Quase todos nós passamos a vida nos importando demais com coisas, pessoas e situações que são, na verdade, insignificantes para a nossa vida. Grande parte do nosso sofrimento vem dessa preocupação com coisas pequenas.
Já percebeu a quantidade de tempo e energia, os nossos recursos mais importantes, que gastamos com bobagens, do tipo: Tentar ganhar a aprovação de tal pessoa, esperar que outras pessoas nos tratem bem, querer ser reconhecido por outros, rumiando sobre um comentário que alguém fez, se importando demais com a opinião dos outros?
Preste muita atenção: Você vai morrer um dia. Você e todas as pessoas que você conhece estarão mortos em breve. E no curto período entre o agora e o dia de sua morte, você só pode de importar com uma quantidade limitada de coisas. Se sair por ai se importando com tudo e todos sem critério algum, vai acabar se ferrando.
Se você estiver dando importância demais para tudo quanto é coisinha (a nova foto que sua ex postou, a pilha do controle remoto que acabou, a promoção do sabonete líquido que você perdeu etc) é bem possível que a sua vida esteja um marasmo e você não tenha nada legítimo com que se importar.
Muito do que chamamos de problemas da vida são na verdade apenas efeitos colaterais de não termos nada mais importante com o que se preocupar.
Dai se conclui o seguinte: Encontrar algo importante e significativo para a sua vida talvez seja o uso mais produtivo do seu tempo e energia, pois se não, vai ficar se importando com causas insignificantes que mereciam um grande foda-se.
É justamente por isso que temos que aprender a ligar o botão do foda-se.
O livro “A sutil arte de ligar o foda-se” do Mark Manson nos explica sobre o mecanismo de ligar o foda-se, que é uma habilidade fundamental que temos que desenvolver.
O que ele quer dizer com ligar o foda-se? Significa aprender a direcionar e priorizar seus pensamentos de maneira efetiva: escolher o que é importante e o que não é, com base em seus valores pessoais.
Isso não é uma coisa tão fácil: Será necessário um bom tempo de prática e disciplina e muitas vezes falharemos. Mas talvez, essa seja a única habilidade pessoal que vale o esforço, talvez a única.
Ligar o foda-se não significa ser indiferente! Com alguma coisa da vida temos que nos importar, sendo assim, as principais perguntas são: Com o que se importar? Como escolher o que importa? E como ligar o foda-se para todo o resto?
O Mark Mason explica o que é ligar o foda-se a partir dessas 3 perspectivas:
“É superar as adversidades e a disposição de você ser diferente, excluído e um pária tudo em nome dos seus valores pessoais, tudo em nome do que realmente importa para você”
Isso que é viver uma vida autêntica! Guardar a preocupação para o que realmente importa e dizer o foda-se para o que é dispensável na vida.
Basicamente é você estar nem ai para os obstáculos que o separam de seus objetivos, não importando se vai irritar algumas pessoas no processo, para fazer o que você considera nobre, certo e importante.
Uma coisa bem legal que ele fala é o seguinte: “Não tem como ser importante e transformador para algumas pessoas sem ser uma piada e constrangimento para outras”
Ele continua e diz o seguinte:
“Se você quiser ligar o foda-se para as suas adversidades, primeiro precisa se importar com algo mais importante do que elas“
“Quer você perceba ou não, sempre estamos escolhendo o que importa“
Basicamente, isso é o que significa maturidade: é quando você aprende a só ligar para o que vale a pena para você.
O segredo para uma vida melhor não é precisar de mais coisas, é se importar com menos, e apenas com o que é verdadeiro, imediato e importante.
O legal desse livro é que ele nos ajuda a refletir sobre o que consideramos importante nas nossas vidas e o que consideramos insignificante. Nos ajuda a realizar um inventário de nossas vidas, identificando os itens mais importantes e dispensando o resto.
Identificando Valores positivos e Valores Negativos
Bons valores são:
- Realistas
- Socialmente construtivos
- Imediatos e controláveis
Valores ruins são:
- Supersticiosos
- Socialmente nocivos
- Não imediatos e nem controláveis
Alguns exemplos de valores bons: Honestidade, autoaprimoramento, humildade, consciência, respeito próprio, criatividade, altruísmo, humildade, interesse pelo novo etc.
Alguns exemplos de valores ruins: alcançar o poder através da manipulação e violência, fazer sexo indiscriminado, sentir-se bem o tempo todo, ser sempre o centro das atenções, não ficar sozinho, ser amado por todos, ser rico só pela riqueza, querer agradar a todos etc.
Repare que os valores bons e saudáveis são alcançados internamente. Coisas como criatividade e humildade podem acontecer agora mesmo, bastando orientar sua mente nesse sentido.
São valores imediatos, controláveis, dependem exclusivamente de mim e são benéficos ao mundo.
Valores ruins dependem de eventos externos. Mesmo que eles sejam divertidos e prazerosos algumas das vezes, eles estão fora de seu controle e muitas vezes são alcançados somente por meios nocivos e supersticiosos.
Pelo fato deles estarem fora do seu controle, a ansiedade e frustração são certas e o seu valor sempre estará a mercê de terceiros.
Entenda o que está ao seu controle e o que está fora de seu controle
Quando você valoriza coisas que estão fora de seu controle, você está entregando sua vida e seu poder a tais coisas.
O exemplo mais clássico disso é o dinheiro. Sim, você tem algum controle sobre quanto dinheiro ganha, mas não o controle total.
Existem muitas coisas fora de seu controle em relação a quanto você ganha: A economia pode entrar em colapso, empresas não dão certo, você pode ser demitido etc.
Se tudo o que você faz é por dinheiro, e então ocorre um imprevisto, então você perderá o seu propósito de sua vida.
Vamos supor um outro cenário bem clássico: Você vê uma pessoa que quer conhecer/ficar numa festa, porém você considera que o seu valor interno vem do quanto você obtém boas reações de outras pessoas, do quanto elas te aprovam e do quanto você consegue fazê-las gostar de você.
Vamos supor que você chegue em tal pessoa para conversar e ela não queira nada ou demonstre indiferença para com você. Se você se avaliar de acordo com o valor de que “eu só tenho valor se outras pessoas gostarem de mim e se elas não gostarem eu não sou bom o suficiente” você está dando todo o seu poder para um desconhecido!
O que uma pessoa pensa e sente sobre você está no seu controle? Não! O que está no seu controle é a sua iniciativa, sua coragem, sua assertividade, sua atitude. Por isso, sempre se avalie de acordo com valores que dependem de você.
Mesmo que você tomar um fora, você agiu com base nos seus valores. Foi você quem teve a iniciativa, a coragem, enfrentou seus medos e foi ousado, então parabéns! Isso só vai te levar longe.
Mesma coisa com popularidade, fama, status, o que os outros pensam de você: São coisas que você não tem controle e não dependem de você! Como você pode ser seguro de si mesmo valorizando algo que não está em seu controle?
Escolhendo seus valores: Foque no Positivo e Afaste-se do Negativo!
Da mesma forma que você não percebe sua respiração até que seja solicitado a focar nela, geralmente não notamos os valores que nos orientam no nosso dia a dia.
A grande pergunta é: Quais valores você prioriza acima de tudo e que, portanto, influenciam as suas decisões? Temos que fazer esse exercício de reformular nossas prioridades, concentrar-se no que realmente importa e a partir disso, avaliar nossa vida a partir de um nova perspectiva.
Quando nutrimos valores ruins, ou seja, padrões baixos estabelecidos para nós e para os outros, nos importamos com coisas que não merecem a nossa atenção e que no fundo tornam a nossa vida pior.
Quando escolhemos valores melhores, direcionamos nosso foco para o positivo: para aquilo que realmente importa, que nos proporciona bem estar, felicidade, prazer e sucesso.
Sugiro agora que você faça uma lista dos valores que você quer se comprometer a praticá-los em sua vida. Lembre-se que os valores só se tornam verdade se você vivenciá-los (tomar ação perante eles).
Se você identificou que a saúde é um valor importante para você, então na hora de decidir entre uma pizza x salada, aquele valor tem que ser trazido a tona. Comece a questionar suas decisões, veja se estão de acordo com o seu valor.
Pratique sempre que for tomar uma decisão! E não se julgue negativamente caso falhar, apenas reconheça seu desalinhamento e se comprometa a se realinhar com tal valor. Isso é um exercício para nossas vidas inteiras!
Por isso a importância de identificar nossos próprios valores! Se não fizermos isso, vamos viver de acordo com padrões que nos foram dados por outras pessoas e pela sociedade (que geralmente são todos prejudiciais).
Por exemplo, a sociedade nos ensina que ter prazer (satisfações efêmeras a curto prazo) é uma das coisas mais importantes para a felicidade do homem. O prazer é vendido 24h por dia, 7 dias na semana e é nele que nos fixamos. É a substância que usamos para nos entorpecer e distrair.
Será que esse é um valor bom para guiar sua vida? Pergunte para qualquer viciado em drogas onde sua busca por prazer o levou. Pergunte para alguém que ficou a beira da morte por causa da gula excessiva se o prazer o ajudou a resolver seus problemas.
Que tal ao invés de escolher viver com base em satisfações a curto prazo, efêmeras e superficiais, você não focar mais na profundidade, no longo prazo, na sabedoria, no autodesenvolvimento, crescimento espiritual e desenvolvimento de habilidades?
Essas coisas podem não ser tão prazerosas no início, mas são as que trazem a maior felicidade e crescimento interior ao indivíduo (ao invés de ficar assistindo 5h de TV por dia comendo salgadinho, bata frita e refrigerante).
A sociedade ensina que a fama, popularidade, o seu status, o seu dinheiro, seu carro são tudo o que importa e que elas definem o seu valor como indivíduo.
Mas que tal você avaliar o seu valor de acordo com as suas atitudes, do quanto você ajuda os outros, do quanto você contribui para a vida das outras pessoas, das ações que você vem tendo para chegar onde você quer chegar e ser quem você quer se, da intenção que você têm por trás de cada ação que você toma, do quanto você está comprometido em melhorar como pessoa?
Percebe que essas coisas estão no seu controle, são benéficas e dependem exclusivamente de você?
Para te auxiliar no descobrimento do que você considera prioritário/importante na sua vida, para que você comece a dizer o foda-se para o resto, vou colocar aqui uma lista de perguntas para te ajudar a definir os seus valores pessoais:
- Como é uma vida bem-sucedida e significativa para você? É importante nesta fase não julgar a visão que você tem de si mesmo. O importante é que seja a vida que você genuinamente deseja para si mesmo. Depois que tiver essa visão, faça a seguinte pergunta a si mesmo:
- Por que eu quero ter essa vida e atingir tais objetivos? É para impressionar os outros? Ou estou fazendo isso pois estou de acordo com meu espírito e sei que isso trará a minha realização pessoal? Muitas pessoas dizem “Quero ser bem sucedido financeiramente” mas se você perguntar a elas “Por que você quer isso?” provavelmente darão uma resposta bem superficial que será um reflexo de seus valores negativos (por exemplo, “quero ser bem sucedido para provar a mim mesmo que sou capaz”; ou “para comprar um carro foda e ser feliz.” É importante perguntar a si mesmo por que deseja o que deseja, pois isso irá ajudá-lo a descobrir os valores subjacentes à vida que você imaginou para si mesmo. Qual são os valores que estão servindo de fundação para essa vida? São benéficos ou negativos?
Esse procedimento de perguntar-se o “Por que?” a seguir é muito bom para descobrir seus valores e certas crenças equivocadas e prejudiciais que você pode ter. A partir do momento em que você toma consciência de suas motivações subjacentes, você pode escolher mudar e agir com base em novos parâmetros.
Nesse caso, observamos que os valores por trás de sua visão de vida são negativos. Basicamente você está querendo ser bem sucedido para provar a si mesmo que é o bastante e para que outras pessoas gostem de você. Isso não é uma coisa boa!
Agora você pode decidir viver de acordo com outro valor. Você pode escolher ser bem sucedido financeiramente para poder contribuir com sua criatividade, seus talentos e serviços ao universo, para ajudar os demais, para ter liberdade e autonomia etc.
Você pode escolher ter um relacionamento pois já se sente muito bem consigo mesmo e quer compartilhar, agregar.
Agora, sugiro que você siga o próximo passo:
- Faça uma lista dos valores que você quer se comprometer a viver de acordo: Sugiro que você anote em um diário ou um papel qualquer os valores que você escolheu proativamente para fazerem parte de sua vida. Seria interessante se você os colocassem em ordem de importância também, pois isso auxilia muito na hora da tomada de decisões. Não existe certo ou errado, apenas reflita o que é mais importante para você atingir sua melhor versão hoje. Como por exemplo:
- Hora de praticar: Apenas sentar e pensar e refletir sobre os seus valores já é um ótimo começo (quase ninguém faz isso). Mas nada vai se solidificar até que você saia e incorpore esse novo valor. Valores são conquistados e perdidos somente com a experiência de vida. Não por meio da lógica ou sentimentos. Eles precisam ser vividos e experimentados para se manterem. Isso geralmente requer coragem. Sair e viver um valor contrário aos seus velhos valores é assustador e desafiador.
Então o que está esperando? Não deixe de fazer esses pequenos exercícios para você começar a refletir sobre seus valores, ver se eles são realmente os adequados para você e escolher viver com valores mais benéficos e que estão alinhados com sua visão de vida!
E ai? Quais foram os seus principais aprendizados! Quais os seus valores pessoais? Quais são suas prioridades? Não deixe de comentar aqui porque eu to curioso!
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