vai do reino do corpo ao reino do sentimento e gera alegria. “Inspirando, eu sinto alegria. Expirando eu sinto alegria“. Um praticante da consciência plena é capaz de gerar alegria e felicidade. Não é tão difícil. O que você está esperando para ser feliz? Você pode ser feliz aqui mesmo e agora mesmo.
Quando você traz sua mente para a casa do seu corpo, você se estabelece no momento presente, e torna-se consciente das muitas maravilhas da vida que existem, dentro e em torno de você. Com tantas condições de felicidade disponíveis, você pode facilmente criar um sentimento de alegria, um sentimento de felicidade.
Então, o quinto e o sexto exercícios representam a arte da felicidade: Como gerar alegria e felicidade em benefício do seu prazer e da sua cura. Os próximos dois exercícios são para reconhecer e cuidar da dor que está lá.
O sétimo é “Inspirando, estou ciente do sentimento doloroso em mim” Quando um sentimento doloroso surge, o praticante sabe como usar a consciência plena para lidar com isso. Você não permite que o sentimento doloroso lhe oprima ou lhe leve a reagir de uma forma que cria sofrimento para você mesmo e para os outros.
“Inspirando, eu estou ciente do sentimento de dor em mim. Expirando, eu estou ciente do sentimento de dor em mim”. Isto é uma arte. Nós temos de aprendê-la, porque a maioria de nós não gosta de estar com a nossa dor. Temos medo de ser dominados pela dor, por isso procuramos sempre fugir dela. Há solidão, raiva e desespero em nós. A maioria das vezes nós tentamos encobri-los, consumindo.
Alguns de nós vão procurar algo para comer. Outros ligam a televisão. Outros fazem várias coisas ao mesmo tempo. E mesmo que o programa de TV não seja interessante de forma nenhuma, não temos a coragem de desligá-lo, porque se desligarmos, teremos que voltar para nós mesmos e nos encontrar com a for que está lá dentro. O mercado nos fornece muitos produtos para nos ajudar em nosso esforço de evitar o sofrimento interior.
De acordo com esse ensinamento e prática, nós fazemos o contrário: vamos para nossa casa interior e cuidamos da dor. A maneira de ir para casa sem medo de ser esmagado pela dor é através das prática de andar e respirar conscientemente que geram a energia da consciência plena. Fortalecidos com essa energia, nós reconhecemos o sentimento interno de dor e o acolhemos com ternura. Nós acalentamos o bebê chorão.
GRUPO 3: Exercícios de respiração para a mente
O nono exercício é “inspirando, estou ciente (das atividades) da minha mente. Expirando, estou ciente (das atividades) da minha mente. Nós continuamos respirando conscientemente e reconhecemos as formações mentais quando elas surgem. E podemos chamá-las pelos seus verdadeiros nomes, tais como: raiva ou alegria.
O décimo é para alegrar a mente – entrar em contato com as sementes saudáveis que estão lá dentro do solo da nossa mente e aguá-las, para que elas possam se manifestar como formações mentais ou zonas de energia que nos tornam felizes. Nós fazemos isso em nosso próprio benefício e para o benefício das pessoas que amamos.
O décimo primeiro exercício é para “concentrar nossa mente”. E o décimo segundo é para “libertar a mente”. A concentração, samadhi em sânscrito, é uma força poderosa que você pode gerar para avançar, ver claramente o que existe e compreender sua verdadeira natureza. O objeto de concentração pode ser um seixo, uma folha, uma nuvem ou pode ser sua raiva e seu medo. Qualquer coisa pode ser o objeto da sua concentração.
GRUPO 4: Exercícios de respiração para os objetos da mente
O décimo terceiro exercício é a concentração na impermanência. Com a clara compreensão da impermanência, nós compreendemos a natureza interdependente e destituída de self de tudo o que existe – de que nada tem um eu independente e separado.
Com o décimo quarto exercício nós reconhecemos a verdadeira natureza do desejo e vemos que tudo está no processo de vir a ser e desintegrando-se. Com este discernimento, nós não nos agarramos a qualquer objeto de desejo ou vemos qualquer fenômeno como uma entidade separada imutável.
Com o décimo quinto exercício, nós examinamos a natureza das nossas ideias e noções e as largamos. Quando deixamos de agarrar a noções, nós experimentamos a liberdade e a alegria que vem da cessação da ilusão.
O décimo sexto exercício nos ajuda a esclarecer mais o desejo e apego, medo e ansiedade, ódio e raiva, e a abandoná-los. Temos a tendência de pensar que se abrirmos mão deles, perderemos as coisas que nos deixam felizes. Mas a verdade é o oposto disso. Quanto mais deixarmos pra lá, tanto o mais felizes nos tornamos. Deixar para lá não significa deixar tudo para lá. Nós não deixamos a realidade para lá. Mas deixamos pra lá nossas ideias equivocadas sobre a realidade.
Os 6 mantras
Os 6 mantras são formas de expressar amor e compaixão. Eles podem ser muito efetivos na transformação do sofrimento e para criar felicidade no relacionamento com alguém querido. Pode ser que você queira começar praticando os 6 mantras consigo mesmo, porque você só consegue amar e compreender o outro depois de ter praticado amor e compreensão consigo mesmo.
Um mantra é uma fórmula mágica. Toda vez que você pronuncia um mantra você pode transformar a situação imediatamente. você não precisa esperar. Aprenda-o para que possa recitá-lo quando for apropriado. O que torna um mantra efetivo é a sua consciência plena e concentração. Se você não estiver concentrado e consciente no momento em que recita o mantra, ele não vai funcionar.
O Primeiro Mantra
O Primeiro mantra “Eu estou aqui para você” não é difícil de ser praticado. Amar alguém significa estar presente para ele ou ela. Isso é uma arte e uma prática. Se você não tem atenção e concentração suficientes, você não consegue estar cem por cento presente para você e para a outra pessoa.
Com a prática de respirar conscientemente, andar conscientemente, sentar conscientemente, você pode trazer sua atenção mental para o seu corpo e se estabelecer inteiramente no aqui e no agora, restaurando sua verdadeira presença.
Quando você ama alguém, você tem que oferecer aquela pessoa o melhor de si. A melhor coisa que nós podemos oferecer aos outros é a nossa verdadeira presença.
Antes de poder estar presente para outra pessoa, você tem que estar ´presente para si mesmo. Então, nós praticamos este primeiro mantra primeiro conosco. “Estou aqui para você” significa também estou aqui para mim mesmo. A mente se volta para a casa do corpo e nos tornamos conscientes de que temos um corpo.
A primeira definição do amor é estar presente. Isso é uma prática. Como você pode amar se não está presente? Para amar, você tem que estar presente, corpo e mente unidos.
O Segundo Mantra
O Segundo mantra também é muito poderoso e pode gerar felicidade para vocês dois ao mesmo tempo. “Querido, eu sei que você está aí, e eu estou muito feliz”. Você já produziu a sua verdadeira presença, e então está em condições de reconhecer a presença de outra pessoa, de alguém que é muito precioso a você. Quando você diz “Querido, eu sei que você está aí” você também está dizendo “Sua presença é muito importante e é crucial para a felicidade”.
Você só pode dar o segundo passo se tiver dado o primeiro. O primeiro passo é o mantra “Eu estou aqui. Eu reconheço a minha presença. Eu ofereço a minha presença para você querido (a). Este é o melhor presente que um amante pode fazer para a pessoa amada. Nada é mais precioso que a sua presença.
O Terceiro Mantra
O terceiro mantra é necessário quando você percebe a outra pessoa sofrendo. O terceiro mantra pode ajudá-la a sofrer menos intensamente. Primeiro você faz as práticas de respirar, sentar ou andar e restaura a sua presença. Depois que você está pronto para ir até ele ou ela e dizer: “Querido (a), eu sei que você está sofrendo. Por isso que estou aqui para você” Isso é amor verdadeiro. O amor verdadeiro é feito de consciência plena. Porque você está plenamente consciente, sabe que algo não está indo bem com o outro.
Quando você sofre e a pessoa que você ama ignora o seu sofrimento, então você sofre mais ainda. Mas se a outra pessoa estiver consciente do seu sofrimento e lhe oferece a presença dela durante estes momentos dificeis, você sofre menos imediatamente.
O Quarto Mantra
O quarto mantra é um pouco mais difícil, especialmente quando você é muito orgulhoso. O quarto mantra é para quando você está sofrendo e acredita que a outra pessoa lhe causou sofrimento. Isso acontece de vez em quando. Se tivesse sido alguém diferente que tivesse dito ou feito aquilo com você, você estaria sofrendo menos. Mas foi a pessoa que você mais ama quem disse ou fez aquilo. E, por isso, você sofre profundamente. Pode ser que você tenha o impulso de puni-la, pois ela teve a ousadia de lhe fazer sofrer.
Quando sofremos pensamos que foi a outra pessoa quem nos causou sofrimento. “Ela não me ama. Então porque tenho que amá-la?” Nossa tendência natural é a de querer punir a outra pessoa. E a maneira que fazemos isso é demonstrado ao outro que “eu posso sobreviver muito bem sem você”. Esta é uma forma indireta de dizer “Eu não preciso de você”. Mas isso não é amor verdadeiro. Muitos de nós cometemos esse erro.
Mas nós aprendemos. Na realidade, quando sofremos nós precisamos sim da outra pessoa. Este foi o compromisso que assumimos no início do nosso relacionamento. Você tem que ser verdadeiro e fiel aquele compromisso. Quando você sofre, deveria dizer a ela que você sofre e que você precisa da ajuda dela. Mas temos a tendência de fazer o oposto. Queremos demonstrar a ela que nós não precisamos dela. Preferimos nos trancar no quarto e chorar ao invés de pedir ajuda. Há orgulho em você. Mas no amor, não há lugar para orgulho. É por isso que nós precisamos do quarto mantra: “Querido, eu estou sofrendo. Por favor me ajude”
É tão simples, no entanto é tão difícil. Mas se você se prontificar a pronunciar o mantra, sofrerá menos imediatamente.
Se a outra pessoa percebe que algo está errado e lhe pergunta: Querido, você está sofrendo? e tenta lhe confortar, pode ser que você tenha o impulso de responder: Sofrendo? Por que eu deveria estar sofrendo? Mas isso não é verdade, você está sofrendo profundamente. Se ela tentar chegar perto e colocar a mão dela no seu ombro, pode ser que você queira dizer: Deixe-me em paz” Muitos de nós cometemos esse erro.
A prática do quarto mantra é o oposto. Você tem que reconhecer que você está sofrendo: “Querida, estou sofrendo, eu quero que você saiba disso. Por favor, me ajude” De fato, a fórmula é um pouco mais longa: “Querida, estou sofrendo. Eu não compreendo porque você disse aquilo comigo. Estou sofrendo. Por favor me explique, preciso da sua ajuda.” Isso é amor verdadeiro. Mas se você disser “Eu não estou sofrendo, eu não preciso de sua ajuda” isso não é amor verdadeiro.
O mantra pode ser dividido em três partes. A primeira é “Querido, estou sofrendo e quero que você saiba disso“. Isso significa compartilhar; você compartilha sua felicidade e o seu sofrimento. “Por favor explique-me por que você fez isso comigo, por que você disse aquilo para mim. Estou sofrendo.”
A segunda parte é “Estou fazendo o melhor que posso” Isso significa que sou um praticante da consciência plena, de modo que quando fico com raiva, eu não digo ou faço qualquer coisa que possa causar danos a mim mesmo e a você. Estou praticando a respiração consciente, o andar consciente e contemplando profundamente o meu sofrimento, para descobrir as raízes dele.
Eu acredito que você me causou, mas como sou um praticante, eu sei que não deveria estar tão certo disso. Estou procurando compreender se o meu sofrimento veio de uma percepção errada da minha parte. Talvez você não teve a intenção de dizer isto ou aquilo. Como sou um praticante, estou agora dando o melhor de mim para praticar a contemplação profunda para reconhecer minha raiva e acolhê-la com ternura.
A terceira frase é “Por favor, me ajude”. Esta parte pode ser um pouco difícil, mas é muito importante, requer coragem. Quando amamos um ao outro, precisamos um do outro especialmente quando estamos sofrendo. O seu sofrimento é o sofrimento dela. A felicidade dela é a sua felicidade.
O Quinto Mantra
O quinto mantra é “Este é um momento feliz”. Isso não é uma autossugestão ou criação ilusória de fatos que desejaríamos que fossem realidade. Há muitas condições de felicidade para nós desfrutarmos se estivermos suficientemente atentos para estarmos conscientes delas.
Este mantra é para nos lembrar que somos sortudos de ter tantas condições de felicidade disponíveis no aqui e no agora. Quando estiver sentado ou caminhando, pode ser que você queria pronunciar o quinto mantra, para lembrar como somos sortudos de ter tantas condições de felicidade. Somente a consciência plena pode lhe ajudar a tocar as inúmeras condições de felicidade que estão disponíveis aqui e agora. Existem condições mais do que suficientes para sermos felizes.
O Sexto Mantra
O sexto mantra é perfeito para lidar com o sofrimento que vemos dos complexos de pensar que somos iguais, piores ou melhores do que qualquer pessoa.
Quando alguém lhe parabenizar ou lhe criticar, você pode usar o sexto mantra: “Querido(a), em parte você está certo”. Isso significa que “suas críticas ou elogios estão certos somente em parte, porque eu tenho pontos fortes s fracos em mim. Se você me parabeniza, eu não devo me perder e ignorar as coisas negativas em mim”.
Quando vemos algo belo em outra pessoa, temos a tendência de ignorar as coisas que não são tão belas. Enquanto seres humanos, nós temos tanto qualidades positivas quanto qualidades negativas. Então, quando o seu amado lhe congratular, dizendo que você é a própria imagem da perfeição, você pode dizer “Querido, isso é parcialmente correto. Você sabe que existem outros aspectos em mim também.”
Quando a outra pessoa lhe critica você pode dizer “Querido, você está parcialmente correto, pois eu também tenho coisas boas em mim”.
Presente com emoções arrebatadoras
Quando uma emoção dolorosa surgir, pare o que estiver fazendo e cuide dela. Preste atenção ao que estiver acontecendo. A prática é simples. Deite-se, coloque a mão sobre a sua barriga e comece a respirar. Ou você pode se sentar numa almofada ou numa cadeira. Pare de pensar e traga sua atenção ao umbigo.
Quando você vê uma árvore numa tempestade, se focar a atenção no topo da árvore, você verá as folhas e os galhos voando descontroladamente ao vento, e a árvore vai parecer tão vulnerável, como se pudesse se partir a qualquer momento. Mas quando você observa a parte baixa do tronco da árvore, não há tanto movimento. Você vê a estabilidade da árvore e vê que a árvore está profundamente enraizada no solo e pode resistir a tempestade.
Quando experimentamos uma emoção arrebatadora, a mente está agitada como o topo da árvore. Nós temos que trazer a nossa mente para a parte baixa do tronco, no abdômen e focar toda a nossa atenção no abdômen subindo e descendo.
Inspirando, perceba o seu abdômen subindo. Expirando, observe o seu abdômen descendo. Respire profundamente e foque sua atenção apenas na sua inspiração e expiração. Se existe algo para estar ciente é de que uma emoção é apenas uma emoção e que você é muito mais do que uma emoção. O território do seu ser é grande. Uma emoção é muito pequena.
Uma emoção é algo que vem e permanece por um tempo e eventualmente vai embora. Se durante o tempo da emoção, você tiver esse discernimento, esse discernimento te salvará.
Metta
A meditação metta é uma prática onde, através da contemplação profunda, nós cultivamos a compreensão, o amor e a compaixão; primeiro por nós mesmos e depois pelos outros. Quando nos amamos e cuidamos de nós mesmos, conseguimos ajudar melhor os outros. A meditação metta pode ser praticada em parte ou na íntegra. Recitar somente um verso da meditação metta já irá levar, ao mundo, mais compaixão e cura.
Amar, significa, antes de tudo, nos aceitar como realmente somos. É por isso que nessa meditação de amor, conhecer a si mesmo é a primeira prática de amor. Quando praticamos isso, vemos as condições causais que nos fizeram ser como somos. Isso nos ajuda a aceitar a nós mesmos, inclusive nosso sofrimento e felicidade, simultaneamente.
Metta, em Pali, significa benevolência. Começamos a cultivar essa benevolência com uma aspiração: “Que eu seja…” Depois, transcendemos o nível da aspiração e examinamos profundamente todas as características positivas e negativas de nosso objeto de meditação, que neste caso somos nós mesmos. A disposição de amar ainda não é amor. Nós contemplamos profundamente, com todo o nosso ser, a fim de compreender.
Nós contemplamos profundamente o nosso corpo, os nossos sentimentos, as nossas percepções, as formações mentais e a nossa consciência, e, em apenas algumas semanas, a nossa aspiração de amar vai se tornar uma intenção profunda. O amor entrará em nossos pensamentos, em nossas palavras, em nossas ações.
Quando praticamos, nós observamos o quanto de paz, de felicidade e de leveza já temos. Nós observamos se estamos aflitos com relação a acidentes ou infortúnios e o quanto de raiva, irritação, medo, ansiedade ou preocupação já existem em nós.
A medida que nos tornamos conscientes dos sentimentos manifestos em nós, nossa autocompreensão vai se aprofundar. Compreendemos como é que os nossos medos e falta de paz contribuem para a nosso infelicidade, e veremos o valor de nos amar e de cultivar um coração compassivo.
Nessa meditação no amor, “a raiva, as aflições, o medo e a ansiedade” se referem a todos os estados mentais negativos que habitam em nós e nos roubam a nossa paz e felicidade.
Essa meditação no amor foi adaptada de Visuddhimagga, escrito por Buddhaghosa, uma sistematização dos ensinamentos do Buda datada em V d.C.
Para praticar essa meditação no amor, sente-se quieto, acalme o corpo e sua respiração, e recite a meditação Metta para si mesmo. A postura sentada é maravilhosa para praticá-la.
Que eu viva em paz, feliz, com o corpo e o espírito leves.
Que ela viva em paz, feliz, com o corpo e o espírito leves.
Que ele viva em paz, feliz, com o corpo e o espírito leves.
Que eles e elas vivam em paz, felizes, com o corpo e o espírito leves.
Que eu viva livre de perigos e injúrias.
Que ela viva livre de perigos e injúrias.
Que ele viva livre de perigos e injúrias.
Que ele viva livre de perigos e injúrias.
Que eles e elas vivam livres de perigos e injúrias.
Que eu viva livre de raiva, aflições, medo e ansiedade.
Que eles e elas vivam livres de raiva, aflições, medo e ansiedade.
Comece essa pratica meditando no amor por si mesmo “eu”. Até que você seja capaz de amar e cuidar de si mesmo, não conseguirá muito ajudar os outros. Em seguida, pratique esta meditação com relação aos outros – primeiro, escolha alguém que você gosta, depois, alguém neutro para você e depois alguém cujo simples pensamento lhe faz sofrer.
De acordo com Buda, um ser humano é composto de 5 elementos, chamados de skandhas. São eles a forma (que significa o corpo), os sentimentos, as percepções, as formações mentais e a consciência. Para saber sobre a sua real situação interna, você tem que conhecer o seu próprio território, inclusive os elementos que estão brigando dentro de você. Para fazer com que a harmonia, a reconciliação e a cura interior surjam, você tem que compreender-se. Examinar e ouvir profundamente, inspecionando o seu próprio território, é o início da meditação no amor.
Inicie essa prática contemplando profundamente o seu corpo. Questione: Como o meu corpo está nesse momento? Como o meu corpo era no passado? Como meu corpo será no futuro?
Depois, quando meditar em alguém que gosta, alguém neutro para você, alguém que você ama e alguém que você odeia, você também começara a observar os aspectos físicos daquela pessoa, Inspirando e expirando, visualize o rosto dela, sua maneira de andar, de sentar e conversar, o seu coração, pulmões, rins e todos os órgãos do corpo, passando o tempo que for necessário para trazer esses detalhes a consciência. Mas sempre comece consigo mesmo.
Inspecione minuciosamente o seu corpo para ver se ele está em paz ou se está sofrendo de alguma doença. Olhe as condições dos seus pulmões, do seu coração, dos seus intestinos, dos seus rins e do seu fígado para ver quais são as reais necessidades do seu corpo. Quando fizer isso, você vai alimentar, beber e agir de formas que demonstram amor e compaixão pelo seu corpo.
Normalmente você segue hábitos arraigados , mas quando se examina profundamente, compreende que muitos desses hábitos prejudicam o seu corpo e mente. E então, você se esforça para transformá-los de maneiras mais positivas.
Depois, observe os seus sentimentos – se eles são agradáveis, desagradáveis ou neutros. Os sentimentos fluem como um rio dentro de nós, e cada sentimento é uma gota d’agua daquele rio. Examine o rio de sentimentos e compreenda como foi que cada um deles surgiu. Compreenda o que esteve lhe impedindo de ser feliz, e dê o melhor de si para melhorar essas coisas.
Então, medite em suas percepções. Como Buda comentou: “A pessoa que mais sofre neste mundo é aquela que tem muitas percepções distorcidas, e a maiorias das nossas percepções são errôneas” Você vê uma cobre no escuro e entra em pânico, mas quando seu amigo liga a luz do quarto, aquilo não era uma cobra e sim uma corda. Você precisa saber quais são as percepções distorcidas que estão lhe fazendo sofrer.
Em seguida, observe as suas formações mentais, isto é, as ideias e tendências suas que lhe levam a agir da maneira como age. Examine minuciosamente para descobrir a verdadeira natureza das suas formações mentais.
Finalmente, olhe para sua consciência. Segundo o Budismo, a consciência é como um campo que contém todos os tipos possíveis de sementes: da raiva, medo, ansiedade e as sementes da consciência plena. Para viver em paz, você tem que estar consciente de suas tendências, as suas energias habituais, para que assim você possa exercer o autocontrole.
Olhe profundamente a natureza dos seus sentimentos e encontre as raízes deles, para identificar quais deles precisam ser transformados e nutrir aqueles que trazem paz e bem aventurança. Você pode prosseguir afirmando as seguintes aspirações, primeiro para si, depois para os outros;
Que eu me aprenda a ver com os olhos de compreensão e amor.
Que eu aprenda a vê-la com os olhos de compreensão e amor.
Que eu aprenda a vê-lo com os olhos de compreensão e amor.
Que eu aprenda a vê-las e vê-los com os olhos de compreensão e amor.
Que eu seja capaz de reconhecer e tocar as sementes de alegria e felicidade em mim.
Que eu seja capaz de reconhecer e tocar as sementes de alegria e felicidade nela.
Que eu seja capaz de reconhecer e tocar as sementes de alegria e felicidade nele.
Que eu seja capaz de reconhecer e tocar as sementes de alegria e felicidade neles e nelas.
Que eu aprenda a identificar e compreender as causas da raiva, ânsia e delusão em mim.
Que eu aprenda a identificar e compreender as causas da raiva, ânsia e delusão nela.
Que eu aprenda a identificar e compreender as causas da raiva, ânsia e delusão nele.
Que eu aprenda a identificar e compreender as causas da raiva, ânsia e delusão nelas e neles.
Mais uma vez nós começamos conosco para compreender nossa própria e verdadeira natureza. Se continuarmos nos rejeitando e causando danos ao nosso próprio corpo e mente, não fará sentido falar em amar e aceitar os outros.
Toda vez que vemos ou ouvimos algo, nossa atenção pode ser apropriada ou inapropriada. Com consciência plena, nós podemos reconhecê-las e soltar a atenção inapropriada e nutrir a atenção apropriada. A atenção mental apropriada nos traz felicidade, paz clareza e amor. A atenção inapropriada ocupa nossa mente com aflição, raiva a preconceito.
Em seguida, nós usamos a consciência plena para iluminar a nossa fala, para que possamos usar a fala amorosa e parar antes de dizer qualquer coisa que crie conflito para nós e para os outros. Então, olhamos para nossas ações físicas. A consciência plena elucida como ficamos em pé parados, como sentamos, como andamos, como sorrimos e franzimos a testa e como vemos os outros. Nós reconhecemos as ações benéficas e as que trazem prejuizo.
Nós precisamos dominar nossa própria raiva antes de podermos ajudar os outros a fazer o mesmo. Recriminar os outros somente alimenta a semente da raiva em nós. Quando a raiva surgir, retorne para dentro de si e use a energia da consciência plena para acolhe-la, acalma-la, e ilumina-la.
Não pense que você se sentirá melhor se fizer duras críticas e fizer a outra pessoa sofrer. A pessoa pode responder de forma ainda mais severa e a raiva vai aumentar. Buda ensinou que, quando a raiva surgir, feche os olhos e os ouvidos, volte-se para dentro de si e cuide da origem da raiva interior.
Observe profundamente sua raiva, como você olharia para a sua própria filha. Não a rejeite e nem a odeie. A meditação não é para transformar você em um campo de batalha, com um lado se opondo a outro. A respiração consciente suaviza e acalma a raiva, a consciência plena a penetra. A raiva é somente uma energia e toda energia pode ser transformada. A meditação é a arte de usar um tipo de energia para transformar outro tipo de energia.
Que eu saiba nutrir as sementes da alegria em mim todo dia.
Que eu saiba nutrir as sementes da alegria nela todo dia.
Que eu saiba nutrir as sementes da alegria nele todo dia.
Que eu saiba nutrir as sementes da alegria neles e nelas todo dia.
Que eu seja capaz de viver bem disposto, confiante e livre.
Que ela seja capaz de viver bem disposto, confiante e livre.
Que ele seja capaz de viver bem disposto, confiante e livre.
Que elas e eles seja capazes de viver bem dispostos, confiante e livre.
Que eu possa viver livre de apegos e aversões, mas não ser indiferente.
Que ela possa viver livre de apegos e aversões, mas não ser indiferente.
Que ele possa viver livre de apegos e aversões, mas não ser indiferente.
Que eles e elas possam viver livre de apegos e aversões, mas não serem indiferentes.
Essas aspirações nos ajudam a aguar as sementes da alegria e felicidade que repousam nas profundezas da consciência armazenadora. As ideias que entretemos sobre o que vai nos trazer felicidade são apenas armadilhas. Nós esquecemos que elas são apenas ideias.
Nossa ideia de felicidade pode nos impedir de ser feliz. Quando acreditamos que a felicidade deve assumir determinada forma, deixamos de ver as oportunidades regozijadoras que existem bem na nossa frente.
Todo dia você precisa dar alguns passos firmes em direção ao seu objetivo. TOda manhã você se dedica, mais uma vez, ao seu caminho para não se perder. A noite, antes de dormir, passe alguns minutos revendo o seu dia. “Será que vivi hoje na direção dos meus ideais?”
Se você perceber que deu dois ou três passos naquela direção, isso já é bom o suficiente. Se não, diga a si mesmo: “Amanhã farei melhor”. Não se compare aos outros. Apenas olhe para si mesmo para ver se você está indo na direção que você preza.
Ser livre significa transcender a armadilha dos desejos prejudiciais e viver sem apegos. O tipo de amor que Buda queria que nós cultivássemos não é possessivo ou grudento. Em relacionamentos saudáveis de amor, há uma certa dose de possessividade e de apego, mas se forem excessivas, tanto a pessoa que ama quanto a pessoa amada irão sofrer.
Através da prática de olhar profundamente, as sementes do sofrimento e do apego vão se contrair e as sementes positivas vão crescer. Nós podemos transformar o apego e a aversão.
Os 5 treinamentos para uma consciência plena
Os 5 treinamentos da consciência plena são orientações de como viver nossa vida cotidiana de modo a nutrir a felicidade e transformar o mal estar. Os 5 treinamentos da consciência plena também são tipos de pensamento que tem o poder de curar. Você pode recitá-los diária ou mensalmente, sozinho ou em grupo, para renovar suas intenções e aspirações ao praticá-los.
O primeiro treinamento: reverência a vida
Ciente do sofrimento causado pela destruição da vida, estou comprometido a cultivar a compreensão sobre a interexistência e a compaixão, e aprender formas de proteger a vida de pessoas, e aprender formas de proteger a vida de pessoas, animais, plantas e minerais. Estou determinada a não matar, a não permitir que os outros matem e não apoiar qualquer ato de matança no mundo, no meu pensamento ou estilo de vida.
Compreendendo que as ações prejudiciais surgem da raiva, do medo, da ganância e da intolerância, que por sua vez vêm do pensamento dualista e discriminativo, cultivarei a abertura, a indiscriminação e o desapego a visões, a fim de transformar a violência, o fanatismo e o dogmatismo em mim mesmo e no mundo.
O segundo treinamento: a verdadeira felicidade
Ciente do sofrimento causado pela exploração, pela injustiça social, roubo e opressão, estou comprometido a praticar a generosidade em meus pensamentos, palavras e ações. Estou determinado a não roubar e a não possuir qualquer coisa que deva pertencer aos outros; vou compartilhar o meu tempo, energia e recursos materiais com os necessitados.
Praticarei a contemplação profunda para compreender que a felicidade e o sofrimento dos outros não estão separados da minha própria felicidade e sofrimentos; que a verdadeira felicidade só é possível com compreensão e compaixão, e que correr atrás de riqueza, fama, poder e prazeres carnais pode trazer muito sofrimento e desespero.
Estou ciente de que a felicidade depende de minha atitude mental e não das condições externas, e que eu posso viver alegremente no momento presente simplesmente por me lembrar que eu já tenho condições mais do que suficientes para ser feliz. Estou comprometido a praticar o correto meio de vida para que eu possa ajudar a reduzir o sofrimento no mundo.
O terceiro treinamento: o verdadeiro amor
Ciente do sofrimento causado pela má conduta sexual, estou comprometido a cultivar a responsabilidade e aprender formas de proteger a segurança e a integridade dos indivíduos, casais, família e sociedade. Sabendo que o desejo sexual não é amor, e que a atividade sexual motivada pela ânsia sempre prejudica a mim e aos outros, estou determinado a não me envolver em relações sexuais sem um amor verdadeiro.
Farei tudo o que estiver em meu poder para proteger as crianças de abusos sexuais e impedir que casais e famílias sejam desfeitos pela má conduta sexual. Vendo que corpo e mente são unos, estou comprometido a aprender formas adequadas de cuidar da minha energia sexual e cultivar benevolência, compaixão, inclusão e alegria – que são os 4 elementos básicos do amor verdadeiro.
O quarto treinamento: a fala amorosa e a escuta profunda
Ciente do sofrimento causado pela fala descuidada e inabilidade de ouvir os outros, estou comprometido a cultivar a fala amorosa e a escuta profunda a fim de aliviar o sofrimento e promover a reconciliação e paz em mim mesmo e entre outros povos, grupos religiosos e nações. Sabendo que as palavras podem criar felicidade ou sofrimento, estou comprometido a falar a verdade, usando palavras que inspiram confiança, esperança e alegria.
Quando a raiva estiver se manifestando em mim, estou decidido a não falar. Praticarei respirando e andando conscientemente a fim de reconhecer e examinar minha raiva minuciosamente. Eu sei que as raízes da raiva podem ser encontradas em minhas percepções errôneas e falta de compreensão do sofrimento em mim e na outra pessoa. Vou falar e ouvir de um modo que possa me ajudar e ajudar a outra pessoa a transformar o sofrimento e ver uma saída das situações difíceis.
Estou determinado a não espalhar notícias que eu sei que não são verídicas e não proferir palavras que possam causar divisão e discórdia.
O quinto treinamento: nutrição e cura
Ciente do sofrimento causado pelo consumo irresponsável, estou comprometido a cultivar a saúde, tanto física quanto mental, para mim, minha família e sociedade através das práticas de comer, beber e consumir conscientemente. Praticarei examinando profundamente como estou consumindo os 4 tipos de nutrientes: alimentos comestíveis, impressões sensoriais, volição e consciência.
Estou determinado a não jogar apostando dinheiro, ou a fazer uso de álcool, drogas, ou quaisquer outros produtos que contenham toxinas, tais como certos websites, jogos eletrônicos, programas de televisão, filmes, revistas, livros e conversas.
Praticarei retornando ao momento presente para estar em contato com os elementos revigorantes, curadores e nutridores em mim e ao meu redor, não permitindo que os arrependimentos e aflições me arrastem de volta ao passado, nem deixando que a ansiedade, medo e anseios me puxem para fora do momento presente. Estou determinando a não tentar encobrir a solidão, a ansiedade ou outro sofrimento com o consumismo.
O que está esperando? Não deixe de colocar os ensinamentos desse livro (Sem lama não há lotus – de Thich Nhat Hanh em prática! Pare de viver uma vida de escapismos, fugindo de si mesmo e comece a abraçar o seu sofrimento, pois esse é o único caminho para a verdeira cura!
Deixe um comentário