“Nossa jornada de autorrealização é um pouco como o Inferno de Dante. Antes de sair do inferno, devemos caminhar pelas profundezas de nossa escuridão interior. Muitas religiões simbolizam bem essas experiências. Dois exemplos famosos incluem o caso de Jesus que teve que enfrentar Satanás no deserto e o encontro de Buda com Mara (o Satanás budista) antes de seu despertar espiritual”.
(Mateo Sol)
A “Noite Escura da Alma” é um período de nossas vidas em que nossa alma decidiu que é hora de viajarmos para dentro, para que possamos descobrir quais partes de nós que precisam ser curadas, transformadas e/ou liberadas.
A noite escura da alma é um processo de purificação de nossa consciência, em que soltamos tudo aquilo que não é divino em nós, um processo de transformarmos toda a nossa inconsciência em consciência, toda a escuridão em luz, todo o medo em amor.
“Tudo será revelado ao ser exposto a luz, e o que é exposto a luz, torna-se a própria luz“
Apóstolo Paulo
A Noite escura da alma é uma jornada em direção a luz, uma jornada da escuridão para a sua força interior, para a luz que você verdadeiramente é.
O despertar espiritual significa você despertar para sua verdadeira natureza. Porém, para isso, precisamos deixar de lado todos os velhos paradigmas e condicionamentos de quem pensamos que somos (não é um processo necessariamente agradável, e sim muito desafiador!)
Portanto, se você estiver enfrentando a escuridão em sua jornada, lembre-se de que isso é completamente normal, necessário e uma evidência de progresso real.

Embora o despertar espiritual possa ser uma experiência libertadora e possa nos levar a sentimentos profundos de amor e conexão, essa jornada pode nos levar a lugares escuros e dolorosos de nossa psique (traumas passados, memórias e emoções suprimidas, crenças limitantes, etc). Afinal, só podemos ser curados ao reconhecermos primeiramente a origem de nossas feridas.
A noite escura da alma nos força a encarar nosso eu sombrio, que são os aspectos de si mesmo que você reprimiu ou negou.
O eu da sombra contém nossos medos, nossas inseguranças e nossos traumas. É a parte de nós que tentamos manter escondida.
Mas para crescer espiritualmente, devemos encarar nosso eu sombrio e integrá-lo em nossa consciência, porque só assim podemos avançar em nossa jornada espiritual. Sem enfrentar nossa escuridão, não poderemos ver a nossa luz!
“Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz”
Lucas 8:17

O falso eu
“À medida que você cresce, você forma uma imagem mental de quem você é, com base em seu condicionamento pessoal e cultural. Podemos chamar esse eu fantasma de ego. O termo ego significa coisas diferentes para pessoas diferentes, mas quando o uso aqui significa um falso eu, criado pela identificação inconsciente com a mente.”
Eckhart Tolle




Perda da Identidade e Interesses antigos
A noite escura da alma é a fase mais difícil de um despertar espiritual.
É um momento em que tudo o que não está alinhado com o nosso bem maior é retirado, deixando-nos com dúvidas e desespero quando questionamos nossa própria existência.
Como vimos, para alcançarmos um estado mais elevado de consciência, devemos primeiro deixar ir nossos egos. E embora isso possa ser uma experiência profundamente transformadora, também pode ser incrivelmente dolorosa.
À medida que o ego se dissolve, velhos hábitos e formas de pensar desaparecem, deixando os indivíduos se sentindo perdidos e à deriva.
Coisas que antes lhe traziam alegria podem agora parecem um fardo, e você pode se pegar questionando sobre tudo o que acreditava.
Durante o nosso despertar, podemos nos sentir desconectados das pessoas e das coisas ao nosso redor e nos sentirmos solitários ou isolados.
Podemos olhar para a coleção de coisas materiais que acumulamos e perceber que nunca precisamos delas, ou elas nunca foram necessárias para nos fazer felizes.
Podemos nos sentir insatisfeitos em nosso local de trabalho, ou mesmo onde moramos. Podemos sentir o desejo de nos livrar de tudo – nossas posses, nosso trabalho, nossos conhecidos, velhos hábitos, sistemas de crenças – tudo o que antes pensávamos nos definir agora soa vazio.
Essas construções não se alinham mais com nossos princípios e nosso propósito maior. Não temos escolha a não ser abandonar os paradigmas e condicionamentos de quem pensamos que somos e nos render ao desconhecido.
Mas se conseguirmos resistir à tempestade, sairemos do outro lado transformados. Teremos uma compreensão mais clara de nós mesmos e uma conexão mais profunda com o mundo ao nosso redor.
Você se sente sozinho
“A capacidade de estar sozinho é a capacidade de amar. Isso pode parecer paradoxal, mas não é. Essa é uma verdade existencial: somente aquelas pessoas que são capazes de estar sozinhos são capazes de amar, de compartilhar, de ir profundamente ao cuidado da outra pessoa, sem reduzir o outro a uma coisa e sem se tornar viciado ao outro. Eles permitem que o outro seja absolutamente livre, porque eles sabem que se o outro partir, eles serão felizes como são agora. A felicidade deles não pode ser tirada pelo outro, porque não foi dada pelo outro.
OSHO
Às vezes é mencionado que a espiritualidade é uma jornada solitária. Durante as fases iniciais de nossa jornada espiritual, podemos nos sentir muito sozinhos, pois nossa visão de mundo está mudando, temos muitas perguntas e não encontramos muitas pessoas para discutir as coisas.
É importante passar esse tempo sozinho em solidão ou meditação para aprofundar nossa compreensão de nossa verdadeira natureza. Assim que começarmos a aprofundar nossa prática, descobriremos que não estamos tão sozinhos quanto pensamos e que sempre estamos conectados e apoiados pelo Infinito.
As respostas que procurávamos aparecem diante de nós, seja em meditação ou através de um livro ou de qualquer pessoa. O Universo tem seus próprios caminhos.
A importância do trabalho interno
O trabalho interno profundo é o processo de explorar p seu eu interior, mergulhando nos aspectos de sua psique que muitas vezes estão escondidos da percepção consciente.
Esse tipo de trabalho é essencial para o crescimento e a cura, permitindo que nos libertemos de padrões negativos e perspectivas limitantes.
O trabalho interior profundo pode ser difícil, desafiador e às vezes até doloroso, pois envolve enfrentar nossas sombras, o que pode trazer à tona velhos traumas e emoções enterradas. Pode nos forçar a confrontar as partes de nós mesmos que preferimos manter escondidas.
Mas as recompensas do trabalho interior profundo valem os desafios. Por meio desse tipo de exploração, podemos entender melhor a nós mesmos, nossas motivações e nossos comportamentos.
Podemos aprender a aceitar as partes de nós mesmos que antes consideramos falhas. E podemos desenvolver um senso de conexão muito mais profundo – não apenas conosco, mas também com o mundo ao nosso redor
O renascimento
Depois de passar pelos desafios do despertar espiritual e da noite escura da alma, muitas pessoas emergem do outro lado transformadas. Elas têm uma compreensão mais clara de si mesmos e uma conexão mais profunda com o mundo ao seu redor.
Elas ganharam uma visão de suas sombras e aprenderam a aceitar todas as partes de si mesmas. E o mais importante, elas aprenderam a confiar em sua intuição e seguir seu coração.
Infelizmente, temos que atravessar a escuridão para chegarmos na luz. Mas a jornada vale a pena, pois é somente enfrentando nossas sombras que podemos realmente ver a luz.
Devemos estar dispostos a nos livrar da vida que planejamos, para ter a vida que nos espera. A pele velha tem que ser descamada antes que o novo possa vir.
Joseph Campbell
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