Nesse artigo, vou falar sobre um livro muito interessante, que é um guia para entender a psique masculina e sobre o que é a masculinidade madura e bem desenvolvida, chamado “King, warrior, magician, lover – Rediscovering the archetypes of the mature masculine” do Robert Moore.
Aqui eu vou falar sobre os pontos mais importantes do livro, então me acompanhe até o final! Esse é um livro essencial para o autoconhecimento masculino!
Primeiro, temos que falar sobre um dos pontos centrais do livro, que é sobre a crise da masculinidade, que atualmente enfrentamos uma crise de identidade masculina em largas proporções.
A crise da masculinidade
O autor explica que são duas causas responsáveis por essa crise da masculinidade:
1. Desaparecimento dos Rituais de Iniciação
A primeira é o desaparecimento dos processo e rituais de iniciação das crianças a idade adulta, responsáveis por produzir uma transformação da consciência, pela consolidação da identidade masculina.
Para que a psicologia masculina se manifeste no homem, é necessário ter uma morte (simbólica, psicológica ou espiritual) e isso é uma parte vital do processo de iniciação.
Em termos psicológicos, o ego do garoto deve morrer. A antiga maneira de ser, pensar e sentir devem morrer, antes que o novo homem possa surgir
Em tradições tribais esses rituais de iniciação era, muito utilizados. Atualmente, a maior parte desses rituais foram abandonados ou se tornaram pseudo-iniciações.
E o que acontece com as sociedades que falham e que não utilizam mais esses processos de iniciação?
No caso dos homens, eles acabam falhando em realizar a transição da idade infantil a adulta, e acabam ficando presos a psicologia da criança.
A psicologia da criança (imaturidade) está em todos os lugares ao nosso redor atualmente, e é ela que está “governando o nosso mundo” , sendo muito fácil identificá-la.
Algumas de suas características são: pessoas sendo violentas umas com as outras, passividade, fraqueza, a inabilidade de agir com eficiência e criatividade na vida e a oscilação entre abuso e fraqueza.
2. Patriarcado
O outro fator que contribuiu para a desintegração do masculino é o patriarcado. A sociedade e cultura ocidentais e todo o resto do mundo foi dominada pelo patriarcado.
Na perspectiva dos autores, o patriarcado não é a expressão de um masculino maduro, pois o masculino maduro não é abusivo. O patriarcado é a expressão de um masculino imaturo.
Ele é a expressão da “psicologia das crianças” e não representa o potencial da essência masculina. O patriarcado é baseado no medo, no medo da criança.
O masculino imaturo tem medo da mulher, assim como do homem. As crianças temem as mulheres e também temem os verdadeiros homens.
O mundo em que vivemos é contra o florescimento de indivíduos maduros.
Já percebeu que quanto mais bonitos, competentes e criativos nos tornamos, mais parecemos convidar a hostilidade de outras pessoas?
Quando alguém embarca em qualquer jornada de autodesenvolvimento, é muito comum ser alvo de críticas, de “zoação”. Parece que as pessoas não querem que você deixe de ser um medíocre (que é o estado normal da população).
Estamos realmente sendo atacados por seres humanos imaturos, que estão apavorado com nossos avanços no caminho para o masculino ou feminino plenitude de ser.
Na atual crise da masculinidade, não precisamos, como algumas feministas estão dizendo, de menos poder masculino. Basicamente, o que falta aos homens é uma conexão adequada com energia masculina, com os potenciais da masculinidade madura.
E, como vimos, foi o próprio patriarcado, juntamente com a crítica feminista (que contribuiu para diminuir ainda mais a pouca masculinidade que tinham de si mesmos) que bloquearam os homens com a conexão dos seus potenciais masculinos.
Aliado a isso, a falta de processos de iniciação significativos e transformadores (na qual eles poderiam ter alcançado um senso de masculinidade madura) também contribuiu para a formação do homem imaturo (criança), que é tão abundante nos dias de hoje.
O mundo precisa da masculinidade madura
O que nós precisamos não é reprimir a nossa energia masculina, sentir vergonha dela, ou nos tornarmos ainda mais violentos (exagerando, indo para o outros extremo).
Nós precisamos de mais do masculino maduro e autêntico. Precisamos de mais da psicologia do Homem.
A crítica feminista, quando não é sábia o suficiente, na verdade, fere ainda mais uma masculinidade autêntica que já está fraca.
Nós precisamos desenvolver um senso de calma sobre o poder masculino para que não tenhamos um comportamento dominador e enfraquecedor em relação aos outros.
Pelo fato de ter quase nenhum processo/ritual de iniciação em nossa sociedade capaz de nos impulsionar da psicologia das crianças à psicologia do homem, cada um de nós deve ir por conta própria para as fontes profundas dos potenciais de energia masculina que estão dentro de todos nós.
E existem muitas formas para nos conectarmos a nossa essência (comentarei algumas delas mais adiante).
Os próprios autores desse livro observaram que conforme os homens buscavam suas essências masculinas através da meditação, oração, da imaginação ativa dos Jungianos e entrando mais em contato com os arquétipos masculinos, mais ele amadureciam e saiam da psicologia das crianças.
Eles conseguiram deixar ir seus pensamentos, emoções e padrões de comportamentos danosos aos outros e ficaram mais centrados, fortes, amorosos em relação a si mesmos e aos outros.
Bom, até agora você entendeu a respeito da crise da masculinidade, que é caracterizada por homens imaturos, que ainda estão presos na “psicologia da criança”.
Vamos entender agora sobre o que é e quais são as características e diferenças entre a psicologia das crianças (masculino imaturo) e a psicologia dos homens (masculino maduro)
Psicologia das Crianças vs Psicologia dos Homens
O que um traficante de drogas, o marido que bate na mulher, o membro da gangue, o técnico que deixa seus atletas para baixo, o marido infiel, possuem em comum?
Todos são meninos fingindo ser homens.
Seu tipo de “masculinidade” é uma simulação de masculinidade e o pior é que não percebemos isso. Estamos continuamente confundindo essa masculinidade infantil (os comportamentos controladores, ameaçadores e hostis do homem) como se fossem a verdadeira força, a verdadeira masculinidade.
Na realidade, o que isso demonstra é uma extrema vulnerabilidade e fraqueza subjacentes, a vulnerabilidade do menino ferido.
O fato devastador é que a maioria dos homens estão presos a um nível de desenvolvimento imaturo.
A psicologia das crianças é caracterizada pela luta pelo domínio, e frequentemente machuca a si mesmo e aos outros. É praticamente um sadomasoquista.
A psicologia dos homens é o oposto. É criativa e estimulante (florescente) e não é danosa nem destrutiva.
O homem que está conectado as energias masculinas maduras tem sua personalidade transformada, se tornando um indivíduo calmo, com compaixão, clareza de visão e criatividade.
Os Arquétipos Masculinos Imaturos e Maduros
Dentro de cada homem existem potenciais (impressões), padrões de comportamentos instintivos e naturais, chamados de “arquétipos”, ou imagens primordiais.
Jung e seus sucessores descobriram que a psique de cada pessoa está fundamentada no que eles chamam de “inconsciente coletivo”, feito de padrões instintivos e configurações energéticas provavelmente herdadas geneticamente ao longo das gerações de nossa espécie.
Esses arquétipos fornecem as próprias bases de nossos comportamentos – nossos pensamentos, sentimentos e nossas reações humanas características.
Basicamente são padrões subjacentes que determinam a vida cognitiva e emocional humana.
Os arquétipos são sempre presentes. São constantes e universais em todos nós. Por conta disso, todos seres humanos podem acessar os arquétipos e nós fazemos isso, na verdade, em vários momentos de nossas vidas.
Ou seja, nesse exato momento você pode estar sob a influência de algum arquétipo! E ele pode estar te influenciando de forma positiva ou negativa.
Cada um dos potenciais de energia arquetípica na psique masculina – suas formas maduras e imaturas – possui uma estrutura de 3 partes.
No topo do triângulo temos a potencialidade máxima do arquétipo. Na parte inferior do triangulo temos a forma da “sombra” do arquétipo, quando ele é experiênciado de forma disfuncional.
Exemplo: Alguns meninos parecem mais “maduros” do que outros; isso acontece porque eles estão acessando, inconscientemente, as potencialidades dos arquétipos da infância mais plenamente do que são os outros meninos.
O primeiro arquétipo do masculino imaturo é a Criança Divina. A Criança Precoce e a Criança Edipiana são as próximas: O último estágio da infância é governado pelo Herói.
A Criança Divina, ao ser enriquecida pelas experiências da vida, torna-se o Rei; a criança precoce torna-se o Mago; a criança edipiana torna-se o amante; e a O herói se torna o guerreiro (veja a imagem abaixo)
Uma coisa importantíssima a se falar é que: o homem adulto não perde sua “parte infantil”, ou seja, os arquétipos que formam a base da infância não desaparecem.
São como a fundação de um prédio! Você não começa a construir um prédio pelo topo certo? A base deve estar bem desenvolvida para o seu pleno desenvolvimento.
O homem maduro usa sua “parte infantil” como base para o seu crescimento. Por isso, é importante saber se você realmente teve um pleno desenvolvimento de sua parte infantil!
Essa imagem representa bem o que eu acabei de falar. Vemos a transição da psicologia das crianças (imaturidade) para a psicologia dos homens (maturidade).
Lembre-se que no topo do triangulo está o arquétipo bem desenvolvido e que na sua base se encontra suas formas disfuncionais (sombra ativa – representada pelo simbolo “+” e a sombra passiva – representada pelo símbolo “–“)
Agora que você teve uma visão geral, vamos falar sobre as características específicas de cada um dos arquétipos da infância (psicologia das crianças).
1. A Criança Divina
Para os junguianos, a Criança Divina é a fonte do entusiasmo infantil pela vida. É o arquétipo dentro de nós que produz uma sensação de bem-estar, paz e alegria, bem como gosto pela aventura.
Sempre que você tem aquele sentimento de excitação e desejo de um novo começo, esse é o arquétipo da Criança Divina se mostrando em sua vida.
A Criança Divina nos renova e nos mantém “jovens de coração”.
A Criança Divina é em muitos aspectos indefesa e todo-poderosa. É indefesa pois ainda é uma criança e depende dos adultos para atender às suas necessidades, e todo-poderoso porque consome a atenção das pessoas ao seu redor.
A atenção que ele recebe é mutuamente benéfica: a Criança Divina tem sua necessidade de atenção satisfeita, enquanto enaltece e inspira outros.
Vemos o arquétipo da Criança Divina refletido em várias tradições religiosas e mitos de todo o mundo.
A história cristã de Cristo é um exemplo da criança divina arquetípica. Seu pai é Deus. Ele vem ao mundo como um bebê indefeso, mas as pessoas olham para ele com admiração e esperança de um novo começo. Ele traz paz e ordem à terra.
Histórias semelhantes existem em outras culturas. As histórias de nascimento de figuras como Zoroastro, Moisés, Buda e Krishna apresentam eventos miraculosos ou místicos, que tiveram um impacto gigantesco na terra.
Esses bebês especiais tinham um potencial enorme, mas eram tão vulneráveis quanto qualquer criança.
Se devidamente nutrido, o arquétipo da Criança Divina amadurecerá no arquétipo do Rei. Se negligenciado, a Criança Divina pode se transformar em uma de suas sombras, o Tirano da Cadeira Alta e o Príncipe Fraco.
1.1 Tirano da Cadeira Alta (Sombra Ativa)
O TIrano da Cadeira Alta é como se fosse uma versão sombria do menino Jesus: ele é o centro do universo; outras pessoas existem para satisfazer suas necessidades e desejos; apresenta uma grandiosidade excessiva etc.
O Tirano da Cadeira Alta é a personificação do narcisismo orgulhoso e arrogante.
As características do Tirano da Cadeira Alta incluem arrogância, Infantilidade (no sentido negativo), e irresponsabilidade. Ele não quer levantar um dedo para conseguir as coisas. Ele acha que merece só porque ele merece (sem precisar fazer nada).
O Tirano da Cadeira Alta, que se expressa como a Sombra do arquétipo do Rei, pode continuar a ser uma influência arquetípica dominante na idade adulta.
Por exemplo: O chefe que quer apenas homens que concordem com ele, presidente que não quer ouvir o conselho de seus generais, o diretor da escola que não consegue ouvir as críticas de seus professores – todos são homens possuídos pelo Tirano da Cadeira Alta.
O que o Tirano de Cadeira Alta precisa aprender que ele não é o centro do universo e que o universo não existe para satisfazer todas as suas necessidades limitadas e suas pretensões à divindade
Também vemos o Tirano da Cadeira Alta em nossas vidas quando não esperamos nada além da perfeição de nós mesmos e nos espancamos se não atendermos a essas expectativas auto-impostas e irracionais.
Sabe aquela voz em sua cabeça dizendo que você não é bom o suficiente, que não para de gritar, reclamar? Uma homem sob a influência do Tirano de cadeira alta torna-se o escravo da criança de 2 anos que existe dentro dele.
1.2 O Príncipe Fraco (Sombra Passiva)
O menino (e mais tarde, o homem) que está possuído pelo “Príncipe Fraco” parece ter muito pouca personalidade, nenhum entusiasmo pela vida e muita pouca iniciativa.
Este é o menino que precisa ser mimado. Que dita àqueles ao seu redor por meio de seu silêncio, por sua lamentação e por sua queixa de impotência.
Ele precisa ser carregado em um travesseiro. Tudo é demais para ele!
Ele raramente participa de jogos infantis, tem poucos amigos e não vai bem na escola.
Ele desempenha o papel de vítima constantemente e quando surgem desafios ou problemas, nunca é culpa do Príncipe Fraco.
O arquétipo do Príncipe Fraco pode influenciar um homem até a maturidade. Normalmente assume a forma do “Mr.Nice Guy”.
Um homem que permite que o arquétipo do Príncipe Frágil governe sua vida é apático e desmotivado.
Não toma iniciativa e fica chateado quando outros não atendem às suas expectativas. Ele é o príncipe da agressão passiva!
1.3 Acessando a Criança Divina
Integrar a Criança Divina em sua vida como homem garante que mesmo quando você envelheça, você ainda permaneça jovem no coração; esse arquétipo mantém a sensação de vida nova, inspira você com uma visão de suas possibilidades, alimenta sua criatividade e estimula você à aventura.
O homem que não retém algo da Divina Criança perde de vista seu grande potencial e se contenta em ser apenas medíocre.
A integração bem-sucedida do arquétipo da Criança Divina envolve reter uma lembrança de suas possibilidades divinas, enquanto, ao mesmo tempo, ter a humildade de perceber que você é apenas humano, afinal.
Comece a se perguntar em que áreas de sua vida e como você está manifestando o aspecto da sombra desse arquétipo. Além disso, comece a honrar a criança divina em si.
Pergunte a si mesmo como você está bloqueando a criança divina de se expressar em sua vida. Tome consciência de tais impedimentos!
2. A Criança Precoce
O próximo arquétipo de infância a se desenvolver é a Criança Precoce. Se for devidamente nutrida, a Criança Precoce se desenvolve no arquétipo masculino maduro do Mago.
O arquétipo da Criança Precoce se mostra quando um menino está ansioso para aprender sobre o mundo ao seu redor, quando sua mente é acelerada, quando ele quer compartilhar o que está aprendendo com outras pessoas.
Há um brilho em seus olhos e uma energia corporal e mental que mostra que ele está se aventurando no mundo das ideias. Este menino (e mais tarde, o homem) quer saber o “porquê” de tudo
Sabe quando seu filho faz todas aquelas perguntas irritantes de “Por que?” – Por que o céu é azul? Por que o sol está forte? Por que as coisas morrem? – É ai que vemos a Criança Precoce se manifestando.
Ele quer saber o “como “, “o que.” e o “onde” das coisas.
Muitas vezes, esse menino também é talentoso em uma ou mais áreas: ele pode ser capaz de desenhar e pintar bem ou tocar um instrumento musical com proficiência. Ele também pode ser bom em esportes.
A Criança Precoce é a fonte das chamadas crianças prodígios.
A Criança Precoce é a origem de nossa curiosidade e de nossos impulsos aventureiros. Ela nos leva a ser exploradores e pioneiros do desconhecido, o estranho e o misterioso.
Ela nos faz pensar no mundo ao nosso redor e no mundo dentro de nós.
Um menino para quem a criança precoce é uma influência poderosa quer saber sobre as pessoas. Ele quer saber por que as pessoas agem da maneira que eles agem, e por que elas tem os sentimentos que tem.
Ele tende a ser introvertido e reflexivo, e ele é capaz de ver as conexões ocultas nas coisas
Apesar de ser introvertido e reflexivo, ele também é extrovertido e estende a mão ansiosamente a outros para compartilhar suas ideia e talentos com eles.
Ele muitas vezes sente um forte desejo de ajudar os outros com seu conhecimento e seus amigos muitas vezes vêm a ele para obter sua ajuda.
A criança precoce em um homem mantém seu sentido de admiração e curiosidade viva, estimula seu intelecto e o move na direção do mago maduro.
Quando não desenvolvida adequadamente, a criança precoce transforma-se em uma de suas sombras: O sabe tudo trapaceiro (malandro) ou o Boneco (manequim)
2.1 O Sabe Tudo Trapaceiro ou Malandro (Sombra Ativa)
O sabe tudo trapaceiro é, como o nome indica. aquela energia masculina imatura que prega peças, de natureza mais ou menos séria, na própria vida e na de outras pessoas.
Ele é especialista em criar máscaras. Ele seduz as pessoas a acreditarem e confiarem nele e então puxa o tapete debaixo delas, ele trai a todos e depois ri de suas misérias.
Ele está sempre procurando um “otário” para sugar. Ele é o brincalhão, perito em fazer outros de idiotas. Ele é um manipulador.
Ele gosta de intimidar os outros. O menino ou homem sob o poder desse arquétipo faz muitos inimigos. Ele é verbalmente abusivo aos outros, a quem ele considera como seus inferiores.
Ele frequentemente domina as conversas, transformando discussões amigáveis em palestras e argumentações. Ele deprecia quem não sabe o que ele conhece ou quando outros possuem opiniões que diferem da sua.
Também é irresponsável. Ele quer fazer apenas o suficiente para destruir as coisas e vida dos outros, mas não quer assumir as responsabilidades da pessoa a quem destruiu e nem por sua própria vida.
Ele adora destruir coisas, mas não constrói a si mesmo.
Sua energia vem da inveja. Quanto menos um homem estiver em contato com seus verdadeiros talentos e habilidades, mais ele terá inveja dos outros.
O Malandro perdeu o contato com sua Criança Divina, por isso tenta compensar seu senso de inadequação e inferioridade com essa fachada de “superior”, “melhor que todos”, tentando a todo custo destruir as outras pessoas.
O que ele precisa fazer, então, é entrar em contato com seu próprio potencial, sua própria beleza e criatividade. A inveja bloqueia a criatividade!
2.2 O Boneco – Manequim (Sombra Passiva)
A pessoa sob a influência desse arquétipo tem uma personalidade fraca, pouco vigor e criatividade. Ela parece indiferente e passiva.
Ela é frequentemente rotulada de um aluno que aprende de forma lenta. Além disso, parece não ter senso de humor e não entende piadas. É uma pessoa muito ingênua.
Ela parece ser fisicamente incapaz também, pois possui pouca coordenação motora.
Também tende a ser desonesto. Ele pode compreender muito mais do que mostra aos outros.
2.3 Acessando a Criança Precoce
Um homem que integrou com sucesso o arquétipo da Criança Precoce mantém sua curiosidade sobre o mundo e se dedica à aprendizagem ao longo da vida.
Ele se permite contemplar os mistérios da vida e busca sempre um conhecimento maior. Mas ele não usa o acúmulo desse conhecimento para se sentir superior aos outros, nem para manipulá-los e enganá-los.
Em vez disso, ele se dedica a compartilhar suas ideias e ajudar os outros!
3. A Criança Edipiana
Todas as energias masculinas imaturas estão excessivamente ligadas. um jeito ou outro, a mãe, e são deficientes em sua experiência de nutrir e amadurecer o masculino.
Embora o menino para quem a Criança Edipiana seja uma poderosa influência arquetípica possa ser deficiente em sua experiência do masculino, ele é capaz de acessar as qualidades positivas do arquétipo.
Ele é apaixonado e tem um senso de admiração e uma profunda apreciação pela conexão com suas profundezas interiores, com os outros e com todas as coisas.
Ele é espiritualizado e possui um senso de comunhão mística com todas as coisas.
Moore afirma que o anseio de um menino pela “mãe nutridora, infinitamente boa e infinitamente bela” está na raiz deste arquétipo.
Mas esse desejo não é pela mãe real de um menino, mas sim pela energia feminina da “Grande Mãe” – a Deusa (o que os gregos chamam de Eros) em suas muitas formas nos mitos e lendas de muitos povos e culturas.
A maneira como penso sobre o arquétipo da Criança Edipiana é relacioná-lo com a filosofia do período romântico.
Os românticos exploraram sua vida interior, celebrando o poder da imaginação e da intuição, buscando sentir e experimentar a vida profundamente e exaltando as virtudes da paixão e da liberdade de expressão.
Eles procuraram se conectar com a energia que emanava da Mãe Natureza.
No centro desse arquétipo está o desejo de conexão – uma conexão consigo mesmo, com as forças mais profundas da vida, com a natureza e com outras pessoas.
Desta forma, o arquétipo da Criança Edipiana contém as sementes da espiritualidade de um homem.
As sombras disfuncionais desse arquétipo são: O menino da mamãe e o sonhador.
3.1 O Menino da Mamãe (Sombra Ativa)
O arquétipo do menino da mamãe está muito conectado com sua mãe. Jung argumentaria que esse arquétipo da sombra assume o controle quando não há um pai ou apenas um pai fraco em casa.
O termo complexo de Édipo vem de Freud, que viu na lenda do rei grego Édipo um relato mitológico desta forma de energia masculina imatura.
A sombra do menino da mamãe se manifesta de várias maneiras. O mais óbvio é o menino (ou homem) que está “amarrado aos cordões do avental da mamãe”.
Ele nunca quer ofender, magoar ou preocupar sua mãe. Ele vive para agradar a querida mamãe, mesmo que isso signifique colocar os desejos dela acima dos dele. Nada lhe dá mais satisfação do que ouvir sua mãe dizer: “Esse é um bom menino.”
O menino da mamãe frequentemente é pego em perseguir o belo, o comovente. Ele tenta realizar seu anseio de união com a Mãe Divina, indo e de uma mulher para outra (perseguindo e correndo atrás de mulheres).
Porém, ele nunca pode ficar satisfeito com um mulher mortal, porque o que ele está procurando é a Deusa imortal.
Aqui nos temos a síndrome do Don Juan. Ele quer experimentar todas mulheres, ou melhor, que experimentar a união com a Deusa Mãe em sua infinidade de formas femininas. Ele está procurando experimentar, com isso, sua masculinidade, seu poder fálico.
Então, um homem sob a influência do arquétipo do menino da mamãe passa sua vida indo de um relacionamento fracassado para outro ou passa incontáveis horas por semana vendo pornografia e se masturbando, na esperança de encontrar uma mulher que satisfaça suas necessidades.
Assim como todas as energias imaturas, ele não quer assumir responsabilidades. Ele faz não está disposto a fazer o que for preciso para realmente ter uma união com um mulher e lidar com todos os sentimentos complexos envolvidos em um relacionamento íntimo.
3.2 O Sonhador (Sombra Passiva)
Enquanto o arquétipo positivo da Criança Edipiana alimenta a espiritualidade de um menino, o sonhador leva esse desejo ao outro extremo.
O sonhador se isola dos relacionamentos humanos porque prefere ficar sozinho com seus pensamentos.
Embora certamente não haja nada de errado com a introspecção e a solitude, o menino sob a influência da sombra do sonhador muitas vezes tem a cabeça nas nuvens e se afasta da realidade.
Ele passa muito tempo sonhando, e não o suficiente para aprender como se relacionar com outras pessoas e, assim, desenvolver as habilidades sociais necessárias para realizar seus sonhos. Ele é contraído e desconectado.
3.3 Acessando a Criança Edipiana
Um homem que integrou com sucesso a Criança Edipiana à sua psique compreende sua parte gentil, de como ser um cavalheiro.
Ele pode ser caloroso, até mesmo “doce” com os outros e pode ser introspectivo e espiritual enquanto permanece firme no seu centro, com seus pés firmes no chão.
Ele não tem medo de explorar a energia “feminina”, mas também não é dominado por ela. Ele ama sua mãe e aprendeu muito com ela, mas ele é decididamente dono de si.
4. O Herói
Há muita confusão sobre o arquétipo do herói, e geralmente se assume que é caracterizado por ser uma abordagem heroica da vida, ou para uma tarefa, mas isso é apenas parcialmente verdadeiro.
O herói é, de fato, apenas uma forma, uma forma avançada da psicologia das crianças – a forma mais avançada, o pico, na verdade, das energias masculinas do menino.
Lembra daquela sensação de expansão da independência? Aos poucos, você começou a contar cada vez menos com seus pais para suas necessidades básicas. Você clamou por mais liberdade, para que seus pais o deixassem em paz.
Os principais objetivos do Herói são ganhar sua independência pessoal, se libertar da influência feminina de sua mãe e entrar totalmente na idade adulta.
O Herói permite que o menino comece a se afirmar e se definir como algo distinto dos outros.
Como acontece com os outros arquétipos masculinos imaturos, o herói está excessivamente ligado à mãe. Mas o herói tem uma necessidade motriz de superá-la. Ele está travando um combate mortal contra o feminino, lutando para conquistá-lo e afirmar sua masculinidade.
No entanto, ainda é imaturo e quando ele é transportado para a idade adulta como o arquétipo governante, ele bloqueia os homens de atingirem a plena maturidade.
Ao contrário de seu forma madura de Guerreiro, que luta por uma causa maior do que si mesmo, o Herói imaturo luta principalmente por si mesmo, por interesse próprio (não por algo maior que si).
Além disso, o guerreiro maduro conhece suas limitações. Já o Herói não tem esse tipo de autoconsciência, o que muitas vezes resulta em sua ruína física ou emocional.
Segundo Moore, essa transformação de menino em homem só pode ocorrer por meio da “morte” do Herói.
Como já vimos, isso ocorria por meio das iniciação e rituais de passagem, em que o menino era morto simbolicamente para renascer como homem, como um adulto maduro. Porém, como essas iniciações estão em falta nos dias de hoje, muitos homens ficam presos a imaturidade
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4.1 O Bully (Sombra Ativa)
O menino (ou homem) sob o poder do Bully tenta impressionar os outros a todo o custo. Suas estratégias são projetadas para proclamar sua superioridade e seu direito de dominar aqueles ao seu redor.
Ele tem um senso inflado de sua própria importância e de suas próprias habilidade.
Ele reivindica o centro do palco como se fosse seu direito de nascença e se alguma vez suas reivindicações de status especial forem contestadas, ele fica totalmente enfurecido.
Estes ataques contra outras pessoas têm como objetivo evitar o reconhecimento de sua covardia subjacente e de sua profunda insegurança.
Ele permitiu que o senso de invulnerabilidade do Herói se transformasse em um senso de identidade arrogante e inflada.
Assim, o menino sob a sombra do Bully corre riscos desnecessários e tolos, e sua arrogância muitas vezes leva à sua própria destruição.
Porém, por trás dessa postura e comportamento do Bully, existe uma pessoa covarde e insegura, e o Bully tenta lutar para manter esse fato escondido de todos os outros.
Essa insegurança torna o Bully sensível a qualquer insinuação de que ele não é homem o suficiente, e por isso ele não tem confiança para incorporar qualquer energia “feminina” em sua vida.
Este é o tipo de homem que zomba da meditação ou introspecção como se fosse algo para “maricas”.
4.2 O Covarde (Sombra Passiva)
O Menino possuído pelo Covarde mostra uma extrema relutância em se defender de confrontações físicas. E não só de confrontações físicas, mas também de psicológicas. Ele permite ser intimidado emocionalmente e intelectualmente por outras pessoas.
Quando outra pessoa é exigente ou enérgica com ele, o menino sob o poder do covarde é incapaz de se sentir heroico sobre si mesmo. Ele é facilmente influenciado pela pressão de outros, se sentindo invadido e atropelado, sem nenhum poder pessoal.
Sem a coragem do Herói, o menino sob essa sombra evita o confronto a todo o custo. Ele é um conformista – que sempre acompanha a multidão e faz o que os outros lhe dizem para fazer.
4.3 Acessando o Herói
A nossa época não quer heróis. Vivemos na era da inveja, na qual a preguiça e a mediocridade são a regra.
Qualquer um que tenta brilhar, que se atreve a ficar acima da multidão, é arrastado de volta para baixo por outras pessoas sem brilho e invejosas.
Pessoas em posições de autoridade, amigos, família, atacam, consciente ou inconscientemente, o “brilho” do Herói nos homens.
Precisamos de um grande renascimento do heroico em nosso mundo. A sociedade humana, onde quer que seja no planeta, parece estar caindo em um caos inconsciente e somente a consciência heroica pode solucionar isso.
Um renascimento da coragem, tanto em homens quanto em mulheres é necessário para salvar o mundo.
As energias do herói são responsáveis por invocar as reservas masculinas do menino, que serão refinadas conforme ele amadurece, a fim de estabelecer a sua independência e competência.
Só assim ele será capaz de experimentar suas próprias habilidades e enfrentar as forças difíceis, até hostis, do mundo.
Qual é o fim do herói? Quase universalmente, na lenda e mito, ele “morre”. Ele é transformado em um deus e trazido para o céu.
A “morte” do herói é a “morte” da infância, da psicologia do menino. É o nascimento da masculinidade e da psicologia do homem. A morte do herói na vida de um menino (ou de um homem) realmente significa que ele finalmente encontrou suas limitações.
Ele encontrou o inimigo, e o inimigo é ele mesmo. Ele encontrou seu próprio lado sombrio, seu lado nada heroico.
A “morte” do herói sinaliza o encontro do um menino ou homem com a verdadeira humildade. É o fim de sua consciência heroica e o surgimento do guerreiro, a versão matura do arquétipo.
A verdadeira humildade consiste em duas coisas. A primeiro é conhecer suas limitações. E a segunda é conseguir a ajuda de que precisamos.
Se acessarmos a energia do herói de forma adequada, vamos nos esforçar a vencer nossas limitações, nossa vida será uma aventura, estaremos dispostos a correr riscos para atingir nossos objetivos! Porém, sempre com humildade, nunca achando que somos “superiores” ou “semideuses”.
A transição da criança para o adulto
É extremamente difícil para um ser humano desenvolver todo o seu potencial. A psicologia do homem talvez sempre tenha sido um coisa rara em nosso planeta. É uma coisa rara nos dias de hoje.
A luta com o infantil dentro de nós exerce uma forte atração “gravitacional” contra a realização de todo esse potencial adulto.
No entanto, nós precisa lutar contra a gravidade à força de trabalho duro.
Não queremos demolir as pirâmides da infância, pois elas foram e sempre serão geradoras de poder e portas de entrada para recursos energéticos de nosso passado primordial.
Existem várias técnicas que podemos usar nesta construção, todas elas são disciplinas e métodos importantes para o difícil processo de transformar meninos em homens:
- Análise de sonhos
- Meditação
- Oração
- Processo de ritual mágico com um ancião espiritual
- Outras formas de práticas espirituais
As quatro formas principais das energias masculinas maduras que identificamos são o Rei, o Guerreiro, o Mago e o Amante.
Todos eles se sobrepõem e, idealmente, enriquecem um ao outro. Um bom rei é sempre também um bom guerreiro, um mágico e um amante. E o mesmo vale para o outros três.
As energias dos meninos também se sobrepõem e se complementam, como vimos.
Resumindo: Precisamos construir, tijolo por tijolo, nossas bases em direção ao objetivo da masculinidade madura.
O que costumava ser feito para nós por estruturas institucionais e por meio de processos rituais, agora temos que fazer dentro de nós mesmos, muitas vezes por conta própria.
Espero que eu tenha agregado valor a você! Não deixe de comentar aqui em baixo seus principais aprendizados e qual desses arquétipos você mais se identifica!
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