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Não seja um Mendigo, Seja um Imperador! (O Problema da Carência e Escassez)

Tempo de leitura: 7 min

Escrito por Davi Klein
em fevereiro 25, 2021

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O que é a carência? É o afastamento do ser humano dele próprio. A incapacidade de se enxergar por completo, de se conhecer, de se amar.

Quando não sabemos quem somos achamos que algo esta nos faltando, que precisamos de algo fora de nós para nos completar. Quem precisa de alguém para se realizar e acha que os outros são responsáveis por sua própria felicidade é um dependente. Ponto final!

Louise Hay no seu livro “O poder dentro de você” diz o seguinte:

“Existe uma grande diferença entre a necessidade de amor e a carência de amor. Se você se sente carente de amor é porque não está obtendo amor e aprovação da pessoa mais importante que existe para você nesse mundo: você mesmo. Ao se envolver em um relacionamento, você está dependendo de alguém para suprir essa carência, o que não resulta em nada de bom para ambos os envolvidos.”

Tem uma história bem interessante que o Eckhart Tolle conta no seu livro “O poder do agora” que explica o dilema da humanidade: de acreditar que a felicidade se encontra em outro lugar fora de nós – de acreditarmos que somos carentes e incompletos e que necessitamos de algo fora de nós para sermos completos e felizes.

Essa história diz mais ou menos o seguinte:

Por mais de 30 anos um mendigo ficou sentado no mesmo lugar, debaixo de uma marquise. Até que um dia, uma conversa com um estranho mudou sua vida:

-Tem um trocadinho ai pra mim, moco? – murmurou, estendendo mecanicamente seu velho boné.

-Não, não tenho – disse o estranho. – O que tem nesse baú debaixo de você?

-Nada, isso aqui é só uma velha caixa. Já nem sei há quanto tempo sento em cima dela.

-Nunca olhou o que tem dentro? – perguntou o estranho.

-Não – respondeu. – Para quê? Não tem nada aqui não!

-Dá uma olhada dentro – insistiu o estranho, antes de ir embora

O mendigo resolveu então abrir a caixa e mal conseguiu acreditar quando viu que o velho caixote estava cheio de ouro.

É exatamente isso que você tem que fazer – olhar para dentro! Não para dentro de uma caixa mas de você mesmo!

Você pode estar até pensando: “Mas eu não sou um mendigo!” Infelizmente, todos que ainda não encontraram a verdadeira riqueza – a radiante alegria do Ser e uma paz inabalável – são mendigos, mesmo que possuam bens e riqueza material.

Uma pessoa pode ter tudo e, entretanto, sentir um profundo vazio em seu interior.

Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?

Marcos 8:36

Todos nós temos um tesouro divino dentro de nós, mas parecemos esquecer disso e nos tornamos pedintes, mendigos.

Na real que tudo o que você procura está dentro de você! Você é o tesouro mas as pessoas continuam pedindo, como se algo estivesse faltando nelas, como se elas fossem escassas, pequenas e incompletas.

As pessoas andam por ai como se fossem um copo vazio, esperando que outras coisas as preencherão, que outras pessoas as satisfaçam, que objetos substituam o seu ser. Isso é estar preso numa terrível ilusão! O hinduísmo chama isso de maya, o véu da ilusão.

No “livro dos homens” de Osho, tem um capítulo muito legal que ele fala sobre o comportamento do “Mendigo” – explicando sobre o fenômeno da carência ou escassez que atinge a maioria das pessoas no mundo. Ele diz o seguinte:

“Pedir atenção é uma das fraquezas humanas, uma das fragilidades profundamente enraizadas. A razão de se pedir atenção é não se conhecer a si mesmo.

Há aquele que só consegue ver o próprio rosto nos olhos dos outros e só pode encontrar sua personalidade na opinião dos outros. O que os outros dizem importa imensamente. Se vierem a negligencia-lo e ignorá-lo, ele se sentirá perdido.

Se, ao passar por um grupo de pessoas, ninguém lhe der atenção, começara a perder o que juntou, sua personalidade. É algo que ele próprio reuniu. E, embora o indivíduo não tenha descoberto, essa personalidade não é natural. É bastante artificial e arbitrária.

Quase todas as pessoas são mendigas por atenção. E a situação não pode mudar até que o indivíduo descubra seu eu autêntico que, por sua vez, não depende da opinião, da crítica e da indiferença de ninguém, e que não tem nada a ver com quem quer que seja.

Como apenas bem poucas pessoas têm a capacidade de descobrir sua realidade, o mundo inteiro está cheio de mendigos. No fundo, todas as pessoas estão tentando obter atenção, pois a atenção é o alimento para a personalidade.

Após conhecer a si mesmo, o indivíduo não se preocupa com os outros. Mesmo que o mundo inteiro se esqueça dele, não importa, nem sequer faz a menor diferença para ele. Ou o mundo inteiro pode até saber e isso também não lhe dá nenhum ego.

É sabido que o ego é falso e depender do que é falso é fazer casas na areia, sem fundação. Sua personalidade é praticamente uma assinatura na água. O indivíduo nem sequer assinou e ela desaparece. 

O indivíduo é a única pessoa que pode se livrar desse estado de mendicância. Caso contrário vai continuar a ser um mendigo a vida inteira. Aquele que deseja se livrar dessa condição de mendigo vai ter que se livrar do ego e da personalidade.

Vai ter que aprender que não há nada em termos de respeito, não há nada em termos de reputação, não há nada em termos de respeitabilidade. São todas palavras falsas, sem sentido e sem conteúdo. A realidade pertence ao homem, mas se não descobri-la tera que depender dos outros.

O homem é imperador mas terá que descobrir isso por si mesmo. E essa descoberta não é difícil: seu reino está dentro dele. Basta aprender a fechar os olhos e olhar para dentro.

Além disso, é preciso um pouco de disciplina, um pouco de aprendizado para evitar manter o foco no mundo exterior de forma continua e se voltar para dentro, pelo menos uma ou duas vezes ao dia, sempre que achar tempo.

Depois a ideia de atenção simplesmente desaparece. E o milagre é o seguinte: no dia em que não precisar da atenção de ninguém, as pessoas vão começar a sentir o seu carisma, pois o carisma é a irradiação de sua individualidade.

As pessoas começam a sentir que você é alguém especial, único, embora não consigam identificar onde esteja sua singularidade, ou seja, o que as atrai como imã.”

Tem outro texto de Osho chamado “Primeiro fique sozinho” que também transmite o que estou falando de uma forma muito bonita:

Primeiro fique sozinho. Primeiro comece a se divertir sozinho. Primeiro ame a si mesmo. Primeiro seja tão autenticamente feliz que, se ninguém vier, não importa; você está cheio, transbordando.

Se ninguém bater à sua porta, está tudo bem, você não está em falta, você não está esperando por alguém para vir e bater à sua porta, você está em casa. Se alguém vier, bom, belo. Se ninguém vier, também é bom e belo.

Em seguida, você pode passar para um relacionamento. Agora você se move como um mestre, não como um mendigo. Agora você se move como um imperador, não como um mendigo.

E a pessoa que viveu sua solidão será sempre atraída para outra pessoa que também está vivendo sua solidão lindamente, para alguém como ela.

Quando dois mestres se encontram – mestres do seu ser, da sua solidão –, a felicidade não é apenas acrescentada, é multiplicada, torna-se um tremendo fenômeno de celebração.

E eles não exploram um ao outro, eles compartilham. Eles não utilizam o outro. Em vez disso, pelo contrário, ambos tornam-se UM e desfrutam a existência que os rodeia.”

OSHO

Então, a mensagem aqui é a seguinte: Primeiro encha o seu copo. Primeiro aprenda a ficar feliz sozinho.

Somente se você estiver transbordando de amor próprio e tiver aprendido a ser feliz sozinho que você pode realmente amar os outros e usufruir a vida (pois senão você vai passar a sua vida inteira correndo atrás de outras pessoas, novas experiências, sempre querendo “mais”, nunca satisfeito).

Não vá para o mundo sendo um pedinte, um mendigo esperando que outras pessoas te completem. Isso é puro egoísmo! Carência não é amor! Você só ama quando aprende primeiramente a amar a si mesmo!

Não caia na idéia de que você precisa de um relacionamento para ser feliz. Se você constantemente busca companhia então você tem que dar um passo para trás e reavaliar sua vida.

Muitas pessoas definem e limitam suas vidas querendo um relacionamento acima de tudo e então, ao invés de escolherem uma pessoa a partir de um lugar de amor, elas escolhem um relacionamento com base no medo de estarem sozinhas.

Isso é se apaixonar por outra pessoa antes de se apaixonar por si mesmo. Nunca vai funcionar! O amor começa com si mesmo.

Primeiro encha o seu copo!

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