Sidarta é um livro que acompanha a vida de um filho brâmane, Sidarta, que se separa de sua família para embarcar em uma jornada de autodescoberta. O que torna o livro tão convincente é como Hesse pinta Sidarta como um personagem imperfeito que vive muito em conflitos internos e turbulências (definitivamente algo com o qual posso me relacionar).
Aqui estão algumas lições de vida que aprendi lendo Sidarta, que nos ensina muitas lições valiosas sobre como viver uma existência desperta, consciente e espiritual.
Impermanência
O tema da impermanência é demonstrado durante o livro inteiro. Isso é bem nítido ao observarmos o desenrolar da vida de Sidarta – que quando criança, morava entre os Brâmanes; depois virou um asceta; depois virou um ricaço, envolvido em atividades mundanas e no mundo das sensações e prazeres; depois virou criança novamente. Algumas passagens que demonstram isso são as seguintes:
“Sidarta era efêmero, como efêmeras seriam quaisquer configurações.”
-E agora, ó Sidarta, que és agora?
-Não sei. Ignoro-o da mesma forma que tu. Apenas vou caminhando. Tenho sido um ricaço, mas cessei de Sê-lo. Não faço nenhuma ideia do que serei amanhã.
-Perdeste tua fortuna?
-Perdi-a ou talvez ela tenha perdido a mim. Minha fortuna sumiu. A roda das configurações gira depressa, amigo Govinda. Onde ficou o brâmane Sidarta? E o samana Sidarta? E onde está o ricaço Sidarta? As coisas efêmeras mudam rapidamente, meu caro Govinda. Bem o sabes.
No livro “No coração da vida” de Jetsunma Tenzin Palmo, ela explica muito bem sobre a impermanência:
“Buda explicou o porquê do sofrimento. Nossa vida cotidiana é feita de sofrimentos porque nos fixamos. Seguramos tudo com força mas tudo é impermanente. O problema não são as coisas e sim nossa mente que se fixa nas coisas.
Tentamos fazer com que as coisas fiquem do jeito que estão, nos agarramos a idéia de permanência. Normalmente somos muito resistentes a idéia de mudança, em especial da mudança naquilo que prezamos.
Enquanto tentamos solidificar, manter as coisas do jeito que são, porque isso nos faz sentir seguros e protegidos, essa atitude vai contra o fluxo da vida. Tudo muda, de momento a momento. A natureza das coisas é vir a existir, durar por um tempo e acabar. O ciclo é esse.
O que nos causa dor é nossa não aceitação disso. Seguramos tudo com muita força, com medo de perde-las. Tudo esta fluindo, e esse fluxo não é composto apenas de coisas externas. Inclui os relacionamentos também. A impermanência não é de interesse filosófico é de interesse pessoal.
Somente quando entendemos profundamente em nosso ser que as coisas mudam de momento a momento e nunca param um instante sequer, só então conseguimos soltar. Temos que aprender a segurar as coisas de leve e com alegria. Isso nos permite ficar abertos ao fluxo da vida. Quando solidificamos perdemos muito.
Tentamos solidificar as pessoas, atribuindo um papel a elas. É como nós a vemos. Depois de um tempo, não experienciamos mais a real pessoa do momento, vemos apenas a nossa projeção da pessoa. Com isso as pessoas se cansam uma da outra. Isso é porque não experienciam o momento atual, apenas a sua versão dos eventos.
Quando olhamos alguma coisa, vemos tal coisa por um momento, mas imediatamente nossos julgamentos, opiniões e comparações entram em cena. Tornam-se filtros entre nós e o objeto em que olhamos e esses filtros nos distanciam cada vez mais do que é. Resta as nossas próprias impressões e idéias, mas a coisa em si se foi. Isso é muito verdadeiro quando o objeto são outras pessoas. Não vemos a coisa em si, apenas a nossa versão
É importante entender que a felicidade e a paz mental não provem da busca de segurança na permanência e na estabilidade. Nossa felicidade vem de encontrar segurança na natureza sempre cambiante das coisas.”
O tempo é uma ilusão
Eckhart Tolle explica sobre a ilusão do tempo nesse trecho do livro “Praticando o poder do agora”:
“Quanto mais a pessoa se concentra no tempo (passado e futuro), mais sente falta do Agora, a coisa mais preciosa que existe. Porque é o Agora a coisa mais preciosa que existe? Primeiro, porque é a única. É tudo o que existe. O presente eterno é o espaço no âmbito do qual a sua vida se desenrola, o único fator que permanece constante. A vida acontece agora. Nunca houve uma altura em que a sua vida não fosse no agora, nem nunca haverá”
No livro Sidarta, tem uma passagem muito interessante que diz mais ou menos a mesma coisa:
-Dize-me se o rio também te comunicou o misterioso fato de que o tempo não existe? – perguntou-lhe Sidarta, certa vez.
-Sim, Sidarta – respondeu. – Acho que te referes ai fato de que o rio se encontra ao mesmo tempo em toda a parte, na fonte tanto como na foz, nas cataratas e na balsa, nos estreitos, no mar e na serra, em toda a parte, ao mesmo tempo; de que para ele há apenas o presente, mas nenhuma sombra de passado nem de futuro.
-Isso mesmo – tornou Sidarta. – E quando me veio essa percepção, contemplei minha vida, e ela também era um rio. O menino Sidarta não estava separado do homem Sidarta e do ancião Sidarta, a não ser por sombras, porém, nunca por realidades. Tampouco eram passado os nascimentos anteriores de Sidarta, como não fazia parte do porvir sua morte, com o retorno ao Brama. Nada foi, nada será; tudo é, tudo tem existência e presente.
(…) Ah, sim! Todo o sofrimento pertencia ao tempo, da mesma forma que todos os receios e tormentos com que as pessoas afligiam a si próprias. Todas e quaisquer dificuldades, tudo quanto houvesse de hostil no mundo sumiria, cairia derrotado, logo que o homem triunfasse sobre o tempo, logrando arredá-lo pelo pensamento.
Mais uma vez citando Eckhart Tolle:
“Porque a mente tem o hábito de negar o Agora ou resisti-lo? Porque ela não consegue funcionar e permanecer no controle sem que esteja associada ao tempo, tanto passado quanto o futuro, e ela vê o atemporal Agora como ameaçador.
Na verdade, a mente e o tempo são inseparáveis. Para ter certeza que permanece no controle, a mente trabalha o tempo todo para esconder o momento presente com passado e futuro, assim nossa verdadeira natureza é obscurecida pela mente
Tenha uma profunda consciencia que o momento presente é tudo o que você tem. Faça do agora o foco principal de sua vida“
Você é o seu próprio guru
Respeite e aprenda com os outros, mas não mantenha o poder ou a sabedoria de ninguém acima da sua. O que vale é a sua experiência direta! Lembre-se: você é o seu próprio aluno e o seu próprio professor!
Essa é uma das mensagens principais que eu peguei do livro Sidarta:
“Mas, com tua licença, direi algo mais: não duvidei de ti nenhum instante. Não duvidei em absoluto que és o Buda, de que alcançaste o objetivo supremos a cuja busca se encaminharam tantos milhares de brâmanes e filhos de brâmanes. Obtiveste a redenção da morte! Ela te coube em virtude do próprio empenho, pelo método que é teu, pelo pensamento, pela meditação, pelo conhecimento, pela iluminação. Não a conseguiste através da doutrina! E… eis meu raciocínio, ó Augusto… ninguém chega a redenção mediante a doutrina!
A pessoa alguma, ó Venerável, poderás comunicar e revelar por meio de palavras ou ensinamentos o que se deu contigo na hora da tua iluminação! Ela ensina e abarca muito, a doutrina do esclarecido Buda. A numerosas pessoas indica o caminho para uma vida honesta, afastada do mal. Mas há uma única coisa que não se acha nessa doutrina, por mais clara e veneranda que ela seja. Não nos ensina o segredo daquela experiência que teve o próprio Augusto, só ele entre centenas de milhares de homens.
São esses os pensamentos e as percepções que me vieram quando ouvi a doutrina. Por isso hei de perseguir na minha peregrinação, não para ir a procura de outra doutrina melhor, pois sei muito bem que não há nenhuma; senão para separar-me de quaisquer doutrinas e mestres, a fim de que possa alcançar sozinho meu destino ou então morrer.“
Não me deixarei orientar nem mesmo pelo Yoga-Veda, nem pelo Atarva-Veda, nem por ascetas, nem mesmo por doutrina alguma. Aprenderei por mim mesmo; serei meu próprio aluno; procurarei conhecer-me e desvendar o segredo que é Sidarta!
Cada um está em seu próprio processo evolutivo
É fundamental compreendermos que cada um está em sua própria jornada evolutiva e que devemos respeitar isso. Não é sua função sair por ai “consertando” pessoas, tentando converte-las ou convença-las a mudarem seu jeito de ser! Foque no seu próprio caminho! Seja a mudança que você quer ver no mundo!
Isso é mostrado no livro na seguinte passagem, quando Sidarta tenta desesperadamente resgatar/salvar seu filho do “mal” caminho:
-Mas olha! Como posso abandonar ao mundo esse menino, em cuja alma não há nenhuma ternura? Não se tornará ele um presunçoso? Não se perderá em prazeres e ambições de poder? Não repetirá todos os erros do pai? Não se extraviará irremediavelmente no Sansara?
-Achas realmente que cometeste tuas tolices, a fim de poupá-las a teu filho? Julgas-te capaz de proteger o pequeno contra o Sansara? De que modo? Por meio de ensinamentos, de preces, de admoestações? Ora, meu querido, esqueceste por completo uma história que me contaste aqui mesmo, em outra ocasião; a edificante história de um filho de brâmane que se chamava Sidarta? Quem resguardou esse Sidarta do Sansara, do pecado, da avareza, da insensatez? A piedade do pai, as exortações dos mestres, a própria erudição, as pesquisas que ele fazia: nada disso conseguiu servir-lhe de esteio. Que pai, que mestre poderia evitar que Sidarta vivesse sua vida sujando-se com ela, caindo em culpa e bebendo sozinho a poção amarga, antes de descobrir seu caminho pelas próprias forças? Pensas que alguém possa escapar a busca desse caminho?
Nada externo pode te dar a real felicidade
Isso é demonstrado ao longo de toda a jornada de Sidarta. Apesar de viver em uma vida luxuosa na infância, com conforto, erudição, ter admiradores e o amor dos pais e dos amigos – isso não preenchia a sua alma. Quando saiu de casa e começou a se envolver em uma vida de prazeres e de volúpia – isso também não o preencheu.
“Começava a sentir que nem o amor do pai, nem o da mãe, tampouco o do delicado Govinda teriam sempre e a cada momento a força de alegrá-lo, de tranquilizá-lo, de nutri-lo, de bastar-lhe. Começava a vislumbrar que seu venerando pai e seus demais mestres, aqueles sábios brâmanes, já lhe haviam comunicado a maior e a melhor parte de seus conhecimentos: começava a perceber que eles tinham derramado a plenitude do que possuíam no receptáculo acolhedor que ele trazia em seu íntimo. E esse receptáculo não estava cheio; o espírito continuava insatisfeito; a alma andava inquieta; o coração não se sentia saciado.
Sidarta finalmente percebeu que a fonte sempre esteve dentro dele em sua idade avançada. A busca finalmente chegou ao fim.
A verdadeira sabedoria é a experiência, não o acumulo teórico
A vida é o seu melhor professor. Por mais que você tente ouvir os ensinamentos das pessoas que respeita, a verdadeira sabedoria só pode ser aprendida com você mesmo.
Dados, informações e conhecimentos são todos relevantes e até necessários para ajudar a nos orientar para uma experiência, mas as palavras são, em última análise, inferiores e ineptas diante da sabedoria, que não pode ser conhecida apenas no sentido intelectual, mas também deve ser sentida, praticada, vivida.
As seguintes passagens do livro mostram exatamente isso:
O verdadeiro buscador, aquele que realmente se emprenhasse em achar algo, jamais poderia submeter-se a nenhuma doutrina.
“Olha, meu querido Govinda, entre as ideias que se me descortinaram encontra-se esta: a sabedoria não pode ser comunicada. a sabedoria que um sábio quiser transmitir sempre cheirará a tolice.
-Estás brincando?- perguntou Govinda.
-Não brinco, não. Digo apenas o que percebi. O conhecimento pode ser transmitido, mas nunca a sabedoria. Podemos achá-la; podemos vivê-la; podemos consentir em que ela nos norteie; podemos fazer milagres por intermédio dela. Mas não nos é dado pronunciá-la e ensiná-la. Este fato, já o vislumbrei ás vezes, na juventude. Foi ele que me afastou dos mestres. Uma percepção me veio, ó Govinda, que talvez se te afigure novamente como uma brincadeira ou bobagem. Reza ela: “O oposto de cada verdade é igualmente verdade.” Isso significa: uma verdade só poderá ser comunicada e formulada por meio de palavras quando for unilateral. Ora, unilateral é tudo quanto possamos apanhar pelo pensamento e exprimir pela palavra. Tudo aquilo é apenas um lado das coisas, não passa de parte, carece de totalidade, está incompleto, não tem unidade. Sempre que o augusto Gotama, em suas aulas, nos falava do mundo era preciso que o subdividisse em Sansara e Nirvana, em ilusão e verdade, em sofrimento e redenção. Não se pode proceder de outra forma. Não há outro caminho para quem quiser ensinar. Mas o próprio mundo, o ser que nos rodeia e existe em nosso íntimo, não é nunca unilateral.“
Sempre almejei o conhecimento, sempre abriguei em mim grande número de perguntas. Consultei os brâmanes, ano após ano, e consultei os sagrados Vedas, ano após anos, e consultei os piedosos samanas, ano após ano. Gastei muito tempo e ainda não cheguei ao fim, apenas para aprender isto: que não se pode aprender nada! Acho que a tal coisa que chamamos “aprender” de fato não existe. Existe, sim, meu amigo, uma única sabedoria, que se acha em toda a parte. É o Atman, que está em mim e em ti e em qualquer criatura. E por isso começo a crer que o pior inimigo dessa sabedoria é a sede de saber, é a aprendizagem.
Nesse instante, Sidarta começava a vislumbrar o motivo por que não conseguira vencer aquele eu, nem como brâmane, nem como penitente. O que impedira fora o excesso de erudição, de versículos sagrados, de rituais, de sacrifícios, de ascetismo, de atividades e ambições. Sempre se pavoneara com altivez,; sempre quisera ser o mais inteligente, o mais zeloso; sempre se empenhara em tomar a dianteira; sempre se exibira nos papéis de sábio, de sacerdote e filósofo. Nesse sacerdócio, nessa altivez, nessa erudição, infiltrava-se seu eu; ali se arraigara, crescera, enquanto ele, Sidarta, acreditava tê-lo aniquilado por meio de jejuns e mortificações. A essa altura, porém, redescobriu-o e também percebeu que a voz secreta tivera razão e que nenhum mestre jamais teria sido capaz de salvá-lo. Por isso, fora inevitável que ele se encaminhasse para o mundo para perder-se na busca de prazeres, poder, de mulheres, de dinheiro, e que se tornasse, sucessivamente, comerciante, jogador de dados, beberrão e avarento, até que o sacerdote e o samana que nele houvera estivessem mortos.
Sei amar uma pedra, ó Govinda, e também uma árvore ou um pedacinho de casca. São coisas, e coisas podem ser amadas. Mas não posso amar palavras. Por isso não me servem doutrinas. Talvez seja essa a razão por que não encontrares a paz: o excesso de palavras. Pois Govinda, também a redenção e a virtude, o Sansara e o Nirvana são meras palavras. Não existe coisa alguma que seja Nirvana. O que existe é apenas a palavra Nirvana.
Quanto mais você deseja, mais distante fica
Uma outra lição de Sidarta é reconhecer a futilidade, o estorvo e a cegueira que o desejo pode nos causar. Desejo aqui significa um desejo ou anseio por algo tangível ou intangível – neste caso, o objetivo da iluminação. Afinal, esse desejo é o ímpeto da história de Sidarta.
Quanto mais buscamos, menos encontramos. Quando estamos desejando e buscando, criamos em nossa mente uma imagem vaga do que estamos procurando, um objetivo, uma expectativa. Isso nos dá uma visão de túnel. Nossa mente nos engana para ver coisas que talvez não existam e deixar escapar coisas que estão presente.
Essa, como Sidarta explica a Govinda durante seu reencontro no capítulo final, é a diferença entre buscar e encontrar. A iluminação não pode vir para aqueles que buscam, mas apenas para aqueles que são livres, abertos e sem desejo ou objetivo.
Sidarta, como Govinda, sempre foi um buscador. Somente quando, em um momento de total desespero e entrega, quando ele “desistiu” de sua busca, ele é capaz de ouvir o “OM” que salva sua vida – a voz interior, o espírito interior, que tinha esteve lá o tempo todo.
Esse interessante dialogo que Sidarta teve com Govinda mostra exatamente isso:
-Mas, como, ó venerável? Ainda andas em busca do caminho?
-É verdade que sou velho – admitiu Govinda. – Mas nunca cessei de pesquisar. Parece que será meu destino jamais abandonar a busca. Tenho a impressão de que também tu procuraste a senda. Não me queres revelar algo a esse respeito, me prezado amigo?
-Que poderia eu dizer-te, ó reverendo? Só talvez que procuras demais, que de tanta busca não tens tempo para encontrar alguma coisa.
–Por quê? – perguntou Govinda.
–Quando alguém procura muito – explicou Sidarta – pode facilmente acontecer que seus olhos se concentrem exclusivamente no objeto procurado e que ele fique inacessível a tudo e a qualquer coisa porque sempre só pensa naquele objeto e porque tem uma meta, que o obceca inteiramente. Procurar significa ter uma meta. Mas achar significa estar livre, abrir-se a tudo, não ter meta alguma. Pode ser que tu, ó Venerável, sejas realmente um buscador, já que, no afã de te aproximares de tua meta, não enxergas certas coisas que se encontram bem perto dos olhos.
O amor é o que importa
Sidarta acaba descobrindo, mais adiante na sua jornada, que o Amor é tudo o que importa. Aceitar as pessoas como elas são, aceitar o mundo como ele é, isso que importa! Antes, Sidarta era alguém que enxergava o amor como uma mera ilusão (maya) e que via os outros homens (os chamados homens tolos – aqueles homens que viviam no mundo da cobiça, da felicidade infantil dos prazeres, da ganancia, das paixões) com certo desdém:
“Quando conduzia passageiros ordinários, homens tolos, negociantes, guerreiros, mulherio, esses seres já não lhe afiguravam estranhos. Ele os compreendia. Compreendia sua existência jamais orientada por raciocínio e percepção, senão exclusivamente por instinto e desejo. Tomava parte dela. Sentia-se igual a eles (…) A vaidade, a cupidez, o ridículo que os dominava perdiam para ele sua comicidade, encontravam explicação, tornavam-nos até mesmo dignos de respeito. O amor cego que a mãe tributasse ao filho; o orgulho estúpido, obcecado de que um pai presunçoso se enchesse em face do filhinho único; o desejo desvairado, furioso, de possuir joias, de ser admirada pelos homens – todos esses instintos, todas essas infantilidades, ambições e ânsias, impulsos simples, irracionais porém invencíveis na desmedida força e na pujante vitalidade, cessavam de apresentar-se aos olhos de Sidarta como mera criancice. Ele chegara a entender que os seres humanos viviam em função dessas coisas e que justamente elas os capacitavam para proezas incríveis, permitindo-lhes fazer guerras, empreender viagens, suportar tudo e resistir a sofrimentos. Aquela gente, com sua lealdade cega, com seu vigor e sua tenacidade, merecia carinho e admiração.
E com isso, te comunico uma doutrina que te fará rir, ó Govinda: tenho para mim que o amor é o que há de mais importante no mundo. Analisar o mundo, explicá-lo, menosprezá-lo, talvez caiba aos grandes pensadores. Mas a mim interessa exclusivamente que eu seja capaz de amar o mundo, de não sentir desprezo por ele, de não odiar nem a ele nem a mim mesmo, de contemplar ele, a mim, a todas as criaturas com amor, admiração e reverência
É errando que aprendemos
Lendo esse livro, não apenas cheguei a uma melhor compreensão do que significa seguir o caminho da Verdade, mas também encontrei a coragem de seguir meu próprio e único caminho, de experimentar tudo o que pode surgir nele – o bem , o ruim, o feio – totalmente, e, da melhor maneira que posso.
As maiores lições que aprendemos na vida geralmente vem dos momentos mais difíceis, dos momentos de maior desespero. Existe até aquela frase “A hora mais escura da noite é a que precede o amanhecer“. Isso é mostrado em passagens como:
“Provar tudo quanto se necessita conhecer! Em criança, aprendi que a riqueza e os prazeres mundanos não nos trazem nenhum proveito. Há muito tempo sabia disso, mas somente agora cheguei a assimilar essa sabedoria. Hoje me compenetrei nela. Possuo-a não só na memória, senão nos olhos, no coração, no estômago. É uma benção ter-se essa certeza.”
“Foi necessário que me degradasse até o mais estúpido de todos os propósitos e pensasse no suicídio, para que me acontecesse a graça, para que eu ouvisse novamente o Om, para que me fosse dado dormir com calma e acordar refeito. Tive de pecar para que pudesse tornar a viver.“
Essas foram algumas lições de vida que tirei do livro Sidarta de Herman Hesse! Recomendo a leitura desse livro, já li 2 vezes e com certeza o relerei no futuro. É um daqueles livros que você sempre capta alguma coisa nova, ou entende algo diferente quando você o relê.
Espero que tenha agregado valor a você! Não deixe de comentar o que achou, o que aprendeu com esse livro aqui embaixo! Valeu e tmj!
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