Há 2 escolas de pensamentos, duas ideais que parecem ser paradoxais. Uma delas é a do desenvolvimento pessoal, que diz que devemos sempre melhorar quem nós somos, crescer 0,1% todos os dias, de superar nossa mediocridade, de estarmos sempre em direção a nossa melhor versão, de fazermos mais, alcançarmos mais, sermos mais etc.
A outra é a da autoaceitação, que é um dos principais objetivos da espiritualidade e do autoconhecimento – aceitar 100% de quem você é AGORA.
Vamos explorar um pouco mais sobre essas 2 correntes de pensamento:
Desenvolvimento pessoal: É relacionado a melhorar a si mesmo, autoajuda, a como viver no seu potencial, como atingir o sucesso e sair da mediocridade, como conquistar seus sonhos e a vida que você deseja, responsabilidade pessoal, tomar ação, seja melhor amanhã do que você é hoje, faça mais coisas, seja produtivo etc…
O “problema” dessa corrente é que a motivação por trás disso tudo muitas vezes é o autoódio, a resistência a ser quem você é. “Eu não gosto de quem eu sou e por isso vou fazer todas essas coisas para mudar minha vida e para ser outra pessoa“
Você fica paranoico tentando melhorar a si mesmo, tentando tornar-se uma outra pessoa, tentando mudar coisas externas (achando que elas vão resolver seu sentimento de insuficiência que você carrega dentro de si) , achando que “no futuro” está a sua salvação!
Porém, toda a ideia de que você necessita estar em outro lugar e ser alguém diferente da pessoa que você é, é baseada em auto-ódio e resistência a ser quem você é. Quanto mais você se aceita, menos você tenta escapar de si mesmo.
Como Eckhart Tolle explica no seu livro “O poder do Agora”:
“A maior parte do sofrimento humano é desnecessário, ele se forma sozinho, enquanto a mente superficial governa a vida. O sofrimento que sentimos é sempre alguma forma de não aceitação e de resistência ao que é“
Nossa resistência a “o que é” ou “ao que era” (isso também vale a coisas que você ainda está resistindo que ocorreram no passado, que não foram aceitas e perdoadas) que é a fonte do nosso sofrimento.
“Pois o que, senão o passado, pode ser perdoado, e tendo sido perdoado, ele desaparece”
Um curso em milagres
O Osho falo muito bem sobre o perigo do “quer se tornar outra pessoa” no Livro do Ego:
“Todos enfatizam que ela tem de se tornar alguém, caso o contrario terá desperdiçado a sua vida. A questão é exatamente o oposto: o ser humano é um ser. Ele não precisa tornar-se outra pessoa.
Esse é o significado de simplicidade: permanecer a vontade com o próprio ser e não seguir qualquer caminho para tornar-se outra pessoa, que é algo que não tem fim.
Tornar-se é uma doença, enquanto ser é saúde
Naturalmente, se tudo o que cerca em sua vida, desde o início, vive enfatizando ao homem que ele não é quem ele deveria ser, além de lhe oferecer grandes ideais a que ele tem de aspirar e pelos quais tem que se transformar, seu ser nunca sera prestigiado. O que é prestigiado é o seu futuro“
Esse condicionamento constante contra o homem criou nele esta ideia:
“Não sou suficiente como sou, falta alguma coisa. E tenho que estar em outro lugar, não aqui. Este não é o lugar em que deveria estar, eu deveria estar em uma posição mais alta, mais poderosa e dominante e conhecida“
Por isso mesmo, você deve aceitar quem você é agora, 100%, todas as partes, tanto as positivas quanto as negativas, sua situação de vida também. Aceite e ame tudo sobre você. Se você não fizer isso, isso vai te governar o resto da vida, você nunca vai ser livre, pois tudo o que você fizer será em reação a isso. Você te que aceitar para deixar ir.
Prosseguindo aqui, vamos falar um pouco sobre a importância da autoaceitação:
Autoaceitação: Significa aceitar a si mesmo, honrar quem você é, deixar ir qualquer tipo de resistência de ser você, simplesmente ser você e dar a si mesmo amor incondicional, aceitar 100% de quem você é agora, 100% do seu passado e de sua situação de vida atual.
Na definição de autoaceitação do psicólogo da autoestima Nathaniel Branden, no seu livro “The six pillars of self esteem” vemos que:
“A autoaceitação é a recusa em estar em um relacionamento de adversidade consigo mesmo. É a recusa em considerar qualquer parte de nós mesmos, seja nosso corpo, emoções, pensamentos, ações e sonhos como se fossem aliens , como “algo que não fosse eu”.
Nathaniel Branden
Uma coisa importante de ressaltar é que aceitar não significa gostar, curtir, ser passivo e resignado. Muito pelo contrário. Significa você reconhecer a realidade em que você se encontra agora, e a partir desse estado de aceitação, agir. Eu aceito minha realidade e, ao mesmo tempo, tenho a intenção e estou determinado a evoluir a partir daí.
Por exemplo: se eu recuso a aceitar que geralmente eu vivo inconscientemente, como eu posso aprender a viver mais conscientemente? Se eu me recuso a aceitar que vivo de maneira irresponsável, como aprenderei a viver com mais responsabilidade? Se eu me recuso a aceitar que vivo passivamente, como posso aprender a viver mais ativamente?
Ou seja, eu não posso superar um medo na qual na realidade eu nego. Eu não posso mudar traços que insisto que não tenho. Não conseguimos mudar coisas se não aceitarmos, primeiramente, suas realidades.
A aceitação do que é, é a pre-condição para mudar e a negação do que é, faz com que eu permaneça estagnado.
Nathaniel Branden
Porém, o “problema” dessa outra corrente é que pode fazer com que você procrastine e tolere a mediocridade, faz você não querer tomar ação em direção a vida que você deseja pois “Eu me aceito como sou”.
Diante disso, qual dos dois devo fazer? Na verdade, os 2 são um caminho só! Eles andam de mãos dadas.
Comece sempre de um lugar de aceitação, aceitando quem você é e a situação que você se encontra atualmente, de amor por si mesmo, de autocompaixão. A partir disso, tenha uma intenção em direção ao lugar que você deseja ir, e ame cada passo de sua jornada em direção a tal lugar!
“Ame a vida que você tem enquanto cria a vida dos seus sonhos. Não pense que precisa esperar pela última para começar a fazer a primeira.“
Hal Elrod
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