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13 Ensinamentos Poderosos Para Expandir a Consciência do Livro “A Alma Indomável” (Michael Singer)

Tempo de leitura: 53 min

Escrito por Davi Klein
em agosto 28, 2023

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Para se libertar, primeiro você precisa tomar consciência da situação difícil em que se encontra. Depois, tem que se comprometer com o trabalho interior pela liberdade. E fazer isso como se a sua vida dependesse disso, porque depende. Do jeito que está agora, sua vida não é sua, ela pertence a sua mente. Esta vida é sua, tome-a de volta.

Michael Singer

Nesse post trarei alguns trechos de um dos melhores livros de expansão de consciência que já li – “A alma indomável: Como se libertar dos pensamentos, emoções e energias que bloqueiam a consciência” do Michael Singer.

Neste livro, o autor, usando o conhecimento das antigas tradições espirituais do Oriente e do Ocidente, mostra como se libertar da tirania da mente e abandonar pensamentos, crenças e emoções que sabotam a felicidade e autorrealização.

A chave para expandirmos nossa consciência e redescobrirmos o nosso verdadeiro Eu é “Deixar ir (soltar, desapegar) – é um processo de desfazer, subtrair e dissolver. Para expandirmos nossa consciência, simplesmente temos que remover os bloqueios internos (pensamentos e sentimentos) que estão nos mantendo presos a baixos níveis de consciência.

Conforme vamos deixando ir, mais nos alinhamos com nossa verdadeira essência. Por conta disso, nossa vida vai se tornando cada vez mais fácil e abundante.

Eis os principais ensinamentos do livro “A alma indomável” de Michael Singer:

1. Como se libertar da voz da cabeça

Não há nada mais importante para o verdadeiro crecimento do que compreender que você não é a voz da mente, você é quem a ouve.

A melhor maneira de se libertar desse blá-blá-blá incessante é recuar e olhá-lo de forma objetiva. Na verdade a única maneira de se distanciar dela é para de fazer a distinção entre as coisas que ela diz. Pare de sentir que parte do que ela diz é você e parte não é. Se a está ouvindo falar, é óbvio que ela não é você. Você é quem escuta a voz. Você é quem a percebe falando.

2. Como se libertar de suas inseguranças

A conclusão é que você nunca vai se libertar dos problemas se não se libertar antes daquela parte dentro de si que tem todos esses problemas. Quando um problema o perturbar, não se pergunte: “O que devo fazer para resolver isso?” Pergunte: “Qual parte de mim está sendo perturbada por isso?”

Ao questionar como resolver a questão, você já caiu na crença de que há realmente um problema exterior que precisa ser resolvido. Se quiser alcançar a paz diante dos contratempo da vida, será preciso entender por que uma situação específico é percebida como um problema.

Quando sentir ciúme, em vez de tentar descobrir como se proteger, apenas pergunte a si mesmo: “Qual parte de mim está enciumada?” Isso vai levá-lo a olhar para dentro e perceber que, de fato, uma parte sua está com ciúme. Depois de ver claramente a parte de você que está inquieta, pergunte-se: “Quem está vendo isso? Quem está percebendo essa inquietação interior?”

Essa é a solução para todos os seus problemas. O próprio fato de ser capaz de ver o incômodo já significa que você não é ele. Para que algo seja visto, é necessário que haja um relação entre sujeito e objeto. O sujeito é a “testemunha” porque é aquele que vê o que está acontecendo. O objeto é a coisa vista – nesse caso a inquietação interior. Essa atitude de manter uma consciência objetiva do problema interior é sempre melhor do que se perder na situação externa.

O primeiro problema a enfrentar, portanto, é nossa própria reação. Você só é capaz de resolver uma situação externa depois de admitir como ela o afeta por dentro. Isso envolve passar da consciência da solução exterior para a consciência da solução interior.

É preciso romper o hábito de achar que a solução dos seus problemas é reorganizar as coisas no lado de fora. A única solução permanente é olhar para dentro e se livrar dessa parte sua que parece ter tantas dificuldades.

Isso talvez pareça impossível, mas não é. Uma parte do seu ser pode mesmo de abstrair do seu próprio dramalhão. Você pode observar a si mesmo ficando com ciúme ou com raiva. Não é necessário pensar sobre essas emoções nem analisá-las; pode apenas ter consciência delas. Quem vê tudo isso? Quem percebe as mudanças que acontecem dentro de você?

Quando diz a um amigo “Toda vez que falo com Tom, fico muito aborrecido” Como você sabe que fica tão aborrecido? Você sabe porque está presente e vê o que está acontecendo. Há uma separação entre você a raiva ou o ciúme. Você é quem percebe essas coisas.

Quando ocupa o lugar da consciência, você pode se livrar dessas perturbações. Comece observando. Apenas esteja ciente de que tem consciência do que está acontecendo. É fácil. E então você vai se dar conta de que está observando a personalidade de um ser humano com todos os seus pontos fortes e fracos.

3. Como ter energia infinita

O estado mais elevado que você já experimentou é simplesmente o resultado de quão aberto estava na ocasião.

Você só não consegue sentir amor e entusiasmo o tempo todo pois você escolheu se fechar. Quando se fecha, você, na verdade, escolhe não sentir amor e abertura.

Você tem uma quantidade fenomenal de energia ai dentro. Ela não vem da comida nem do sono e está sempre disponível. A única razão para não sentir essa energia o tempo todo é que você a bloqueia, fechando o coração, fechando a mente, se colocando em um espaço interior restritivo e se isolando de toda a energia.

Quando fecha o coração ou a mente, você se esconde na própria escuridão interior. Não há luz, não há energia. Nada flui. A energia ainda está lá, mas não consegue entrar. É isso que significa estar “bloqueado”. É por isso que você não tem energia quando está muito triste.

Os iogues chamam os centros de energia de chakras. Esse fluxo de energia vem das profundezas de seu ser e já recebeu muitos nomes. Na antiga medicina chinesa, chama-se CHI. No yoga, chama-se SHAKTI. No ocidente, Espírito. Chame-a como quiser. Todas as grandes tradições espirituais falam de sua energia espiritual.

Para ter acesso a essa energia, só é necessária abertura e receptividade. Ela está igualmente disponível para todos. O sol não brilha de forma diferente sobre pessoas diferentes. Porém, você tem a capacidade de se fechar e bloquear essa luz.

Quando você se abre, ela jorra dentro de você. Os verdadeiros ensinamentos espirituais tratam dessa energia e de como abrir-se a ela. A única coisa que você deve saber é que se abrir permite que a energia entre e se fechar a bloqueia.

Agora você tem que decidir se quer ou não essa energia. Quão alto quer subir? Quanto amor quer sentir? Quanto entusiasmo quer ter pelas coisas que faz? Se ter uma vida plena significa energia elevada, amor e entusiasmo, então nunca se feche.

Há um método simples para se manter aberto: basta nunca se fechar. É mesmo simples assim. Você só precisa decidir se está disposto a se manter aberto ou se acha que vale mais a pena se fechar. Na verdade, você pode se treinar para esquecer como se fechar. Isso é um hábito que, como qualquer outro, pode ser abandonado. Por exemplo, você pode ser do tipo que tem um medo inerente de pessoas e tende a se fechar quando conhece alguém. Pode até frequentemente experimentar uma sensação de aperto sempre que alguém se aproxima. Você pode se treinar para fazer o contrário, para se abrir toda vez que encontrar uma pessoa. É apenas uma questão de querer se fechar ou querer se abrir. Em última instância, é algo que está sob seu controle.

O problema é que não costumamos exercer esse controle. Em circunstâncias normais, nosso estado fica a mercê de fatores psiquicos. Basicamente somos programados para nos abrir ou nos fechar com base em nossas experiências passadas. As impressões do passado ainda estão dentro de nós e são despertadas por diversos acontecimentos. Se são impressões negativas, tendemos a nos fechar. Se são positivas, tendemos a nos abrir.

Mas você nunca deveria deixar algo tão importante quanto seu fluxo de energia ao acaso. Se você gosta dessa energia, e sei que sim, nunca se feche. Quanto mais aprender a ficar aberto, mais energia fluirá dentro de você. Treino o hábito de se abrir ao não se fechar. Decida não se fechar.

Se fizer listas de como o mundo tem que ser para você se abrir, estará limpando sua abertura a essas condições. Mais vale ficar aberto não importa o que aconteça.

O modo como vai aprender a se manter aberto cabe a você escolher. O grande truque é não se fechar. Quem não se fecha aprende a se manter aberto. Não deixe que nada ganhe tanta importância que você resolva fechar o seu coração por isso.

Quando sentir que isso começa a acontecer, diga apenas: “Não, não vou me fechar. Vou relaxar. Vou deixar a situação se desenrolar e me manter presente”. Honre e respeite a situação e lide com ela do melhor jeito possível. Enfrente-a com abertura.

Você pode se fechar porque não gostou do que aconteceu ou continuar sentindo amor e entusiasmo e não se fechar. Enquanto continuar definindo o que gosta e o que não gosta, sempre vai oscilar entre se abrir e se fechar. Aproveite a vida por inteiro!

Com meditação, consciência e esforço obstinado, você pode aprender a manter seus centros abertos. Para isso, basta se soltar e relaxar, basta não aceitar a ideia de que vale a pena se fechar por algum motivo. Lembre-se: se você ama a vida, não há razão para se fechar. Por nada neste mundo vale a pena fechar seu coração.

4. Como desafazer seus Samskaras

O coração, na verdade, é muito simples de entender. Ele é um centro de energia, um chakra – um dos mais belos e poderosos, que tem um grande efeito sobre nossa vida cotidiana. Esses centros de energia são áreas de nosso ser onde a energia se concentra e se distribui e por onde ela flui. Esse fluxo, que já foi chamado de SHAKTI, ESPÍRITO e CHI, desempenha um complexo papel na sua vida.

Vamos começar essa análise com uma pergunta fundamental: o que há na estrutura do centro de energia do coração que permite ele se fechar? O que você vai descobrir é que o coração se fecha porque é bloqueado por padrões energéticos inacabados e armazenados do passado.

A longo prazo, os padrões energéticos que não passam por você são expulsos do primeiro plano da mente e ficam guardados até que você esteja pronto para liberá-los. Quando você não consegue permitir que eles passem por você, os acontecimentos da vida ficam ai dentro e se tornam um problema, e esses padrões podem perdurar por um longo tempo. Não é fácil manter a energia no mesmo lugar por muito tempo. Enquanto você luta decididamente para impedir que esses acontecimentos passem pela sua consciência, a energia tenta se liberar primeiro manifestando-se através da mente. É por isso que a mente fica tão ativa.

Na tradição do Yoga, esse padrão energético inacabado é chamado SAMSKARA. Essa palavra em sânscrito significa “impressão” e nos ensinamentos é considerada uma das mais importantes influência que afetam a vida. O samskara é um bloqueio, uma impressão do passado, um padrão energético inacabado que acaba controlando sua vida.

Esse processo de energia circulante é exatamente o que acontece com um samskara, que é um ciclo de padrões energéticos do passado armazenados em estado de equilíbrio relativo. É sua resistência a experimentar esses padrões que faz a energia se manter girando em torno de si mesma. Ela não tem para onde ir. Você não está deixando. É assim que a maioria processa as suas próprias questões. Essa carga de energia circulante é literalmente armazenada no centro de energia do coração. Todos os samskaras que você colecionou no decorrer da vida ficam guardados lá.

Depois de condensados e guardados no coração, esses padrões energéticos ficam basicamente inativos. Pode parecer que você resolveu a situação e não tem mais problemas com aquela experiência. Porém, como você resistiu a energia, ela fica acumulada no coração, onde se mantém no pano de fundo, sem incomodar. Embora pareça que acabou, que tudo já passou, isso não é verdade.

Cada um dos samskaras que você guardou ainda está lá. Tudo o que não passou por você, desde que era bebê até esse momento, ainda está aí dentro. São essas impressões, esses samskaras, que se acumulam pouco a pouco na válvula do coração espiritual e acabam restringindo o fluxo de energia.

Os padrões energéticos armazenados são reais. Na verdade, cada samskara está programado com os detalhes do acontecimento que não conseguiu passar. Se você sente ciúme porque pensou ter visto sua namorada abraçando alguém no carro, dados muito detalhados desse evento ficcam guardados no samskara, que vai ter a vibração e a natureza do acontecimento. Num futuro próximo, ao se deparar com uma situação similar, essa energia suprimida é ativada e uma inesperada mudança interior ocorre em você – de repente você está com raiva, zangado, triste, etc – isso tudo devido a um padrão energético não resolvido do passado que ainda se encontrava no seu interior.

A questão é que impressões passados são estimuladas, mesmo as antigas, e afetam sua vida. As informações sensoriais dos eventos hoje vasculham tudo o que você armazenou durante anos e restauram os mesmos padrões energéticos associados ao que está acontecendo no momento. Quando é estimulado, o samskara se abre como uma flor e começa a liberar a energia armazanada. Anos depois ele pode ser estimulado e instantaneamente fazer você vivenciar os mesmos sentimentos que teve no passado. É realmente possível sentir os temores e a insegurança de uma criança de 5 anos aos 60. O que acontece é que aqueles padrões energéticos mentais e emocionais inacabados são armazenados e reativados.

Para alcançar esse estado, simplesmente permita que as experiencias de vida venham e passem através do seu ser. Se energias antigas voltarem porque você não conseguiu processá-las antes, livre-se delas agora. É fácil assim. Quando você sentir ciúmes, apenas sorria. Fique feliz por esse samskara, armazenado ai dentro durante todo esse tempo, ter tido a oportunidade de passar por você. Basta se abrir, relaxar o coração, perdoar, rir ou fazer o que quiser. Só não o empurre de volta. Sem dúvida é doloroso quando ele surge. Se foi armazenado com dor, será liberado com dor. Você tem que decidir se quer continuar com toda essa dor armazenada bloqueando o seu coração e limitando a sua vida. A alternativa é estar disposto a deixá-la ir quando for estimulada. Dói apenas por um minuto e depois acaba.

Portanto, você precisa optar: quer tentar mudar o mundo para ele não perturbar os seus samskaras ou está disposto a passar por esse processo de purificação? Não tome decisões com base em energias bloqueadas que foram estimuladas. Aprenda a estar centrado o suficiente para apenas observar a medida que elas surgem. Depois que estiver suficiente e profundamente assentado dentro de si e tiver parado de brigar com os padrões energéticos armazenados, eles aparecerão constantemente e passarão direto por você. Eles vão surgir durante o dia e até em seus sonhos. Seu coração vai então se acostumar com o processo de liberar e purificar. Apenas permita que tudo aconteça. Aceite de uma vez.

A sua recompensa é um coração permanentemente aberto. Permita-se vivenciar todas as notas que o coração pode tocar. Se você relaxar e se soltar, essa purificação do coração será maravilhosa. Defina como meta o estado mais elevado que consegue imaginar e não se desvie de lá. Se escorregar, é só se levantar, não faz mal. O próprio fato de querer passar por todo esse processo para libertar o fluxo de energia já significa que você é grandioso. Você vai chegar lá. Basta continuar deixando passar.

5. Transcendendo a tendência a se fechar

Nosso fluxo de energia mais primitivo é o instinto de sobrevivência/autopreservação. Porém, para a maioria de nós não nos falta comida, roupa e nem abrigo. Como resultado disso, a energia de proteção se adaptou para defender o indivíduo em termos psicológicos, não mais fisiológicos.

Hoje experimentamos a necessidade cotidiana de defender a imagem que temos de nós mesmos, não mais nosso corpo. Nossas maiores dificuldades acabam sendo nossos temores, inseguranças e padrões destrutivos de comportamento, não as forças externas.

Quando se fecha e se protege, você constrói uma concha ao redor daquela parte sua que é fraca. É essa parte que sente necessidade de proteção, mesmo que não haja nenhuma ameaça física. Você protege seu ego, sua imagem de si. Embora a situação não apresente nenhum perigo físico, ela pode fazê-lo se sentir perturbado, com medo, inseguro e sujeito a outros problemas emocionais. E então você tem a sensação de que precisa se proteger.

O problema é que essa parte de você que fica perturbada é totalmente desequilibrada. Ela é tão sensível que a menor coisinha a leva a reagir de maneira exagerada. Mas nossa sociedade considera essa sensibilidade psicológica normal. Como desenvolvemos essa psique hipersensível, constantemente usamos as nossas energias para nos fechar em torno dela e nos proteger. Mas esse processo só esconde o problema, sem resolvê-lo. Você só está trancando sua doença dentro de si e ela só vai piorar.

Você vai chegar a um ponto de seu crescimento em que entenderá que se continuar se protegendo, nunca será livre. É simples assim. Por estar com medo, você se trancou dentro de casa e fechou as cortinas. Agora está escuro e você quer sentir a luz do sol, mas não pode. É impossível. Quando se fecha e se protege, você está trancando essa pessoa insegura e apavorada dentro do seu coração. E assim nunca será livre.

No fim das contas, se você conseguir se proteger perfeitamente, nunca vai crescer. Todos os seus hábitos e idiossincrasias continuarão. A vida fica estagnada quando as pessoas protegem as questões que vivem guardando. A maioria de nós acaba vivendo dia após dia tentando se proteger e se assegurar de que nada dê de errado demais. No fim do dia, se alguém pergunta “Como foi seu dia?”, a resposta comum é: “Até que não foi muito ruim”. O que isso diz sobre essa forma de ver a vida? Essas pessoas enxergam a vida como uma ameaça. Um dia bom significa que você passou por ele sem se ferir. Quanto mais vive assim, mais fechado você se torna.

Se quer mesmo crescer, é preciso fazer o contrário; O verdadeiro crescimento espiritual acontece quando só há um eu aí dentro de você, não quando existe uma parte com medo e a outra que está protegendo. Todas as partes estão unificadas. E como não há nenhuma parte que você não esteja disposto a ver, a mente não fica mais dividida entre consciente e subconsciente.

Para atingir esse estado de percepção, é preciso deixar toda a psique aflorar. É preciso dar a cada um pedacinhos separados dela a permissão para seguir em frente. Agora mesmo, muitas partes fragmentadas da sua psique estão guardadas dentro de você. Se quiser ser livre, tudo tem que ser igualmente exposto a sua consciência e liberado, mas isso nunca vai acontecer se você continuar se fechando. Afinal, o propósito de se fechar é assegurar que as partes sensíveis da psique não fiquem expostas. Então você finalmente compreende que, por maior que seja a dor criada pela exposição, esse é um preço que vale a pena pagar em nome da liberdade.

Comece vendo a tendência a se proteger e se defender. Nos fechamos para evitar a exposição de partes sensíveis da psique. Há uma propensão inata e muito profunda a se fechar, principalmente em torno dos pontos sensíveis. Mas você finalmente notará que se fechar dá um trabalho enorme. Quando se fecha, você tem que garantir que aquilo que está protegendo não será perturbado. Então assume essa tarefa pelo resto da vida. A alternativa é se tornar consciente o bastante para conseguir simplesmente observar essa parte do seu ser que está constantemente tentando se proteger.

Comece observando a vida e prestando atenção no fluxo constante de pessoas e situações que entram na sua vida todos os dias. Com que frequência você se vê tentando proteger e defender aquela parte fraca de si mesmo? Você sente que o mundo quer atingi-la, que, em todos os lugares, há algo ou alguém tentando perturbá-lo, irritá-lo. Por que não deixar que consigam? Se realmente não a quer mais, não há por que protegê-la. A recompensa por não proteger a sua psique é a liberação.

Depois de assumir o compromisso de se libertar dessa pessoa apavorada que tem ai dentro, você vai notar que há um ponto de decisão claro no qual o seu crescimento espiritual acontece: o momento em que você começa a sentir sua energia mudar. Por exemplo, alguém diz alguma coisa e você começa a sentir uma energia estranha, um aperto. Essa é a deixa de que está na hora de crescer. Não é hora de se defender, porque você não quer essa parte sua que poderia proteger. Se não a quer, desapegue.

Quando as energias interiores começam a se movimentar, você não precisa se deixar levar por elas. Por exemplo, quando seus pensamentos surgem, você não tem que ir atrás deles. Você tem a capacidade de não se deixar levar por nenhum desses pensamentos. Pode apenas continuar assentado no lugar da consciência e se desapegar deles, deixá-los para lá. Um pensamento, um sentimento aflora, você o percebe e ele passa porque você permite.

Essa técnica pressupõe a compreensão de que pensamentos e emoções são apenas objetos da consciência. Quando vê seu coração começar a se inquietar, você obviamente está ciente dessa experiência. Mas quem está ciente? A consciência, o ser que mora em você, a Alma, o Eu. É aquele que vê. As mudanças que você experimenta em seu fluxo interior de energia são apenas objetos dessa consciência. Se você quer ser livre, toda vez que sentir qualquer mudança no fluxo de energia, relaxe. Não lute contra ela, não tente mudá-la, não a julgue. Não diga “Ah, não acredito que ainda estou sentindo isso”. Não faça isso, pois você vai acabar sendo levado pelo pensamento de culpa.

Mas não se trata apenas de desapegar de pensamento e emoções. Na verdade, a questão é se esquivar da atração que a própria energia exerce sobre a sua consciência. A inquietação tenta atrair sua atenção. Se conseguir usar a força de vontade interior para não ir atrás dela e permanecer assentado, você vai notar que a distinção entre consciência e o objeto da consciência é clara como noite e dia. São coisas totalmente diferentes. O objeto vem e vai, a consciência o observa vindo e indo. Então o objeto seguinte vem e vai, enquanto a consciência o observa. Ambos os objetos vieram e se foram, mas a consciência, que se mantém constante e observa tudo, não foi a lugar nenhum.

Uma pessoa sensata permanece centrada o suficiente para abandonar a energia toda vez que ela se coloca no modo defensivo. Assim que a energia mudar e você sentir sua consciência começar a ser atraída por ela, relaxe e desapegue. Isso significa manter-se um passo atrás da energia em vez de embarcar nela.

E você decide usar a vida para se libertar. Dispoe-se a pagar qualquer preço pela liberdade da alma. Você vai perceber que o único preço a pagar é desapegar de si mesmo. Só você pode negar ou dar a liberdade interior a si mesmo. Ninguém mais tem esse poder. Não importa o que os outros fazem, a menos que você decida que importa. Comece com coisas pequenas. Tendemos a nos deixar irritar com as coisas mesquinhas e sem sentido que acontecem no dia a dia. Por exemplo, alguém buzina para você no semáforo. Quando essas coisinhas acontecerem, você vai sentir a sua energia mudando. Nesse momento, relaxe os ombros e a área em torno do coração. Assim que a energia se mobilizar, simplesmente relaxa e solte. Brinque com isso de desapegar, deixar o incômodo para lá e manter um passo atrás dessa sensação.

Suas oportunidades para crescer são infinitas. Elas estão sempre aí, á sua frente. Basta assumir o compromisso de não se deixar levar pela atração da energia. Quanto sentir esse ímpeto, como se fosse alguém puxando seu coração, apenas deixe para lá. Fique um passo atrás. Relaxe e solte. E não importa quantas vezes seja atraído: sua resposta será sempre relaxar e soltar. Como essa tendência a ser atraído é constante, a disposição para desapegar e se manter um passo atrás também tem que ser constante.

Há um lugar, bem lá no fundo, em que a consciência toca a energia e a energia toca a consciência. É aí que está o seu trabalho. Nesse lugar, você desapega e deixa para lá. E quando começa a fazer isso a cada minuto de cada dia, ano após ano, será aí que você vai passar a viver. Nada será capaz de tirá-lo do assento da consciência. Você aprenderá a ficar lá. Depois de dedicar anos e anos a esse projeto e aprender a deixar a dor para lá, por mais profunda que seja, você alcançara um ótimo estado. Isso representará o rompimento do hábito supremo: a atração constante do eu inferior. Você então estará livre para explorar a natureza e a fonte do seu verdadeiro ser: a Pura Consciência.

6. Como se libertar do medo

Quem tem muito medo não gosta de mudanças e tenta criar um mundo previsível, controlável e definido em torno de si – um mundo que não estimule seus medos. O medo não quer se sentir; na verdade, ele tem medo de si mesmo. Assim, a pessoa começa a utilizar a mente numa tentativa de manipular a vida para não sentir medo.

É difícil entender que o medo é uma coisa, apenas mais um objeto no universo que somos capazes de experimentar. Diante dele, é possível fazer das duas, uma: reconhecer que o sentimos e trabalhar para liberá-lo ou guardá-lo e tentar nos esconder dele.

Se você tem medo, insegurança ou fraqueza dentro de si e tenta impedir que esses sentimentos sejam estimulados, inevitavelmente haverá acontecimentos e mudanças na vida que vão colocar seu esforço a prova. Resistindo a mudanças, você sente que esta lutando contra a vida. Você definiu de que modo as coisas precisam ser para que se sinta bem.

Todo mundo sabe que está fazendo isso, mas ninguém questiona essa atitude. Nós achamos que precisamos desvendar como a vida deve ser e então transformá-la nisso aí. Só quem examinar esse comportamento a fundo e se perguntar por que precisamos que os acontecimentos da vida sejam assim ou assado vai questionar essa suposição. Como chegamos a ideia de que a vida não está perfeitamente boa do jeito que é ou que não será boa no futuro? Quem disse que o jeito como a vida naturalmente se desenrola não está completamente certo?

A resposta é: o medo. Aquela parte sua que não se sente vem consigo mesma e não consegue encarar o desenrolar natural da vida porque não tem controle sobre ele. Se a vida se desenrola de um jeito que estimula seus problemas interiores, então, por definição, ela não está boa. Na verdade, a dinâmica é bem simples: aquilo que não o inquieta é bom; aquilo que o inquieta não é. Definimos todo o escopo da nossa experiência exterior com base em nossos problemas íntimos. Se quiser alcançar um maior crescimento espiritual, você tem que mudar isso.

A medida que cresce espiritualmente, você percebe que, na verdade, sua tentativa de se proteger dos seus problemas cria mais problemas. Ao tentar organizar pessoas, lugares e coisas de forma que não o perturbem, você começa a sentir que a vida está contra você, que ela é uma luta e que todo dia é um fardo, porque você tem que controlar a brigar com tudo. É por isso que todos esses diálogos acontecem dentro da sua mente: você está sempre tentando descobrir como impedir que as coisas aconteçam ou o que fazer quando elas já aconteceram. Está brigando com a criação, e é isso que a torna a coisa mais assustadora de sua vida.

A alternativa é decidir não lutar contra a vida. Você entende e aceita que ela não está sob o seu controle. A vida muda constantemente e, se você ficar o tempo todo tentando controlá-la, nunca será capaz de vivê-la plenamente. Porém, ao tomar a decisão de não brigar mais com a vida, você vai ter que enfrentar o medo que o levava a isso. Felizmente não é preciso manter esse medo dentro de você.

Quando há medo dentro de você, é inevitável que os acontecimentos da vida o estimulem. Como uma pedra jogada na água, o mundo, com suas mudanças contínuas, cria ondas em tudo que está guardado dentro de você. A vida cria situações que o levam ao limite, cujo maior efeito é remover o que está bloqueado dentro de você.

O medo é a causa de todos os problemas. Ele está na raiz de todos os preconceitos e de emoções negativas como a raiva, o ciúmes e a possessividade.

Embora o propósito da evolução espiritual seja remover os bloqueios que causam o seu medo, você pode resolver protegê-los para não sentir medo. No entanto, para isso, você tem que tentar controlar tudo de forma a evitar lidar com suas questões íntimas.

Se quiser mesmo alcançar algum crescimento espiritual, você perceberá que se agarrar a sua tralha é o que o mantém preso. Então vai se dar conta de que, na verdade, a vida está tentando ajudá-lo, cercando-o de pessoas e situações que estimulam o seu crescimento. Você só precisa estar disposto a abrir o coração diante de tudo e permitir que o processo de purificação ocorra. A tralha que impede o seu crescimento periodicamente levanta a cabeça; Quando isso acontecer, desapegue. Simplesmente permita que a dor suba até seu coração e passe por ele. Se o fizer, ela passará. Se você está sinceramente em busca da verdade, vai deixar todas coisas para lá e desapegar todas as vezes. Este é o começo e o fim do caminho: você se entrega ao processo de se esvaziar.

Em primeiro lugar, é preciso perceber que há algo dentro de você que precisa ser liberado. Depois, é preciso compreender que você, aquele que percebe as emoções aflorando, é distinto do que você está sentindo. Você está observando, mas quem é você? Esse lugar de percepção centrada é o assento da testemunha, o assento do Eu. E é só a partir daí que você pode desapegar de tudo o que surgir. Digamos que você note que algo em seu coração foi mobilizado. Se desapegar e permanecer assentado na consciência, aquilo que você está observando vai passar.

Então não se perca. Desapegue. Não importa o que seja, deixe para lá. Quanto maior a energia, maior a recompensa por desapegar, por deixar para lá, e maior a queda caso você não o faça. É bem preto no branco. Ou você desapega ou não. Não há meio termo. Portanto, permita que todos os seus bloqueios e inquietações se tornem combustível da jornada. Permita que aquilo que o puxa para baixo se torne uma força poderosa a elevá-lo. Você só precisa estar disposto a começar essa ascensão.

7. Como se transformar

“A transformação é uma constante na jornada espiritual. Para crescer, é preciso abrir mão da luta para permanecer igual e aprender a acolher a mudança o tempo todo. Uma das áreas em que mais devemos adotar essa ideia é no modo de resolver os contratempos pessoais. Normalmente, tentamos resolver nossas inquietações interiores nos protegendo, mas a real transformação começa quando aceitamos os problemas como agentes do crescimento. “

Ao não resolver a raiz do problema, e, em vez disso, tentar se proteger dele, ele acaba controlando sua vida.

Muitas das vezes você não está imaginando como se livrar do problema que tem, mas sim em como se proteger para não senti-lo. E faz isso evitando situações ou usando pessoas, lugares e coisas como escudos. Em última análise, quando há algo inquietante dentro de você, é preciso escolher. Você pode compensar a inquietação se voltando para o lado de fora na tentativa de não senti-la ou pode simplesmente remover o espinho e deixar de concentrar sua vida em torno dele.

Não duvide de sua capacidade de remover a raiz da inquietação dentro de você. Ela pode realmente ir embora. Você pode olhar fundo dentro de si, no centro do seu ser, e decidir que não quer que a sua parte mais fraca governe a sua vida. Você quer se livrar dela.

Como se libertar? No sentido mais profundo, você se liberta encontrando-se. Você não é a dor que sente nem aquela parte de si que periodicamente se estressa. Nenhuma dessas inquietações tem a ver com você. Você é aquele que nota essas coisas. Como sua consciência está separada disso tudo e percebe essas coisas, você pode se libertar. Como está sempre fazendo algo para evitar sentí-los, eles não têm a oportunidade de se resolverem sozinhos naturalmente.

Se quiser, você pode permitir que as inquietações venham a tona e pode desapegar delas, deixá-las para lá. Como são apenas energias bloqueadas do passado, seus espinhos interiores podem se liberar. O problema é que você evita completamente as situações que os fariam se libertar ou os empurra de volta para dentro tentando se proteger. Se quiser se libertar dessas energias, é preciso permitir que elas passem por você em vez de escondê-las dentro de si.

Desde sua infância existem energias aí dentro. Acorde e perceba que você está aí, acompanhando de uma pessoa sensível. Basta observar que essa sua parte sensível sente a inquietação. Veja-a sentir ciúmes, carência e medo. Esses sentimentos são apenas parte da natureza do ser humano. Se prestar atenção, você verá que eles não são você; são apenas algo que você sente e experimenta. Você é o ser que mora aí dentro e tem consciência de tudo isso.

8. Como libertar a sua alma

“Para acabar com o sofrimento, primeiro você precisa se dar conta de que sua psique não está bem. Em seguida é necessário reconhecer que não precisa ser assim. Ela pode ser saudável. Essa suscetibilidade, a sensibilidade interior é um sintoma de falta de bem estar. A psique se comunica com sua linguagem universal: o medo; Timidez, ciúme, insegurança, ansiedade – tudo isso é expressão do medo.

Os sinais de uma psique abalada são o medo onipresente e o pensamento neurótico incessante. Em algum momento é necessário acordar e admitir que há um problema ai dentro.

A maioria das pessoas tenta resolver seus problemas interiores se tornando mais hábil nos jogos externos de sempre. O que você vai ver é que sua mente está sempre lhe dizendo que você tem que mudar algo no lado de fora para resolver os problemas interiores. Mas se for sensato o suficiente, você não vai entrar nesse jogo, pois terá percebido que os conselhos que sua mente lhe dá são psicologicamente nocivos.

Os pensamentos da mente são afetados pelos medo que ela sente. Dentre todos os conselhos do mundo, aquele que não se deve escutar é o da mente perturbada. Ela, na verdade o ilude. Suponha que ela lhe diga: “Ah, se eu conseguir aquela promoção, aí, sim, estarei bem. Vou me sentir bem comigo mesmo e conseguirei dar um jeito na vida”. Você achou mesmo que isso era verdade? Depois de conseguir a tal promoção, toda a sua insegurança acabou e você ficou satisfeito pelo resto da vida? É claro que não. O problema seguinte simplesmente veio a tona.

Ao ver isso, você percebe que a mente tem um grave problema. E o que ela faz é inventar situações externas que possam tornar as coisas mais confortáveis. Mas essas condições externas não são a causa do problema interior, são meras tentativas de resolvê-lo. Por exemplo, se você sente solidão e carência dentro do coração não é porque não encontrou um relacionamento especial. Isso não causou o problema. O relacionamento, na verdade, é sua tentativa de resolvê-lo. Tudo o que você faz é tentar ver se um relacionamento é capaz de aliviar a inquietação interior. Se não der certo, você tentará outra coisa.

No entanto, mudanças externas não vão resolver seu problema porque não atacam a raiz da questão: que é o fato de você não se sentir pleno e completo em si mesmo. Se não identificar adequadamente a raiz do problema, você vai buscar algo ou alguém para encobri-la. Vai se esconder atrás de dinheiro, pessoas, fama e a adoração. Se tentar encontrar o par perfeito para amá-lo e adorá-lo e por acaso conseguir, terá, na verdade, fracassado.

Você não terá resolvido seu problema, mas apenas envolvido essa pessoa nele. É por isso que há tantas dificuldades nos relacionamentos. No começo você tinha um problema dentro de si, que tentou resolver envolvendo-se com outra pessoa. Esse relacionamento vai enfrentar problemas, porque foram os seus problemas que causaram o relacionamento.

Quando a mente começar a lhe dizer o que tem que fazer para que tudo fique bem dentro de você, não acredite. A verdade é que tudo ficará bem assim que você estiver bem com tudo. Basta parar de esperar que a mente conserte o que está errado dentro de você. Mas você, perdido, permitiu que a mente gastasse seu tempo arrumando soluções externas para seus problemas interiores e muito pessoais.

Quando começar a ver essas coisas acontecendo ai dentro, relaxe os ombros, relaxe o coração e fique por trás de tudo isso. Não se envolva nem tente impedir. Simplesmente tenha consciência de que está vendo. Essa é a saída. Simplesmente desapegue e deixe para lá.

9. A dor é o preço da liberdade

“Uma das exigências essenciais para o verdadeiro crescimento espiritual e a profunda transformação pessoal é fazer as pazes com a for. Nenhuma mudança ou evolução pode ocorrer sem períodos de mudança, que nem sempre são confortáveis. A mudança pressupõe ousar colocar em questão o que nos é conhecido e nossa necessidade tradicional de segurança, conforto e controle e essa experiência pode ser percebida como dolorosa.”

Familizarizar-se com essa dor faz parte do nosso crescimento. Embora talvez você não goste dessa sensação de inquietação interior, é preciso ser capaz de sentar-se em silêncio e encará-la de frente se quiser ver de onde ela vem. Quando conseguir olhá-la cara a cara, você vai perceber que há uma camada de dor profundamente instalada no centro de seu coração. E essa dor é tão desconfortável, tão desafiadora e tão destrutiva para o seu eu individual que toda a sua vida é dedicada a evitá-la. Toda a sua personalidade é construída sobre maneiras de ser, pensar, agir e acreditar desenvolvidas para evitar essa dor.

Como evitar a dor o impede de explorar a parte de seu ser que esta além dessa camada, o crescimento real ocorre quando, finalmente, você decide encará-la. Como está no centro do coração, ela se irradia e afeta tudo o que você faz. Essa dor interior está sempre lá, por baixo, oculta pelas camadas de pensamentos e emoções. Nós a sentimos com mais força quando o mundo não atende a nossas expectativas; Essa é uma dor íntima e psicológica.

A psique é construida para evitá-la e, em consequência, tem como alicerce o medo da dor. Foi ele que gerou a existência da psique. Para entender como isso funciona, observe que, se o medo da rejeição for um grande problema para você, as experiência que causam rejeição lhe darão medo. Esse medo se tornará parte da sua psique. Embora os acontecimentos reais de rejeição sejam pouco frequentes, você terá que lidar com o medo da rejeição o tempo todo. É assim que criamos um medo que está sempre lá. Se você está fazendo algo para evitar a dor, ela comanda a sua vida e todos os seus pensamentos e sensações serão afetados pelo medo.

Você pode ver que qualquer padrão comportamental baseado em evitar a dor se torna um portal para a própria dor. Se você tem medo de ser rejeitado por alguém e abordar essa pessoa com a intenção de conquistar sua aceitação, estará sempre pisando em ovos. Ela só precisará lhe lançar um olhar torto ou dizer a coisa errada para você sentir a dor da rejeição. O resultado é que, como você abordou a pessoa em nome da rejeição, você estará a beira dessa mesma rejeição ao longo de toda a interação. De um modo ou de outro, seus sentimentos farão o caminho de volta ao motivo por trás de suas ações. Suas ações estão vinculadas a evitar a dor e você sentirá esse vínculo em seu coração.

As características de sua personalidade e seus padrões de comportamento servem para evitar essa dor (tudo o que faz é para evitar sentir essa dor). É que lá no fundo está uma dor que você não processou. Sua tentativa de evitá-la criou camadas e mais camadas de suscetibilidade, todas ligadas aquela dor oculta.

Na verdade você tem que se perguntar o que causou essa reação em seu coração. Que sentimento é esse? Por que está acontecendo? Normalmente ninguém se pergunta por quê; todos simplesmente tentam evitar que aconteça.

Existem essas duas opções básicas: uma é deixar a dor lá dentro e continuar a lutar com as coisas do lado de fora. A outra é decidir que você não quer passar a vida inteira evitando a dor e prefere se livrar dela. Poucas pessoas ousam introjetar o processo desse modo. A maioria nem sequer percebe que está as voltas com bolsões de dor que precisam ser trabalhados, Você quer mesmo carregá-los dentro de si e ter que manipular o mundo para evitar sentí-los?

Para viver com esse nível de liberdade, é preciso aprender a não ter medo da dor e da inquietação interior. Enquanto tiver medo da dor, você tentará se proteger dela. O medo o levará a isso. Se quiser ser livre, simplesmente veja a dor interior como uma mudança temporária no seu fluxo de energia. Não há razões para temer essa experiência. Se quiser crescer e ser livre para explorar a vida, você não pode passá-la evitando a miríade de coisas que podem ferir sua mente ou coração.

Quando se sente inseguro, isso é só um sentimento. Você consegue lidar com um sentimento. Quando se sente envergonhado, é só um sentimento. É apenas uma parte da criação. Quando sente ciúme e seu coração arde, basta olhar a situação com objetividade, como olharia um machucado leve. É apenas mais uma coisa do universo que passa pelo seu sistema. Ria dela, divirta-se com ela, mas não tenha medo.

Vejamos uma tendência humana básica. Quando algo doloroso toca seu corpo, você instintivamente tende a recuar. Você faz isso até com cheiros e sabores desagradáveis. O fato é que sua psique faz a mesma coisa. Se algo inquietante entra em contato com ela, a tendência é se retrair, recuar, se proteger. Ela faz isso com a insegurança, com o ciúme e com qualquer outra dessas vibrações de que estamos falando. Em essência, você “se fecha”, o que é simplesmente a tentativa de colocar um escudo ao redor de sua energia interior. Você pode sentir esse efeito como uma contração dentro do coração.

Mas só estará livre quando chegar a um ponto em que esteja disposto a liberar a dor inicial em vez de evitá-la. É preciso aprender a transcender essa tendência a evitar a dor. Seres sábios não querem permanecer escravos do medo da dor. Eles permitem que o mundo seja o que é em vez de terem medo dele. Se a vida fizer algo que lhe cause inquietação interior, em vez de recuar, deixe que o sentimento passe por você como o vento.

Quando sentir dor, veja-a simplesmente como energia. Comece a encarar essas experiências interiores como energia passando através do seu coração e diante dos olhos da sua consciência. Depois relaxe. Faça o contrário de se contrair e fechar. Relaxe e libere. Relaxe o coração até ficar frente a frente com o lugar exato onde dói. Permaneça aberto e receptivo, presente onde a tensão está. É preciso estar disposto a isso, em seguida relaxar e ir ainda mais fundo. Isso é crescimento e transformação profunda. Mas você não vai querer. Sentirá uma enorme resistência, e é isso que torna esse ato tão poderoso. A medida que relaxar e sentir a resistência, o coração tentará recuar, fechar-se, proteger-se e defender-se. Continue relaxando mesmo assim. Relaxe os ombros e o coração. Desapegue da dor e lhe dê espaço para passar por você. É só energia. Basta vê-la como energia e deixá-la para lá.

Se você se fechar em torno da dor e impedi-la de passar, ela ficará dentro de você. É por isso que nossa tendência natural a resistir é tão contraproducente. Se não quer a dor, por que se fechar em torno dela e armazená-la? Você acha mesmo que, se resistir, ela ira embora? Isso não é verdade. Se você se soltar e deixar a energia passar, ela irá embora. Se relaxar quando a dor aumentar dentro do seu coração e realmente ousar encará-la, ela passará. Cada vez que você relaxar e liberar, um pedaço da dor partirá para sempre. Mas toda vez que resistir e se fechar, a dor interior aumentará. Depois você será forçada a usar a psique para criar uma camada de distância entre você, que experimenta a dor, e a dor em si. É apenas isto todo esse ruído dentro da sua mente: a tentativa de evitar a dor armazenada.

Se quiser ser livre, é preciso primeiro aceitar que há dor dentro do seu coração. Você a guardou alí e fez de tudo que pôde para mantê-la ali, bem no fundo, para que nunca tivesse que senti-la. Há também uma imensidão de alegria, beleza, amor e paz dentro de você. Mas eles estão no outro lado da dor. No outro lado da dor está o êxtase. No outro lado está a liberdade. Sua verdadeira grandeza se esconde no outro lado daquela camada de dor. Você deve estar disposto a aceitar a dor para passar para o outro lado. Basta aceitar que ela está lá e que você vai senti-la. Aceite que, se relaxar, ela terá seu momento diante de sua consciência e passará. Sempre passará. Na verdade, a dor é o preço da liberdade.

Em certas circunstâncias você passará por experiências profundas que trarão a tona uma intensa dor interior. Se ela estiver ai dentro, mais cedo ou mais tarde aparecerá. Com um pouco de sabedoria, você a deixara em paz e não tentará mudar sua vida toda de forma a evitá-la. Simplesmente vai relaxar e lhe dar o espaço necessário para que se libere e purifique ao passar por você. Você não quer ficar com essa coisa dentro do seu coração. Para sentir amor e liberdade profundos, para encontrar a presença de Deus dentro de você, toda essa dor armazenada precisa sair. É nesse trabalho interior que a espiritualidade se torna realidade. O crescimento espiritual existe no momento em que você se dispõe conscientemente a pagar o preço da liberdade. É preciso estar disposto o tempo todo, em todas as circunstâncias, a permanecer consciente diante da dor e trabalhar com o coração, relaxando-o e mantendo-o aberto.

Lembre-se: quando se fecha em torno de alguma coisa, você fica psicologicamente sensível a essa questão pelo resto da vida. Como guardou a dor dentro de si, sentirá medo de que tudo aconteça outra vez. Mas, se relaxar em vez de se fechar, a dor abrirá caminho através de você. Se permanecer aberto, a energia bloqueada ai dentro será liberada naturalmente e você não vai mais armazená-la.

Esse é o ponto central do trabalho espiritual. Quando estiver a vontade com a passagem da dor, você estará livre. O mundo nunca mais será capaz de incomodá-lo, porque o pior que ele pode fazer é atingir a dor guardada dentro de você. Se não se importar com isso, se não tiver mais medo de si mesmo, você estará livre. Finalmente vai entender que há um oceano de amor por trás de todo esse medo e toda essa dor.

10. Vá além de quem pensa ser

Sua casa é feita de pensamentos e emoções. As paredes são feitas da sua psique. Esse lugar compreende todas as suas experiências passadas, todos os seus pensamentos e emoções, todos os conceitos, pontos de vista, opiniões, crenças, esperanças e sonhos que você juntou a sua volta. Reuniu em sua mente um conjunto específico de pensamentos e emoções e depois os teceu para formar o mundo conceitual onde vive.

Essa estrutura mental bloqueia completamente toda a luz natural que está do lado de fora das paredes. Você tem paredes de pensamento tão grossas e fechadas que dentro delas só há escuridão. E está tão absorto em seus pensamentos e emoções que nunca vai além das fronteiras que eles criam. Os seus medos são suas paredes. Quando você decide andar em direção a ele, quanto mais perto chegar dessa parede, mais queremos evitá-las.

Mas, por essa mesma razão, elas o deixam trancado dentro de seu perímetro. Elas se tornam a sua prisão porque são as fronteiras de sua consciência. Como não quer se aproximar deles, você não pode ver o que está além. O que há são paredes bloqueando a luz infinita. Quando estamos a procura de luz, essa distinção é fundamental.

Se uma parede parece protegê-lo da escuridão sem fim, você não terá vontade de ir até lá. Mas se a parede estiver bloqueando a luz, você terá vontade de ir lá e derrubá-la. É comum dizer que é preciso passar pela noite mais escura pra chegar a luz infinita. Porque aquilo que chamamos de escuridão é, na verdade, algo bloqueando a luz. É preciso atravessar essas paredes.

E não é tão difícil assim atravessá-las. Várias vezes ao dia, o fluxo natural da vida se choca com as nossas paredes e tenta derrubá-las. Porém, as defendemos todas as vezes. É preciso entender que, ao se defender, na verdade você está defendendo as suas paredes. Não há nada além disso para defender ai dentro. O que você está defendendo é a casa que você construiu para se proteger. Você se esconde dentro dela. Se algo acontece e desafia as paredes da psique, você fica na defensiva.

Você construiu um conceito de si, se mudou lá para dentro e agora defende esse lar com unhas e dentes. Mas o que cria esse lar interior além das paredes dos pensamentos? E se alguém desafiar seu conceito de si e abrir um pequeno furo nele? E se alguém conseguir abalar um desses pensamentos, desses alicerces sobre os quais a casa da sua psique foi construida?

É o que fazemos com nossas paredes: preservamos sua solidez. Não permitimos que nada as abale. Você, no entanto, pode encontrar a saída simplesmente deixando a vida cotidiana derrubar as paredes que mantém a sua volta. Basta não participar da preservação, da manutenção e da defesa de sua fortaleza. Imagine as paredes desmoronando e a liberação da consciência, que se expande sem esforço no brilho do que é e sempre foi – isso é a iluminação. Para ir além, você precisa continuamente ultrapassar os limites que impõe as coisas.

Seus pontos de vista, suas opiniões, suas preferências, seus conceitos, suas metas e suas crenças: tudo isso são formas de reduzir o universo infinito para o finito, onde você pode ter uma sensação de controle. Você pegou o todo, o decompôs em pedaços e escolheu um punhado desses pedaços para juntar de determinada forma em sua mente. Esse modelo mental se tornou a sua realidade. Se quiser ir além desse modelo mental, precisa assumir o risco de não acreditar nele. Se o seu modelo mental está o incomodando, é porque não consegue incorporar a realidade. Suas opções são resistir ou ir além de seus limites.

Para ir verdadeiramente além do modelo, primeiro é preciso entender por que o construiu. O modo mais fácil de fazer isso é observar o que acontece quando ele não funciona.

Portanto, há duas maneiras de levar a vida: dedicar-se a permanecer na zona de conforto ou trabalhar para alcançar a liberdade. Em outras palavras, você pode dedicar a vida inteira a assegurar que tudo se encaixe em seu modelo limitado ou lutar para se libertar dos limites do seu modelo.

Para entender melhor, vamos ao zoológico. Imagine que você está passeando e se divertindo até que vê um tigre numa pequena jaula. Isso o leva a imaginar como seria passar o resto da vida em confinamento. A simples ideia lhe causa muito medo. Porém, os limites da sua zona de conforto, na verdade, criam uma jaula semelhante, que, em vez de limitar seu corpo, limita a expansão da sua consciência. Incapaz de sair da sua zona de conforto, você permanece trancado em confinamento.

Se examinar bem, você vai ver que está disposto a ficar nessa jaula porque tem medo. Sua zona de conforto é familiar, além dela está o desconhecido.

Quando tem um verdadeiro despertar espiritual, você se dá conta de que está enjaulado. Então vê que tem medo de dizer aos outros o que realmente pensa, que tem vergonha de se expressar com liberdade, que sente a necessidade de estar sempre no controle de tudo para se sentir bem.

Por quê? Na verdade, não há razão. Você mesmo se impôs esses limites. Quando não permanece dentro deles, você se sente apavorado, ferido, ameaçado. Essa é a sua jaula. O tigre conhece os limites da jaula quando bate nas grades. Você conhece os limites da sua quando a psique começa a resistir – suas grades são a fronteira da sua zona de conforto e, no instante em que se aproxima delas, você sente. Ir além significa ir além dos limites dessa jaula que não deveria existir. Se ainda tiver barreiras, e saberá quais são ao esbarras nelas no dia a dia, você terá que ir além delas, senão permanecerá dentro da jaula.

Sua jaula é exatamente assim. Quando se aproxima dos limites, você sente insegurança, ciúme, medo ou vergonha. Recua e, se for como a maioria, desiste de tentar. A espiritualidade começa quando você decide nunca parar de tentar. É o compromisso de ir além, não importa o que aconteça numa jornada infinita. Basta ir além de si em todos os minutos de todos os dias pelo resto da sua vida. Se fizer isso, você estará sempre em seu limite e nunca voltará a zona de conforto.

Quando, como um bom atleta, você está treinado a relaxar imediatamente quando entra em contato com seus limites, tudo isso acaba e você percebe que sempre estará bem. Nada mais pode incomodá-lo, a não ser suas fronteiras, mas agora você sabe o que fazer com elas e acaba passando a amá-las, pois elas lhe indicam o caminho da liberdade. Só é preciso relaxar e ir na direção delas.

11. Abra mão da falsa solidez

“As únicas coisas que há aí dentro são pensamentos, emoções e movimentos de energia, e nada disso é sólido. Eles são como nuvens, simplesmente vêm e vão pelo vasto espaço interior. Mas você continua se agarrando a eles, como se a constância pudesse substituir a estabilidade. Os budistas tem um nome para isso: “apego”. No final, o apego é a razão de ser da psique.”

Para entender o apego, primeiro precisamos compreender quem se apega. A medida que for se aprofundando para dentro, você vai naturalmente perceber que há um aspecto de seu ser que está sempre lá e nunca muda. Essa é sua noção de percepção, sua consciência. É essa consciência que percebe seus pensamentos, experimenta o vaivém das emoções e recebe os dados de seus sentidos físicos. Essa é a raiz do Eu. Você não é seus pensamentos; você tem consciência deles. Você não é suas emoções; você as sente. Você não é seu corpo; você o vê no espelho e experimenta o mundo através de seus olhos e ouvidos. Você é o ser consciente que tem consciência de que percebe todas essas coisas internas e externas.

O resultado do apego é que pensamentos e emoções seletivos ficam num mesmo lugar por tempo suficiente para se tornarem partes constitutivas da psique. Apegar-se é um dos atos mais primordiais. Como alguns objetos permanecem na consciência enquanto outros apenas passam, sua noção de percepção se identifica mais com eles. Na verdade, você acaba se identificando tão intensamente com essa estrutura interior que constrói toda a sua noção de eu em torno dela. E assim fica apegado a ela, e ela permanece fixa. E, como permanece fixa, você se identifica com ela acima de tudo. Esse é o nascimento da psique. Você usou os seus pensamentos e emoções para construir uma personalidade, uma persona, um conceito de si que lhe permitisse definir quem você é. E você está passando a vida inteira com base no modelo que construiu em torno de si.

Você pega um conjunto de pensamentos e se agarra a eles, criando com eles uma estrutura relacional extremamente complexa. Depois apresenta esse pacote como quem você é. Mas você não é isso. Esses são apenas os pensamentos que você reuniu a sua volta na tentativa de se definir, e fez isso porque está perdido dentro de si.

Basicamente, essa é uma tentativa de criar uma sensação de estabilidade e firmeza interior. Isso gera uma falsa, mas bem-vinda, sensação de segurança.

Essa é a jornada de seguir exatamente o caminho que você se esforçava para evitar. Mas, se realmente quiser superar o medo, terá que se dispor a apenas observá-lo sem se proteger dele. Terá que se dispor a ver que é dessa necessidade de se proteger que vem toda a sua personalidade. Ela foi criada a partir da estrutura mental e emocional para afastar essa sensação de medo.

Permita que as coisas que desestabilizam seu modelo ajam como dinamite para demoli-lo – e assim vai poder se libertar. Você quer que seu modelo se desafaça e honra a experiência quando algo lhe causa inquietação.

Se algo provoca inquietação, é porque atingiu seu modelo, a parte falsa que você construiu para controlar sua própria definição de realidade. É preciso aprender a estar a vontade com a inquietação psicológica. Se sua mente ficar hiperativa, apenas observe. Se seu coração começar a apertar, deixe que o que tem que passar simplesmente passe. Tente encontrar a parte em você que é capaz de perceber que sua mente está hiperativa e que seu coração está apertado; ela é a saída, não seu modelo. O único caminho para a liberdade interior é através daquele que observa: o Eu, o Ser. O eu simplesmente percebe que a mente e as emoções estão se desenrolando e que nada está lutando para mantê-las no lugar.

É claro que será doloroso. A razão pela qual você construiu toda a sua estrutura mental, para começo de conversa, foi a tentativa de evitar a dor. Se a deixar desmoronar, será preciso lidar com a dor que estava evitando ao construí-la. Você precisa estar disposto a encará-la. Pare de definir a mente inquieta como uma experiência negativa; apenas veja se consegue relaxar por trás dela. Não se pergunte “O que faço com isso?”, mas “Quem sou eu que está percebendo tudo isso?”

Sua única saída é a testemunha. Basta continuar desapegando e percebendo que tem consciência. Se passar por um período de travas ou depressão, apenas se pergunte: “Quem tem consciência da escuridão”? É assim que se passa pelos diversos estágios de seu crescimento interior. Basta desapegar e continuar percebendo que você ainda está aí.

12. O caminho da felicidade incondicional

O caminho espiritual mais elevado é a vida em si. Para começo de conversa, é preciso perceber que, na verdade, você só precisa fazer uma escolha na vida – que não tem nada a ver com qual carreira seguir, com quem casar ou se quer ou não buscar a Deus. As pessoas tendem a se sobrecarregar com escolhas em excesso. Mas, no fim das contas, você pode se livrar de todas elas e tomar uma decisão básica e fundamental: você quer ser feliz ou não quer. É simples assim. Depois de fazer essa escolha, seu caminho pela vida se torna completamente claro.

A maioria das pessoas não ousa se permitir fazer essa escolha por achar que a felicidade não está sob seu controle.

Ao decidir que quer ser incondicionalmente feliz, é inevitável se deparar com desafios. Essa prova do seu compromisso é exatamente o que estimula o crescimento espiritual. Na verdade, é o aspecto incondicional que faz desse caminho o mais elevado. É muito simples. Basta escolher se você vai quebrar seu voto ou não. Quando tudo vai bem, é fácil ser feliz. Porém, no momento em que algo difícil acontece, não é mais tão fácil.

Esse é o caminho que o leva a transcendência absoluta, porque qualquer parte do seu ser que esteja disposta a impor alguma condição a seu compromisso com a felicidade precisa deixar de existir. Se quiser ser mesmo feliz, é preciso abrir mão da sua parte que quer criar melodrama. Essa é a parte que pensa existir razões para não ser feliz.

Essa escolha de curtir a vida será seu guia através de sua jornada espiritual. Na verdade, ela é em si um mestre espiritual. O compromisso com a felicidade incondicional vai lhe ensinar tudo que há para aprender sobre si, sobre os outros e sobre a natureza da vida. Toda vez que uma parte sua começar a ficar infeliz, desapegue e livre-se dela. Aconteça o que acontecer, é possível escolher apreciar a experiência. Aconteça o que acontecer, aproveite a vida que vier a você.

Sejam quais forem as suas crenças filosóficas, elas não mudam o fato de que você nasceu e vai morrer. Nesse meio tempo, pode escolher se quer ou não aproveitar a experiência. Os acontecimentos não determinam se você vai ser feliz ou não. Eles são apenas acontecimentos. Quem determina se vai ser feliz ou não é você. É possível ser feliz apenas por estar vivo. É possível ser feliz com tudo o que lhe acontece e depois ser feliz por morrer.

O segredo é muito simples. Comece entendendo sua energia interior. Se olhar para dentro, você vai ver que, quando está feliz, seu coração fica aberto e a energia sobe dentro de você. Quando não está feliz, seu coração se fecha e a energia não circula. Portanto, para permanecer feliz, basta não fechar seu coração. Aconteça o que acontecer, mesmo que sua mulher o abandone ou seu marido morra, não se feche. Basta dizer a si mesmo que, aconteça o que acontecer, não vai se fechar.

Ao tomar esse caminho da felicidade incondicional, você terá que permanecer consciente, centrado e comprometido o tempo todo. Precisará se concentrar num único ponto: seu compromisso de permanecer aberto e receptivo a vida. Permanecer aberto é o que os grandes santos e mestres ensinam. Aprenda a não se fechar.

A felicidade incondicional é um caminho e uma técnica elevada porque resolve tudo. Você pode aprender técnicas de yoga, como meditação e posturas, mas o que fazer com o resto da vida? A técnica da felicidade incondicional é ideal, porque o que você faz com o resto da vida já está definido: você abre mão de si mesmo e desapega para permanecer feliz. No que diz respeito a espiritualidade, você crescerá com muita rapidez. A pessoa que realmente faz isso em todos os momentos do dia percebe a purificação do coração, porque não se envolve com as coisas que lhe acontecem

O propósito da vida é curtir e aprender com as experiências. Você não foi posto na Terra para sofrer. E ficar infeliz não ajuda em nada.

13. O caminho espiritual da não resistência

Na verdade esse caminho de usar a vida para evoluir espiritualmente é o mais elevado de todos. O estresse só surge quando resistimos aos acontecimentos da vida. Se não tentar repelir a vida nem puxá-la para si, não haverá resistência. Você simplesmente fica presente. Essa é a difícil situação humana. Os acontecimentos já passaram e continuamos guardando sua energia dentro de nós quando resistimos a eles. Por isso não estamos preparados para enfrentar os eventos de hoje nem somos capazes de digeri-los, pois ainda estamos lutando com energias do passado. Com o tempo, elas podem se acumular até a pessoa ficar bloqueada a ponto de surtar ou se isolar completamente.

Não há razão para se estressar. Não há razão para surtar nem para se isolar. Basta não deixar essa energia se acumular e permitir que cada momento do dia passe por você. Não são os acontecimentos da vida que geram estresse, mas sua resistência a eles. Como o problema é causado pela tentativa de resistir a realidade que passa por você, a solução é bem óbvia: pare de resistir.

Esteja disposto a examinar o que causa a resistência. Em primeiro lugar, você tem que decidir que algo não está do jeito que você gostaria. Muitos acontecimentos passam diretamente por você. Por que resistir especificamente a esse? Você carrega consigo suas própria ideias preconcebidas de como as coisas deveriam ser. Certos acontecimentos pessoas que ocorreram no seu passado deixaram impressões em sua mente e coração, que se tornaram o critério segundo o qual você resiste as coisas ou não.

O modo de trabalhar com a resistência é relaxando. O próprio ato de relaxar no momento que sua resistência pessoal surge, além de mudar seu relacionamento com a situação, muda sua relação com tudo. Agora sua alma aprendeu a deixar as energias inquietantes passarem. Na próxima vez que alguém fizer ou disser algo de que não gosta, você vai automaticamente tratar isso da mesma maneira que aprendeu a lidar com essa situação. Esse processo de relaxar quando a resistência aparece funciona para tudo na vida porque oferece um mode de manter o coração aberto quando ele está tentando se fechar.

Esse é o caminho da não resistência, da aceitação, o caminho da entrega. É a não resistência as energias que passam por você. Se isso parecer difícil, não se coloque para baixo. Apenas continue tentando. Tornar-se aberto, completo e pleno é uma tarefa para a vida inteira.

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