Em uma infância ideal, nossos pais são duas pessoas conscientes e amorosas, que respeitam e honram o ser único que criaram. Porém, a realidade é que vivemos em uma cultura onde a maioria de nós nasce de pais inconscientes.
Pais inconscientes estão repetindo os mesmos hábitos e padrões que aprenderam de seus próprios pais (comportamentos, muitas das vezes, violentos e autocentrados). Eles estão operando a partir de um espaço ferido por causa de suas próprias emoções não processadas.
Basicamente, todos nós acabamos feridos. Todos nós temos uma criança interna e perdida. É a parte de nós mesmos que foi ferida, machucada, negligenciada e que foi e continua trancada e rejeitada nas profundezas de nossa mente subconsciente. Essa é a parte de você que se sente invalidada, carente, insegura…
Todo aquele sofrimento que você vivenciou na infância, a falta de cuidado, a negligência emocional, as experiências assustadoras e humilhantes que você teve, todas as vezes que gritaram com você ou agiram de uma forma acabou te machucando, todos os momentos em que você ansiava por amor e as pessoas não conseguiram perceber isso e te rejeitaram – tudo isso ainda EXISTE e está OPERANTE dentro de você. Essa criança ferida ainda está dentro de você e está implorando por sua atenção adulta consciente.
Você, agora como adulto, tem uma tremenda responsabilidade. Você tem que aprender a se dar o amor, atenção e proteção que você estava desesperadamente tentando obter de seus pais e das outras pessoas a sua volta .
Toda a atenção, o afeto, as necessidades que você não obteve de seus guardiões, que as pessoas a sua volta não conseguiram lhe fornecer naquela época, você tem que aprender a DAR tudo isso a si mesmo! Você tem que tornar-se o pai que você sempre precisou, mas nunca teve.
“Reparenting é o ato de dar a si mesmo o que você não recebeu quando criança” –
Dra. Nicole LePera
Reparenting é um termo da psicoterapia que consiste em você aprender a dar a si mesmo o que não recebeu na infância.
Consiste em você voltar para o estágio, quando você era criança, quando foi injustiçado, maltratado e satisfazer ou fazer a paz com a criança interior escondida em você, atendendo as necessidades da criança.
Quando nos tornamos adultos, achamos que nossa infância acabou, mas na verdade não. Nossa criança permanece viva em nós. Sua percepção e crenças ainda nos influenciam enquanto adultos.
Quando encontramos coisas em nossa infância que foram dolorosas, nós ficamos presas com aquela dor sem resolução, em que não sabíamos o que fazer com ela.
A dor só pode ser curada e assimilada quando estivermos dispostos a voltar a nossa atenção a criança que ficou congelada no tempo. Precisamos ouvir aquela criança e ama-la incondicionalmente. Você precisa providenciar a si mesmo tudo aquilo que você não recebeu dos outros no passado.
O passado não deve ficar no passado, pois o seu passado traumático sempre moldará o seu presente e influenciara no seu futuro.
Algumas perguntas importantes que você pode se fazer para saber se você tem uma criança interior ferida:
- O que você sente que não recebeu quando criança?
- Em me senti seguro e protegido durante a minha infância?
- Eu me senti amado?
- Em me senti pertencente a família?
- Eu fui completamente aceito quando criança? Quais comportamentos e emoções que eu apresentei foram desaprovados por meus pais?
Esse processo é extremamente importante para aqueles de nós que tiveram cuidadores que não conseguiram modelar resiliência, consciência amorosa, maturidade emocional e respeito próprio.
Não estou dizendo aqui que seus pais sejam pessoas terríveis. Eles estavam fazendo o melhor que podiam com o nível de consciência que tinham naquela época.
Eu sei que dói quando você percebe que sua infância não foi exatamente “a ideal”. Mas não é hora de culpá-los. É hora de dar a si mesmo o espaço para curá-los e perdoá-los.
Por isso mesmo, você tem que se “reparentar” – dando a sua criança interior o amor, a aceitação e a confiança que deveria ter recebido quando era mais jovem, mas que por algum motivo não recebeu!
Aprenda a ser o seu próprio cuidador. O amor que seus pais e familiares nunca conseguiram lhe fornecer, você tem que aprender a dar a si mesmo.
Sua criança interior precisa ser vista, reconhecida, protegida e amada.
Exercício/prática: Volte em situações quando você era criança em que você se sentiu indefeso e impotente. Sua criança interior precisa saber que ela é querida, amada e protegida. Seja um bom pai de sua criança interior. Tudo o que a criança está tentando fazer é que reconheçamos a dor que ela sofreu e que abraçamos ela incondicionalmente.
Volte naquelas situações difíceis e proteja sua criança. Siga que ela está segura e que você nunca a abandonará. Permita-se sentir as sensações de medo, vergonha, raiva que aquela criança guardou por tanto tempo. Fique incondicionalmente com esses sensações! Pare de se abandonar como você sempre fez! Você tem que sentir tudo aquilo que você não se permitiu no passado para se curar!
Dicas para iniciar o processo de reparenting:
- Você valida seus sentimentos e emoções em vez de julgá-los;
- Você aprende a ser gentil consigo mesmo;
- Você prioriza sua saúde mental e bem-estar, em vez de se preocupar em agradar a todos;
- Você comemora suas conquistas – mesmo as pequenas;
Perdoe seus pais
Nosso relacionamento com nossos pais determina como confiamos e interagimos com os outros ao longo de nossas vidas. Isso significa que, se você quiser mudar a forma como se comporta em seus relacionamentos íntimos, precisa encontrar a causa raiz de seu comportamento e curar essa ferida.
Nos tendemos a nos comportar de uma maneira automática, sempre repetindo os mesmo padrões de comportamento com nossos pais. Muitos dos padrões de comportamentos que você tem com seus pais se refletem no mundo.
Resolver os nossos relacionamentos com os nossos pais é uma excelente oportunidade de crescimento. A família é ótima para trazer a tona nossos comportamentos inconscientes.
Aceite os seus pais por quem eles são, não os culpe, não importa o que eles tenham feito, aceite total responsabilidade por quem você é agora! Escolha se libertar dessa carga emocional de não-perdão que só te gera sofrimento!
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