Em “Ética a Nicômaco”, Aristóteles defende que a felicidade é
- O maior bem desejado pelos homens.
- O fim das ações humanas.
Queria começar esse diálogo com vocês com perguntando: O que é a felicidade? E por que na maioria das vezes ela parece encoberta, não a experienciamos ou, nos raros momentos em que a experienciamos, ela logo se esvai, desaparece e os sentimentos negativos voltam?
Porque sempre parecemos estar em busca da felicidade, uma jornada cansativa e exaustiva sobre algo que colocamos no futuro, mas que nunca realmente a alcançamos, mesmo perseguindo coisas atrás de coisas? Por que parece que ela nunca se estabelece definitivamente no nosso ser?
Será que é possível ser feliz independentemente de nada no externo? Será que é possível ser feliz apenas pelo fato de você existir? Será que o roteiro de felicidade que a sociedade nos transmitiu do tipo: “estude, arranje um emprego, ganhe dinheiro, construa um família, tenha filhos” é o suficiente?
E o prazer? Será que o mundo de prazeres e gratificações instantâneas em que vivemos hoje é o suficiente para “conquistarmos” a felicidade? E por fim: Existe algo como a verdadeira felicidade?
Antes de você continuar lendo, fiz um vídeo sobre esse tema no meu canal, não deixe de dar uma olhada!
A discussão sobre a felicidade começou lá atrás, na antiguidade. Muitos filósofos e pensadores tentaram refletir sobre os mistérios dessa emoção, tentando descobrir sua natureza.
Entre eles podemos encontrar Aristóteles, que pensava que o fim último do homem era a felicidade, ou Epicuro, que acreditava que a felicidade era o fundamento da vida.
Foi a partir dessa tentativa de entender o que era a felicidade e suas causas que os termos Eudaimonia e Hedonismo surgiram. Vamos entender agora a diferença entre esses 2 tipos de felicidade: a Hedônica e Eudaimonica
Hedonismo: A felicidade baseada no prazer
Hedonismo é a felicidade baseada no prazer. O termo hedonismo vem do grego hedonikos que significa prazeroso já que hedon significa prazer. Surgiu na Grécia, e teve importantes representantes, como Aristipo de Cirene e Epicuro.
É o tipo de felicidade mais comum nos dias de hoje. O Hedonismo é aquela felicidade mais tangível e, por ser focada na busca pelo prazer, consiste na estimulação de nossos sentidos e de nossas emoções.
É uma felicidade a curto prazo, com um olhar focado mais no presente ou no futuro imeditato, e a medida que o estimulo for se afastando a felicidade hedônica vai diminuindo.
Ex: divertir-se com os amigos, ir a algum show, viajar, beber, ver séries e tv, jogar videogame etc.
Portanto ela está relacionada a:
- Mais orientada para os bens materiais
- Vem de fora (se origina por meio de estímulos externos)
- Busca máxima do prazer e fuga da dor
Eudaimonia: A felicidade do autoconhecimento
A Eudaimonia é a felicidade baseada no autoconhecimento, no desenvolvimento pessoal. Essa felicidade só pode ser obtida na satisfação ligada à contemplação da verdade pelo espírito. “Conheça a ti mesmo”.
Para Aristóteles, a felicidade deve estar em conformidade com a boa vida, e essa nada mais é que a vida contemplativa, ou a vida do filósofo a vida da contemplação do intelecto e do espírito humano. Ou seja, deveria concentrar-se na busca pela verdade, no autoconhecimento.
Muitas condutas não proporcionam uma felicidade imediata e exigem esforço, além disso pode nos fazer experienciar certas emoções negativas. Mas apesar disso, continuamos realizando essas condutas com afinco e acabamos, no final, ficando satisfeitos com elas.
Isso ocorre pois essas condutas nos proporcionam desenvolvimento pessoal, que se experimenta com uma felicidade Eudaimonica.
Ex: Aprender um novo idioma, explorar a si mesmo, treinar para uma corrida, meditação, aprender algo novo, começar um projeto do zero.
A busca do desenvolvimento pessoal é a base desse tipo de felicidade e a satisfação surge por estarmos contentes com nosso crescimento cognitivo, moral e emocional, espiritual.
É uma felicidade a longo prazo, é uma felicidade que representa uma satisfação consigo mesmo, a capacidade de observar a si mesmo e estar satisfeito com o seu crescimento pessoal.
Representa mais uma percepção de você mesmo do que um estado temporário específico (como no caso do Hedonismo).
Portanto, está associada a:
- Busca por algo maior do que nós mesmos
- Busca incessante por crescimento pessoal
- Está relacionado com o nosso propósito de vida
- Vem do interior da pessoa
Qual é o melhor tipo de felicidade?
Agora, o que é melhor? A resposta é ambas! Ambas são motivações para a nossa vida. A parte essencial é encontrar um equilíbrio entre as duas.
Hoje em dia, devido em grande parte à sociedade de consumo na qual vivemos, baseamos nossa vida no hedonismo (prazer).
Gastamos nossos recursos de maneira excessiva em prazeres de curto prazo e nos esquecemos do nosso desenvolvimento pessoal. Inclusive, grande parte da população detesta sua vida profissional e a única satisfação que podem encontrar se dá através dos prazeres hedônicos.
Por isso, é importante não esquecer ou deixar de lado a nossa autorrealização, o autoconhecimento, já que é a única maneira de alcançar a Eudaimonia, que é a felicidade genuína, que se origina a partir do seu próprio ser, do seu interior!
A chave é o equilibrio! Os prazeres nunca te darão a felicidade genuína, mas isso não significa que você deva se privar deles. Concilie o autoconhecimento com os prazeres, mas não deixe os prazeres governarem a sua vida!
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