Essa é a luta eterna do buscador espiritual sincero: a de se tornar um outsider social, um Lobo Solitário.
Quem aspira a mudar de vida, a transformar-se e a tornar-se melhor, terá de lutar, muitas das vezes, contra o mundo inteiro, contra a multidão e até mesmo com as suas famílias.
Esforçar-se para estar consciente e livre de suas correntes mentais de crenças, valores sociais e desejos materialistas fará você parecer louco ou altamente perigoso para a multidão de homens que ainda estão acorrentados.
Historicamente, estamos bem cientes desses padrões e os mantemos como ditos comuns, por exemplo: “Um profeta nunca é reconhecido em seu próprio país” ou “Um gênio nunca é reconhecido enquanto vive”.
E é exatamente esse o significado de um outsider: um outsider é uma pessoa que simplesmente não se encaixa nos padrões, roteiros, normas estipuladas pela sociedade. Essa pessoa é uma ovelha negra, um excêntrico social e um “alienígena” deslocado.
Sabe aquela sensação de se sentir um estranho – de você sentir que nunca realmente “pertence a algum lugar” nesse mundo? Pois é… se você se sente dessa forma, grandes chances de que você seja um outsider social. Porém, não ache que isso é uma coisa ruim! Muito pelo contrário! Alguns dos maiores gênios que já existiram também eram outsiders sociais…
Como eu estava dizendo, não pense que tem algo de “defeituoso” em você, ou algo de errado por você ser um outsider social. Na verdade, ser um outsider social é uma grande vantagem. Eu vou te explicar o porquê.
Esse sentimento interior que você sente de que algo está faltando, de você se sentir desconectado, não pertencente (porque não podemos nos relacionar com as pessoas ou ambientes ao nosso redor) é chamado de despertar espiritual.
O resultado final de sentir essa falta de pertencimento é que não nos sentimos verdadeiramente vistos ou ouvidos (ou não nos sentimos seguros o suficiente para deixar que outras pessoas nos vejam e nos escutem).
E o motivo de não nos sentirmos vistos ou ouvidos é porque as pessoas e situações NUNCA irão conseguir atender a uma necessidade muito mais profunda que está se originando de nossa alma (de nos reconectarmos com nossa essência, com o espírito) – nada do mundo externo conseguirá satisfazer essa necessidade ESPIRITUAL.
Empregando a terminologia budista, sentimos em um nível intuitivo que o mundo em que vivemos está cheio de Dukkha (insatisfação, descontentamento) e sempre vivmos com essa sensação, no pano de fundo, de que algo está faltando – de que apesar de termos todas essas coisas, como dinheiro, relacionamentos, comida, sexo, entretenimento, ainda há esse sentimento de angustia, de insatisfação interior.
“Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”
Mateus 8:36
Esse sentimento de que o mundo não corresponde às nossas necessidades mais profundas da alma dá origem a uma espécie de crise existencial. E esse é o inicio da interiorização, o ponto chave de virada em que você começa a voltar para dentro de si, buscando o autoconhecimento, buscando a verdadeira fonte da felicidade (que não é vista mais como estando no externo). Esse é o “inicio” do seu despertar espiritual.
“O caminho para a iluminação é pavimentado com delusões”
Essa frase acima demonstra muito bem esse processo de mudança do EXTERNO para o INTERNO, em que você acaba percebendo que nada no mundo é realmente capaz de te dar a real felicidade – nada externo realmente consegue satisfazer o seu vazio interior.
Como eu estava dizendo, sentir-se como um OUTSIDER acaba levando, na maioria das vezes, a pessoa a ter um despertar espiritual, em que a pessoa vai em busca de respostas mais profundas sobre quem ela é, sobre a vida.
Se você se sentiu como um estranho durante a maior parte de sua vida, é quase certo que você é uma pessoa altamente sensível e espiritualmente receptiva. Você experimentou em primeira mão como o ego pode ser isolador. Você sabe como não é natural viver em uma sociedade obcecada por fama, status, dinheiro e poder. Você sabe o quão superficial, sem sentido e insano é viver uma vida centrada no ego.
Você não entende como o mundo parece se importar tanto com essas coisas que citei acima. Por conta disso, você se sente um estranho, não pertencente, como se não encaixasse nesse mundo. Você anseia por um lar que nunca experimentou; um lugar para se sentir completamente compreendido, amado e estimado. E esse lugar você não encontrará no mundo, pois esse lugar é a sua alma.
Embora possa ser solitário se sentir como um estranho social, estou aqui para lembrá-lo de que há muito poder e potencial em você ser dessa forma.
O próprio fato de você se sentir um estranho indica que sua alma está tentando guiá-lo para o verdadeiro amor, compreensão e liberdade (ou seja, o lar de sua alma).
Infelizmente, muitas vezes somos ensinados que ser um estranho é uma coisa “ruim”, somos ensinados que devemos viver nos moldes da sociedade, fazer o que todos costumam fazer, sempre permanecendo dentro daquela zona de conforto e segurança.
Mas chega um momento na vida em que percebemos que somente “seguir as regras” é algo totalmente absurdo e insatisfatório. (Basta olhar para todas aquelas pessoas que seguiram as regras, conseguiram uma boa carreira, esposa, filhos, salário sólido, status … e acabaram miseráveis, vazios, solitários, se matando ou morrendo prematuramente devido a doenças relacionadas ao estresse . Tenho certeza que você conhece um, ou uma dúzia deles.)
Por isso, sinta-se bem pelo fato de você ser um “estranho”, porque ser um estranho é um catalisador para a auto-realização, autodomínio e para a criatividade.
Deixar o “rebanho” da humanidade é necessário para que você floresça de maneiras que você nunca poderia florescer sendo apenas mais um “normal” e socialmente “aceitável”.
É importante que você aprenda a pensar que ser um OUTSIDER (ou lobo solitário, espírito livre) é uma coisa boa, não é uma coisa ruim, senão tem o risco de começarmos a acreditar que tudo está errado conosco, quando, na verdade, estamos simplesmente sendo levados a buscar algo de maior profundidade e significado espiritual.
Para terminar, deixe-me deixar uma citação profunda do professor espiritual Eckhart Tolle para contemplar:
“Ser um estranho, até certo ponto… dificulta a vida, mas também o coloca em vantagem no que diz respeito à iluminação. Tira você da inconsciência quase à força.”
Eckhart Tolle
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