Selecionei alguns trechos do livro do Eckhart Tolle chamado “Um novo mundo: o despertar de uma nova consciência”, que na minha opinião é um dos melhores livros que já li que descreve em detalhes sobre o que é o ego (o falso eu que encobre nosso eu real) e sobre as formas que ele nos engana, suas principais motivações, do ele se alimenta (os combustíveis que ele usa para crescer) e como podemos dissolvê-lo e transforma-lo em espírito (consciência).
Como Eckhart Tolle explica nos trechos a seguir, uma dos alimentos principais do ego é o ressentimento e rancor que guardamos em relação ao nosso passado – a certas pessoas e situações que não conseguimos perdoar, que ainda mantemos sentimentos negativos – de raiva, mágoa, ódio, etc.
Tais sentimentos não possuem nenhum propósito, eles só servem para fortalecer o seu falso eu e fazer você continuar mergulhado no sofrimento. Por isso, se quiser ser livre, você precisa investigar se ainda nutre esses sentimentos em relação a alguma situação de seu passado, a alguma pessoa e escolher perdoar! É isso o que Eckhart Tolle explica nos trechos a seguir:
“Um ressentimento antigo é chamado de rancor. Carregar um sentimento desse tipo é estar permanentemente no estado “contra“, e é por isso que o rancor constitui uma parte significativa do ego de muita gente. Quando coletivo, ele pode sobreviver por séculos na psique de um país ou de uma tribo e alimentar um ciclo interminável de violência.
Um rancor é uma forte emoção negativa ligada a um acontecimento ocorrido no passado, algumas vezes distante, que é mantido vivo pelo pensamento compulsivo que reconta a história, na cabeça ou em voz alta, “do que alguém me fez” ou “do que alguém nos fez”.
Esse sentimento também é capaz de contaminar outras áreas da vida. Por exemplo, enquanto pensamos sobre o rancor e o sentimos, sua energia emocional nefasta pode distorcer nossa percepção de um acontecimento que está ocorrendo naquele momento ou influenciar a maneira como falamos com alguém no presente ou nosso comportamento em relação a essa pessoa.
Um rancor profundo é suficiente para afetar vários aspectos da vida e nos manter nas garras do ego. É preciso honestidade para verificarmos se ainda guardamos rancores, se existe alguém na nossa vida que não conseguimos perdoar completamente, um “inimigo”.
Caso você esteja nessa situação, tome consciência do rancor tanto no nível do pensamento quanto no nível emocional, ou seja, conscientize-se dos pensamentos que mantêm a continuidade desse sentimento negativo e sinta a emoção, que é a reação do corpo a esses pensamentos.
Não tente deixar o rancor de lado. Tentar perdoar não dá certo. O perdão acontece de modo natural quando entendemos que o rancor não tem outro propósito a não ser fortalecer uma falsa percepção do eu, ou seja, possibilitar a existência do ego.
Compreender é libertar-se. O ensinamento de Jesus sobre “perdoar os inimigos” trata, em essência, de desfazer uma das principais estruturas egóicas da mente humana. O passado não tem força para nos impedir de viver no estado de presença agora. Apenas o rancor em relação ao passado pode fazer isso. E o que é o rancor? A bagagem de velhos pensamentos e antigas emoções.
Por exemplo, a raiva e o ressentimento exacerbam o ego, aumentando a sensação de separação, enfatizando a diferença em relação aos outros e criando a postura “estou coberto de razão”, que mais parece uma fortaleza inexpugnável.
Se fôssemos capazes de observar as mudanças psicológicas que acontecem dentro do nosso corpo quando somos dominados por essas disposições negativas, caso pudéssemos ver de que modo elas prejudicam o funcionamento do coração e dos sistemas digestivo e imunológico, além de muitas outras funções corporais, ficaria óbvio que esses estados são de fato patológicos, isto é, são formas de sofrimento, e não de prazer.
Sempre que nos encontramos nesse tipo de condição, há algo em nós que deseja o negativismo, que o percebe como prazeroso ou que acredita que ele nos dará o que desejamos. De outra maneira, quem o buscaria, quem gostaria de tornar a si mesmo e aos outros infelizes e causar doenças ao próprio corpo.
Portanto, sempre que o negativismo surgir e formos capazes de estar conscientes de que existe algo em nós que sente prazer nele ou acredita que ele tenha um propósito útil, estaremos nos tornando conscientes do ego diretamente. É nesse momento que nossa identidade se transfere do ego para a consciência. Isso quer dizer que o ego está se encolhendo, enquanto a consciência está se expandindo.
A chave aqui é trazermos consciência ao sofrimento e observá-lo diretamente. A própria consciência transforma o sofrimento.
Exercício Prático Para Perdoar
- Pense em uma situação mal resolvida do seu passado, pode ser com alguma pessoa que fez você se sentir injustiçado, magoado e ressentido. Escolha principalmente o seu “inimigo” n°1, aquela pessoa que parece ser mais difícil de perdoar (são justamente essas pessoas que mais nos machucaram que precisamo mais ainda perdoar)
- Escreva uma carta expressando e colocando para fora tudo o que aquela pessoa/situação fez você sentir. Escreva sobre como ela te afetou emocionalmente e preste atenção em quaisquer sensações desconfortáveis e pensamentos que forem vindo a tona enquanto você for escrevendo. Não julgue o que você estiver sentindo e apenas se permita vivenciar esses sentimentos. Seja bem sincero ao escrever essa carta. Fale palavrões, fala tudo o que você sempre quis falar para aquela pessoa que te machucou. Deixe sua mão fluir, apenas vá escrevendo o que vier em sua mente. Coloque tudo o que aquela pessoa te fez sentir no papel.
- Escolha perdoar. Você prefere ficar segurando esses sentimentos ou soltá-los? Até quando você vai continuar se envenenando segurando esses sentimentos negativos? O perdão é um ato de amor próprio que você faz a si mesmo, não tem nada a ver com a outra pessoa. É uma escolha que você faz, aqui e agora, de não mais continuar carregando essas emoções de ódio, repulsa, ressentimento em sua vida. Escreva na sua carta frases como: “Eu já sofri o bastante, eu deixo esses sentimentos irem embora. Eu escolho perdoar.”; Eu estou pronto para seguir em frente, eu perdoo você”; Eu te perdoo por você não ser da forma como eu gostaria que você fosse”, etc…
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