Uma constante na história da humanidade
O ser humano é um ser religioso – A noção da existência de Deus povoa a mente humana desde os tempos mais imemoriais. Aparece com obstinada insistência em todos os lugares e em todas as épocas, mesmo nas civilizações mais arcaicas e isoladas de que se tem notícia. Não existe nenhum povo nem período algum da história sem religião. É algo que sempre acompanhou o homem como a sombra acompanha o corpo. É uma constante na história dos povos.
As perguntas “de onde vim” e “para onde vou” estão impressas no coração do ser humano. As perguntas sobre o sentido da vida, sobre o enigma do mal e da morte, sobre o que acontecerá depois da morte, são perguntas que não podemos gufir. Deus está na própria origem da questão existencial do homem.
Alister McGrath explica, de um modo muito belo, por que “não podemos deixar de falar de Deus”. Por natureza, somos seres que não podem deixar de pensar em Deus e ansiar por ele. Assim expressou o grande buscador de Deus na Antiguidade, Agostinho de Hipona: “Fizeste-nos Senhor para ti, e nosso coração ainda inquieto até que descanse em ti”.
O consenso das ciência atuais de que a religião é um fenômeno natural no ser humano, e não algo secundário que se impõe a partir de fora, é total: a religião possui um “caráter cognitivo inato” na natureza humana.
Também Viktor Frankl indica que existe no ser humano uma tendência inconsciente, natural, para Deus, que na atualidade se encontra reprimida, fazendo com que o homem de hoje não coloque para si mesmo a questão religiosa, vivendo, assim, as consequências patológicas de uma religiosidade reprimida.
Já dizia Aristóteles, que se a religião é uma constante na história dos povos, não pode ser senão porque pertence a própria essência do homem.
O homem nunca foi indiferente a questão religiosa, por mais forte que tenham sido a pressão antirreligiosa. Na verdade, onde quer que as instituições religiosas tenham sido suprimidas e os fiéis perseguidos de uma maneira ou outra, as ideias e obras da religião voltaram a brotar uma vez e outra.
A história mostra que são precisamente aqueles que, com tanta paixão, lançam essas condenações, dizendo que a Igreja e a Religião desaparecerão da terra daqui a um tempo, são essas mesmas pessoas e essas profecias que desaparece uns após outros, enquanto a Igreja continua adiante depois de dois mil anos, e a religiosidade continua a ser uma constante em todas as civilizações de todos os tempos.
A Igreja, que presenciou catastrofes que verreram imérios inteiros, testemunha pela sua mera subsistência a força que nela palpita. “Os povos passam, os tronos e as dinastias desmoronam-se, mas a Igreja permanece” disse Napoleão. É uma realidade que leva a pensar que o fato religioso faz parte da natureza do homem e que a Igreja está animada de um espírito que não é de origem humana.
Tudo veio do acaso?
É dificil sustentar a hipotese de que tudo obedece a uma evolução misteriosa governada pelo acaso, sem que haja nenhuma inteligência por trás. Por trás de uma obra tão complexa e harmoniosa, tem de haver um Criador.
Recorrer a um gigantesco acaso para explicar as maravilhas da natureza é uma explicação ingênua.
Além do mais, não da pra sustentar que o mundo se fez sozinho ou que se criou a si próprio.
Deus, Causa Primeira
Qual é a origem primeira do ser?
Do nada, afirma Leo J. Trese, não podemos obter coisa alguma. Se não temos bolotas, não podemos plantar um carvalho. Sem pais, não há filhos. Portanto, se não existisse um Ser que fosse eterno (um Ser que nunca tivesse começado a existir) e onipotente (capaz, por conseguinte, de fazer do nada alguma coisa, não existiria o mundo, com toda a sua variedade de seres, e nós também não existiriamos.
Alguns evolucionistas diriam que tudo começou a partir de uma massa informe de átomos. Está bem, quem criou essa massa de átomos? De onde procediam? Quem direcionou a evolução desse átomos? Alguém teve de fazê-lo. Alguém, que desde toda a eternidade, tenha possuído uma existência independente.
Todos os seres vivos como os inertes, são elos de uma longa cadeia de causas e efeitos. Mas essa cadeia tem de chegar até uma causa primeira.
Se eu vejo umas crianças, a experiência me diz que elas não fizeram a si mesmas.
Não é dificil chegar a reconhecer, pelo uso da reta razão, que Deus existe. Em muitos casos, nós, os homens, renunciamos a continuar a discorrer racionalmente quando verificamos que, se o fizermos, chegaremos a conclusões que contrariam os nossos egoísmos ou nossas más paixões.
Mas e a teoria do Big Bang, não explica a autocriação do Universo?
A teoria do Big Bang é perfeitamente conciliável com a existência de Deus. Segundo a teoria do Big Bang, todo o Universo teria se originado de um ponto inicialde massa e energia quase infinitas, mas a teoria em si nada afirma sobre a origem desse ponto inicial, que por sua vez necessariamente tem de remeter a um Criador que está fora e além do Universo.
Teoria da autocriação do universo (de que o Universo se criou a si próprio e do nada). Desde o momento em que se fala de criação a partir do nada, estamos já fora do método cientifico, já que o nada não existe e, portanto, não é possível aplicar-lhe o método científico. Além disso, é necessário muita fé para pensar que uma massa de matéria ou de energia possa ter-se criado a si mesma.
Acreditar em um conto de fadas não é acreditar em Deus, mas sim acreditae que particulas originais, sem qualquer impulso nem direção exteriores, começaram a associar-se, a combinar-se aleatoriamente entre elas para passar dos quasares aos átomos, e dos átomos a moléculas de arquitetura cada vez mais complicada e diversa, até produzirem, depois de milhares e milhares de anos de esforços incessantes, um professor de astrofísica de óculos e bigode.
A doutrina da Criação nao pedia senão um único milagre de Deus. A da autocriação exige um milagre a cada décimo de segundo. Um milagre contínuo, universal e sem autor.
A evolução nunca explicaria a origem primeira dessa materia inicial, não explica a Origem. A evolução transcorre no tempo, tem por pressuposto a Criação. A passagem da matéria para a inteligência humana é um salto ontológico, um salto no modo de ser de cada coisa, não pode ser simplesmente um fruto do acaso. Por mais que a matéria se desenvolva, não é capaz de produzir um só pensamento que lhe permita compreender-se a si mesma.
Genêsis deixa claro que o mundo procede somente do poder de Deus. Dá a enteder que todo o homem e o homem todo, em corpo e alma, vem de Deus, depende de Deus e foi criado por Deus, que o Universo não é autossuficiente e que Deus é o Criador e Senhor de todas as coisas.
Deus não quis obrigar o homem a reconhecê-lo forçosamente. A razão humana pode demonstrar a existência de Deus e conhecer bastante sobre a sua natureza. Mas não pode chegar por si só a alcançar muitas outras verdades relativas a natureza de Deus.
Só acreditar naquilo que vejo?
Confiar em uma coisa que não é uma certeza esmagadora e incontestável não tem por que ser uma atitude absurda. A maior parte dos nossos conhecimentos procede da fé humana, isto é, do testemunho de outras pessoas, e, na maioria dos casos, não podemos comprová-los incontestavelmente. E isso inclui dados tão simples como quem são os nossos pais, o nosso lugar de nascimento e a maior parte da geografia e história.
Passamos a vida inteira, todos, também aqueles que dizem não acreditar em nada, tendo fé em muitas coisas, correndo riscos e confiando no que não está claramente provado. Fé quer dizer crédito ou confiança. Se quisessemos demonstrar tudo, acabariamos por ver-nos metidos num processo infinito em que a desconfiança absoluta limitaria drasticamente os nossos movimentos e atos e a nossa vida ficaria reduzida ao pequeníssimo âmbito daquilo que cada qual pode comprovar pessoalmente.
Por vezes, a resistência a crer em Deus é sobretudo uma resistência da vontade para evitar complicações morais. Eludir algumas das obrigações morais que a existência de Deus traz consigo lhes permite evitar o incômodo de refutá-las.
Além disso, alguns fingem a incredulidade pois no mundo moderno é vista como uma prova da elegância, sofisticação e sabedoria. Tanto que nos EUA, um grupo de agnósticos e ateus de intitulam “The Bright ones” – os brilhantes.
Até mesmo ateistas, na prática, vivem de acordo com algo que não conseguem demonstrar.. pois não conseguem demonstrar a inexistência de Deus, vivem portanto com fé na não existência de Deus.
“Prefiro errar crendo num Deus que não existe, a errar não crendo num Deus que existe” – Pascal
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