Sobre o vício tecnológico atual
Ficar sem um celular ou aparelhos eletrônicos pode acarretar um medo irracional de permanecer isolado e desconectado do mundo virtual. Se, juntamente com esse medo estiverem presentes sintomas como a angústia, ansiedade, sensação de vazio, desespero, estresse, irritabilidade, náuseas, taquicardia, sudorese, tensão muscular, pânico – estamos falando dos sintomas de abstinência de um quadro de Dependência Virtual.
Países como Coréia do Sul, Japão e China já consideram essa dependência um problema de saúde pública. O Brasil já dispõe de clínicas para esse tipo de tratamento e encontra-se no quarto lugar no mundo em número de usuários na Internet, sendo que a população permanece mais tempo no Whatsapp, em seguida vem o Face e Instagram.
Há profissionais da área da saúde mental que defendem a inclusão do Transtorno de Dependência de Internet (TDI) na listagem oficial do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Na Inglaterra, a dependência foi denominada de Nomofobia (o medo de ficar sem o celular e/ou a tecnologia).
Sabemos que o mundo virtual possui uma dimensão empolgante que entusiasma, abre o campo da fantasia, imaginação, possibilidades e oportunidades que, no mundo real, podem ser mais difíceis ou restritas.
Podemos dizer que a internet possibilita a sensação de controle sobre as relações com os outros e um ambiente de estabilidade, ao passo que na vida offline, muitas vezes, isso não é sentido.
Por exemplo, a pessoa pode temer não ser amada caso se mostre da forma como realmente é e na internet se torna mais fácil moldar-se para encantar o outro. Observamos que apesar de preferirem a interação virtual por estarem no controle, os usuários acabam perdendo o controle de si mesmos.
Se a freqüência de acesso ao mundo virtual ocasionar mudança de rotina, negligência com as relações familiares e sociais, perda de prazos no trabalho e demonstração que a vida esta sendo controlada pela conexão com o mundo digital: entendemos que é necessário olhar com atenção, pois tal comportamento esta evidenciando um distanciamento da realidade e uma dependência virtual que poderá necessitar de ajuda profissional para minimizar os prejuízos tanto físicos como psicológicos.
Exemplos de tais prejuízos são: aumento dos batimentos cardíacos, alterações de humor, risco de depressão, ansiedade, traços de autismo, além de comprometimento da postura, lesões por esforço repetitivo (como tendinite), obesidade ou subnutrição (por causa da má alimentação) e deformidade da visão. E, a atenção maior deve recair no monitoramento das crianças e jovens os quais são mais vulneráveis às influências.
Sabemos que a evolução digital favoreceu imensamente nossas vidas pela facilidade de comunicação, resolução de processos, aprendizagem, comunicação, entretenimento, desenvolvimento tecnológico, beneficiando vários setores da vida humana. Mas, havemos de ter cuidado com a dependência na relação com esse novo mundo que se apresenta – a síndrome de abstinência virtual é real.
Whatsapp: Participar de grupo de whatsapp pode ser necessário por se tratar de grupo de trabalho onde é preciso atender as demandas. Contudo, deve-se ficar atento para o grupos de whatsapp, ou pessoas, que enviam mensagens cujos assuntos e temas não revelam urgência, mas ocorre dos participantes, ansiosos, realizarem a leitura e retorno com prontidão. E isso pode ser um transtorno se não soubermos como lidar e podemos incorrer em um uso patológico da internet.
É importante trazer para consciência que, muitas vezes, não é preciso responder uma mensagem assim que ela chega; bem como não é saudável checar as notificações a todo o momento no celular ou outro dispositivo digital, pois tal atitude pode causar ansiedade, tensão e aceleração do comportamento. Não deveríamos adotar o comportamento de ficarmos “à disposição do mundo virtual”, mas sim o mundo virtual “estar à nossa disposição”.
Avançamos muito tecnologicamente e o mundo virtual nos presenteia cada vez mais com imensas facilidades, benefícios e evoluções surpreendentes e, necessitamos aprender a utilizá-lo de forma construtiva, saudável, monitorando o tempo de uso e sendo seletivos aos conteúdos que nos envolvemos, publicamos ou lemos.
Que, como adultos, possamos ser referências para os jovens e crianças quanto à forma de se relacionar como o mundo virtual o qual cresce a olhos vistos.
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